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A mostrar mensagens de 2009

Resolução de Ano Novo

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J á o disse antes, final do ano é tempo de balanço.  Este ano, iniciei dois blogues, que me têm dado muito prazer, pela interacção, pela partilha. Mas, não há dúvida, têm-me tirado algum do pouco tempo livre que tenho disponível para outra actividade que me é querida, a Leitura. Ler é também viajar, entrar noutros mundos, conhecer pessoas e locais, viver aventuras alegres ou sombrias. Acima de tudo, para mim, a leitura é um espaço de recolhimento e reflexão que me faz muita falta. Porque gosto dos autores lusófonos contemporâneos, tenho tentado conciliar essas leituras com o blogue, publicando aqui algumas resenhas e, principalmente, impressões pessoais. Agora, fiz uma resolução para o novo ano. Algum visitante mais atento talvez tenha já reparado na lista que coloquei na barra lateral do blogue. Vou apontar aqui os livros que for lendo ao longo do ano. Para já, o objectivo é ler 24 livros, o que significa dois livros por mês. Não é um objectivo ambicioso, mas é exequível. E é um

Um triste balanço

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O final do ano é, tradicionalmente, a altura de fazer balanços. Pensamos sobre o que correu bem ou mal, procuramos explicações, fazemos novas resoluções. Isto é válido para nós, individualmente, mas também enquanto membros de uma sociedade. Como mulher, custa-me particularmente o balanço anual sobre a evolução da violência doméstica em Portugal. É difícil dizer se a situação, em Portugal, tem evoluído no sentido positivo ou não, porque há um número crescente de queixas, que nos leva a pensar que muitas situações que ficariam ocultas, são agora denunciadas. Em Portugal há mais de 20 mil queixas por ano, registando as forças policiais uma média de 2.312 queixas mensais (dados do Relatório Anual de Segurança Interna de 2008). É mais do que antes? É menos? Seja como for, é muito. Especialmente se pensarmos que, em média, e segundo um estudo norte-americano, as mulheres só denunciam a situação de violência após 35 incidentes. Porquê? A presidente da Associação Portuguesa de Mulheres J

Dia Mundial da Poesia?

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Pronto, lá passou mais um Natal. E, depois daquela azáfama toda dos últimos dias, hoje só me apetece sossego. Arrumar as prendas e os lacinhos, aproveitar um ou outro saco de Natal, comer sopa (o meu estômago resiste a qualquer outra sugestão, depois dos excessos dos últimos dias!), são as actividades do dia. Talvez porque gosto muito de poesia, decidi procurar na minha agenda escolar a data que enaltece esta forma superior de expressão. Para minha surpresa, não encontrei o que procurava. Há Dias Mundiais para tudo, desde a Liberdade às Zonas Húmidas, passando pelo Turismo e pelos Castelos, pelo Índio e pelas Florestas. Encontrei um Dia Mundial do Relógio de Sol, que me encantou. Até encontrei um Dia Mundial da Normalização, o que me afligiu bastante, já que eu acho que as nossas diferenças é que nos tornam interessantes. Mas, Dia Mundial da Poesia, para a Editora da minha Agenda Escolar, não existe. Felizmente, existe a Internet. Uma busca rápida informou-me que o Dia Mundial da Poe

Votos de Natal

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NESTE NATAL EU GOSTARIA Que as VERDADEIRAS AMIZADES continuem eternas e tenham sempre um lugar especial nos nossos corações. Que as lágrimas sejam poucas e compartilhadas. Que as alegrias estejam sempre presentes e sejam festejadas por todos. Que o CARINHO esteja presente num simples olá, ou em qualquer outra frase, ou digitada rapidamente. Que os CORAÇÕES estejam sempre abertos para novas amizades, novos amores, novas conquistas. Que as coisas pequenas como a inveja ou o desamor, sejam retiradas de nossa vida. Que aquele que necessite ajuda, encontre sempre em nós uma animadora palavra amiga. Que a VERDADE sempre esteja acima de tudo. Que o PERDÃO e a compreensão, superem as amarguras e as desavenças. Que este nosso pequeno MUNDO VIRTUAL seja cada vez mais humano. Que tudo o que SONHAMOS se transforme em realidade. Que o AMOR pelo próximo seja nossa meta absoluta. Que nossa JORNADA de hoje e de sempre, esteja repleta de flores, paz e amor.    (1.º Postal de Natal conhecido - Ingla

