Ter ou não ter feriados
Continuam as negociações sobre a redução de feriados, civis e religiosos, a
implementar a partir deste ano civil. Ou talvez do próximo, já que a Igreja
Católica avisou o Governo de que poderá já não haver tempo útil para alterar o
calendário de festividades litúrgicas definido para este ano de 2012.
Gosto tanto de um feriado como outra pessoa qualquer. E nem me passa pela
cabeça tomar posição nessa controvérsia do aumento (ou não) da produtividade
através da extinção dos feriados. O que realmente me deixa perplexa é o
critério utilizado para escolher os feriados a extinguir.
Os feriados religiosos são da responsabilidade da Igreja. Os feriados civis
são da responsabilidade do governo e resultam da necessidade de festejar alguma
coisa que é importante para a comunidade. E o governo optou pelo 5 de Outubro,
que assinala a implantação da República, e o 1.º de Dezembro, que celebra a
Restauração da Independência de Portugal. Terá tirado à sorte? O 5 de Outubro,
tal como o 25 de Abril, festejam mudanças de regime, do regime monárquico para
o republicano, da ditadura para a democracia. Datas significativas, sem dúvida.
O 10 de Junho foi um feriado criado no Estado Novo, para exaltar a Pátria, a
Raça e o Império. Associaram-lhe Camões e tornou-se o dia de Portugal e das
Comunidades Portuguesas. Mas nenhum destes feriados existiria sem a
independência do país. Sem o movimento dos Conjurados que, em 1 de Dezembro de
1640, toma o poder e luta, durante vinte e oito anos, pela independência de
Portugal e pela recuperação dos territórios sem os quais o país não seria economicamente
viável, não haveria Portugal. Sem esse acontecimento refundador da nação, não
haveria ocasião para festejar nenhum dos outros feriados. Talvez muitos não se
importem. A mim, parece-me absurdo acabar com o feriado do 1.º de Dezembro.
Espero que o país não se apague, juntamente com a data!
(Obelisco comemorativo da Restauração da Independência, no Largo dos Restauradores, em Lisboa - imagem da net)
Nos civis, acabava com a 3ª feira de Carnaval, por uma vez!
ResponderEliminarLocalidades como a Mealhada, por exemplo, até podiam fazer Feriado Municipal.
Abolia DEFINITIVAMENTE o 5 de Outubro, pois começar uma república com o assassinato cobarde do Rei não é para ser comemorado.
Concordo inteiramente com a continuação do 1º de Dezembro. As suas observações, Teresa, estão correctíssimas.
Um beijo.
Olá João
EliminarTambém acho que o feriado do Carnaval podia ser Municipal. As coisas têm é de ser definidas com antecedência.
Bjs
Estes governantes sabem lá alguma coisa de história ou das tradições portuguesas! Parece que só entendem a linguagem dos número. E mal... :P
ResponderEliminarBeijocas!
Os números servem para algumas coisas, mas lidam mal com as emoções.
EliminarBjs
Se me perguntarem, sempre direi ser católico, mas quase apenas pela educação que tive, infelizmente não pelas "grandes convicções" religiosas que me assaltem. Não é pois essa razão que sustenta a minha opinião contudo, parece-me de sublinhar a forma mais séria e empenhada como a Igreja pondera sobre os feriados religiosos que poderão e como poderão ser eliminados ou diferidos para os fim-de-semana seguinte...
ResponderEliminarA política não é menos idosa que a religião, mas os sinais de maturidade são obviamente diferentes...
Sim, parece-me que a Igreja Católica está a lidar com esta questão da redução dos feriados com uma ponderação superior à do governo.
EliminarConcordo com a tua opinião e a do João Meneres!
ResponderEliminarxx
Teresa
ResponderEliminarEu penso que este ânimo leve para " rasgar" páginas da nossa História, não importa muito ao Governo! O "SER" já nada lhes diz e o importante é o "TER" e ficar muito bem comportadinhos na foto da Troika!! Portugal...é um exemplo!! Olha que bem...e o povo a morrer de fome!! Não seria muito mais importante estudar o modo de minimizar toda esta tragédia, com medidas suaves e humanas? Feriado para cá, feriado para lá---sem dúvida, Teresa, a eliminação foi tirada à sorte!! Não é à sorte que anda este país???
Beijocas
Graça
Amiga Teresa:
ResponderEliminarAcho sinceramente um desperdício de tempo, perderem tempo com estas questões quando a nossa realidade precisa é de acções.
Também estou de acordo consigo pela dualidade de critérios na escolha dos feriados.
beijinhos
Ou muito me engano, ou este ano ainda vamos ficar sem os dois civis, mas continuaremos a respeitar os dois religiosos. Falta pouco tempo para sabermos a resposta.
ResponderEliminarEu não concordo com a abolição dos feriados civis, pois todos eles são marcos de importantes acontecimentos da História de Portugal.
ResponderEliminarO dia de Carnaval não é um feriado, é um dia que costuma ter tolerância de ponto e nada mais; não discordo que que deixe de haver, mas com programação a tempo e a possibilidade de ser o feriado municipal nos locais em que o Carnaval é importante.
Já quanto aos feriados católicos, concordo em absoluto com a extinção do Corpo de Deus e do 15 de Agosto.
Não é por haver menos dois ou três dias de trabalho no ano que a produtividade cresce muito; sou é a favor da extinção das pontes.