Solstício de Inverno

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O Inverno chegou hoje. E chegou com o cortejo completo, frio, chuva e neve. Para mim, que sou uma pessoa solar, custa-me um bocadinho, mas consola-me a ideia de que este é o solstício de inverno, isto é, hoje é o dia mais pequeno do ano, no hemisfério Norte. Daqui para a frente, os dias vão recomeçar a aumentar, devagarinho, quase sem darmos conta, entorpecidos que estamos pelas geadas de Janeiro. Lá diz o provérbio: Quem em Janeiro bem contar, mais uma hora há-de encontrar. (provérbio popular) O que vale é que Alcochete continua lindo! (Fotografia de Fernando Ferreira)

Pai Natal ou Mãe Natal?

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Outro dia, encontrei num blogue amigo, o Blogue do Óbvio , um texto que achei engraçado. E, à medida que os dias passam, e a azáfama do Natal acelera, vou-me lembrando desse texto cada vez mais. Vejo as minhas colegas e amigas aflitas com as prendas que ainda têm de comprar, as ementas para a Ceia de Natal que ainda têm de organizar, os telefonemas e visitas que têm de fazer, as pessoas de família que não podem esquecer. E penso que, se calhar, a Marta Medeiros (jornalista e poetisa brasileira) tem alguma razão: em vez do velhinho de barbas, não andarão por aí muitas Mães Natal, disfarçadas de mulheres comuns? Sabe por que Papai Noel não existe? Porque é homem. Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias? Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor? Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conh

Desafio de Natal

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Este é um desafio de Natal proposto pelas minhas queridas amigas Fátima e Isabel, do blog Escrita Criativa . A ideia é continuar a história do Pai Natal e da sua rena Alfred. Cada um pode continuá-la no seu blog, desde que informe e ponha o link do blog Escrita Criativa, ou enviar a continuação da história directamente para o mail desse blog. O desafio mantém-se durante as férias do Natal. Local: Pólo Norte. Casa do Pai Natal. Reina grande azáfama e confusão. Todos os duendes correm em histérica harmonia… cada um sabe exactamente o que tem de fazer. O velho Nicolau dá as últimas indicações… aproxima-se a ordem da partida! Repentinamente, aquilo que parecia impossível aconteceu MESMO!!! Rudolph constipou-se… muito frio! O GPS AVARIOU!!! - Socorro!!!- grita o velhinho, de cabeça perdida…- Há centenas de anos que ando nisto e nunca tal me aconteceu! - E agora? Como vou levar as prendas aos meninos de todo o mundo? Estão todos à minha espera! O Pai Natal decide arri

Quentes e boas!

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E sta época do ano traz consigo uma coisa fantástica: os carrinhos de venda de castanhas assadas! Eu gosto muito de castanhas: nos assados de borrego, ou de perú, estufadas com cogumelos, cozidas com erva-doce, ou simplesmente assadas, com uma nozinha de manteiga. Pronto, eu sei que tudo isto engorda imenso, mas desde que sem exageros, sabem deliciosamente. Mas não há castanhas que saibam tão bem como as que se compram na rua. Às vezes, estão tão quentes que nos queimam as mãos, ao descascá-las. Mas aquecem-nos as mãos e a alma. Aquele fumo que sai dos assadores não cheira apenas a castanhas assadas: cheira a manhãs enevoadas e tardes frias; cheira a casacos compridos e cachecóis de lã; cheira a lareiras acesas, a pinheiros e luzes de Natal, a chapéus de chuva e chocolate quente. Cheira a Inverno. Este ano, os vendedores de castanhas introduziram uma inovação nos pacotinhos de castanhas. Já não compramos as castanhas num cone sabiamente feito com papel de jornal ou de lista

Blogstória

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Para o mês de Dezembro, a BlogGincana tem uma proposta engraçada e muito interactiva: "tecermos contos, textos ou poemas em conjunto, como uma grande colcha de retalhos. O primeiro blog inscrito escreve até 5 frases de uma história inventada e passa a bola adiante, para o blog seguinte da lista de inscrição, e assim por diante, aumentando sempre o conto." A minha história começa aqui ...  O homem de cinzento dissera-lhe que o dia da maldição se aproximava. O que quereria ele dizer? Ela não sabia, mas ficara nervosa. A verdade é que, desde aí, nunca mais fora a mesma. Ficava a vaguear pela casa, murmurando palavras sem nexo, pegando em objectos da sala para os deixar esquecidos no quarto ou ao contrário. Parecia ter uma fobia por espelhos. Quando passava perto da entrada, ou da porta da casa de banho, ficava mais nervosa ainda, olhava em volta como quem procurava qualquer coisa, chegava a gritar. Flávio gostaria de a ajudar, mas como? Tentou serená-la, mas não resultou

A fábula do porco-espinho

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Enviaram-me uma estorinha deliciosa, que eu decidi partilhar aqui, porque me parece que se adequa bem ao espírito de aceitação dos outros, que deveria ser o espírito do Natal. É a fábula do porco-espinho. Durante a Era Glaciar, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, para se aquecerem, juntavam-se uns aos outros, mas os seus espinhos, por vezes, feriam os companheiros mais próximos. Resolveram então afastar-se uns dos outros, mas voltaram a morrer de frio.  O que fazer, então? Precisavam de fazer uma escolha difícil: ou aceitavam os espinhos dos companheiros, ou desapareciam da face da Terra. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam a conviver com as pequenas feridas que a relação com o outro podia causar, aproveitando e partilhando o calor da relação. E assim sobreviveram. Moral da história:  O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele em que cada um aprende a viver com os defeitos do outros, apreciando a

As 3 Vidas

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Depois de antecipar gostosamente a publicação do último livro de Saramago, a polémica que se levantou à volta do tema do livro esfriou-me o entusiasmo. Hei-de ler “Caim”, claro, mas mais tarde, quando as discussões e argumentos pró e contra não me contaminarem a leitura. Em vez desse, comprei então outro livro “As 3 Vidas”, de João Tordo, contemplado com o Prémio José Saramago de 2009. Que extraordinária surpresa eu tive! João Tordo é um escritor jovem, que tem trabalhado como jornalista e guionista. Este é o seu terceiro romance, embora eu não tenha lido nenhum dos anteriores. Neste livro, João Tordo mostra um excelente domínio da língua portuguesa, escrevendo com muito ritmo e com uma clareza e um rigor notáveis. O romance inicia-se nos princípios dos anos 80, quando o protagonista, ainda muito jovem, se vê de repente órfão de pai e com a mãe, debilitada física e emocionalmente, e a irmã mais nova, a seu cargo. A necessidade de dinheiro leva-o a aceitar um misterioso trabalh

Natal na Arte Antiga

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Ontem à noite, o Museu de Arte Antiga abriu as suas portas para comemorar o Natal de uma forma diferente. Depois de um concerto de Natal no átrio principal, onde se ouviram músicas tradicionais da época natalícia, o museu proporcionou visitas guiadas a peças e espaços do museu, relacionados com o Natal. Passamos pela Virgem de Belém, pelo magnífico Presépio do Marquês de Belas, pelos presépios de barro do século XVIII, pelas representações da Virgem e do Menino Jesus na pintura europeia dos séculos XVI e XVII.  Representações, relações e simbolismos foram explicados pelos especialistas, num diálogo simples com o público, que circulava entre os diversos espaços.  No final, quem quis ainda comeu bolo-rei e bebeu chocolate quente, oferecidos pelo museu. O museu, apesar de ser sábado à noite, estava cheio de gente de todas as idades. Numa época em que nos queixamos de que as pessoas voltam as costas à cultura, esta iniciativa é de louvar. E repetir, claro! (A Virgem e o Menino,

Postal de Lisboa XI - O Campo dos Mártires da Pátria

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Já passei por aqui, seguramente, dezenas de vezes. No entanto, só hoje me deu para pensar quem poderão ser os mártires homenageados nesta praça de Lisboa. As placas toponímicas não dão nenhuma ajuda e a dúvida impõe-se. Quem serão estes mártires? Atendendo a que este campo é enquadrado pelo Hospital de São José, de um lado, e pelo Hospital dos Capuchos, do outro, poder-se-á pensar que os mártires são os doentes. Mas eles não sofreram, nem sofrem, pela Pátria. Sofrem por si próprios, sem que a Pátria lhes possa valer. Não há indicação de que os homenageados tenham sido martirizados nos mares da China, no sertão brasileiro ou nos pântanos da Guiné. Quem serão então? Sou levada a crer que estes mártires, afinal, somos nós todos. Nós, o povo comum, o Zé Povinho, tal como o retratou Rafael Bordalo Pinheiro, que trabalha, paga impostos, se desgasta… Bem, uma rápida pesquisa esclarece as dúvidas. Este jardim é assim chamado em honra dos conspiradores (o mais famoso dos quais o gene

Se queres ser alguém...

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Est e ano, tenho umas turmas particularmente difíceis. Uma delas é um Curso de Formação, uma turma do ensino não regular, que me tem esgotado fisica e psicologicamente desde o início das aulas. Ali cruzam-se múltiplos problemas: famílias com baixa escolarização, desestruturadas, rendimentos mínimos, desorientação, falta de concentração, de auto-confiança... Tenho dado voltas à cabeça para conceber estratégias de trabalho com estes alunos. Muitas vezes me sinto desanimada e às vezes apetece-me desistir! Agora, é altura de balanço. Uma das últimas actividades que fizeram foi um comentário a uma frase, retirada de um filme do qual vimos um excerto. A frase era: Se queres ser alguém, acorda e presta atenção! Aqui estão algumas das coisas que os meus alunos escreveram. Só corrigi alguns erros ortográficos, para não estragar o sentido. Se queres ser alguém, luta pela vida, tens de mostrar que queres mudar a tua vida. E sem educação, nunca vais ser ninguém nem chegar a lado nenhum. Se t

O Bolo-Rei

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A pensar no meu amigo Shisuii, resolvi fazer este post sobre uma das coisas mais agradáveis que traz cada época natalícia: o Bolo-Rei. O Bolo-Rei é um bolo de massa levedada, como o pão, recheado com os mais diversos frutos secos e coberto de açúcar e frutas cristalizadas. Tradicionalmente, esconde na massa uma fava e um pequeno brinde. O brinde traz sorte a quem o encontra, enquanto a fava traz despesa, porque quem a apanha deve comprar o próximo Bolo-Rei. Dizem que a sua origem é francesa, mas na verdade não se parece nada com a tradicional Galette des Rois que se come em França. O que se sabe seguramente é que começou a ser vendido em Lisboa, pela Confeitaria Nacional (essa maravilhosa pastelaria da Baixa que, por si só, mereceria um post!), cerca de 1860. O sucesso foi grande e, em 1890, é posto à venda no Porto, pela Confeitaria de Cascais. O destino do Bolo-Rei esteve em perigo quando da implantação da República, já que o nome parecia uma ovação ao regime monárquico. Houve

10000!

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A s sim devagarinho, quase sem dar por isso, passou por aqui o visitante n.º 10000. Alguns passaram invisíveis, sem deixar pégadas. Mas muitos outros entraram, sentaram-se, beberam um cafezinho, deram dois dedos de conversa. Juntos, partilhámos gostos, leituras, indignações; às vezes, emocionámo-nos juntos. E tudo isso deixou marcas num blogue que cresceu, sem ter pretensões a "blogue grande".  Eu sei que, às vezes, os meus olhares sobre o mundo não são muito felizes. Nessas alturas, sinto-me como os velhotes dos Marretas, de crítica pronta e certeira na ponta da língua. Mas, geralmente, tento trazer aqui uma leitura positiva do que me rodeia, nem que seja uma paisagem ou um poema, porque a beleza nos torna sempre melhores e mais ricos. A todos os que por aqui passaram, um agradecimento e um convite: voltem sempre! Vai um chá e uma fatia de bolo-rei? (Fotografia de Teresa e Fernando - Nova Iorque / Agosto de 2008)

1 Km de cada vez

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T odos temos os nossos heróis. Alguns são heróis de toda a gente; não conheço ninguém que não admire Martin Luther King ou Gandhi. Mas, depois, há os outros. Os nossos heróis pessoais, aqueles que, sendo pessoas comuns, admiramos mais abertamente ou mais secretamente, numa admiração feita de sonhos repartidos ou afinidades e identificações inesperadas. Gonçalo Cadilhe está nessa minha prateleira dos heróis pessoais. Porquê? Talvez porque, aos vinte e quatro anos, teve a coragem de virar as costas a um curso e um emprego para perseguir um sonho: viajar. Não o posso fazer, nunca pude, nunca poderei. Sempre houve outras urgências e contingências que condicionaram a minha vida, como a da maior parte das pessoas. Admiro-o por isso. Mas há outras razões. Gonçalo Cadilhe escreve livros de viagens, das viagens que faz. Não são simples descrições de lugares, são esboços emocionais. Porque os lugares agem sobre nós e tornam-nos diferentes. E nós também agimos sobre os lugares, porque não

Desencontrado

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Dizem que Portugal é um país de poetas. Alguns morrem antes de serem reconhecidos. Rui Cacho, jornalista e poeta, faleceu em 2007, deixando alguns poemas publicados. Este é um deles. Desencontrado Em casa não me encontrei Depois de procurar na sala Na divisão onde guardo livros e papéis E até no banheiro. Saí à minha procura Entrei em vários cafés Não estava em nenhum. Telefonei a um amigo Perguntando-lhe por mim Respondeu-me que não me via há dias. Consultei o relógio Era tarde E estranhei o sucedido. Reflecti onde encontrar-me Mas não atinei… E desinteressei-me momentaneamente Da minha pessoa. (Rui Cacho 1932 - 2007) (Fotografia Teresa Ferreira)

Natal na Quinta

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(Continuação da saga iniciada na primeira edição da Fábrica de Letras ) E o Natal chegou outra vez à quinta. Já havia luzinhas penduradas no estábulo e no galinheiro e, dia sim dia não, o coro dos gatos de telhado ensaiava os seus cantares natalícios. O Preto também fazia parte do coro e chegava a casa inspirado, ainda a cantarolar “I’m dreaming of a white Christmas”, o que fazia sempre a Branca soltar uma gargalhada. “Para que queres um Natal branco? Para te verem melhor?” A Branca, pelo contrário, não cantava, só fazia contas. “Tenho de encomendar as postas de atum fresco para a Ceia! Está tão caro o atum!” comentava com as outras gatas da quinta. Além disso, havia que comprar as prendas. Os três filhos, agora já crescidinhos, tinham feito a lista para o Pai Natal. O Máximo, o mais velho, queria uns ténis caríssimos e passava o dia a resmungar que o tempo do Gato das Botas já lá ía há muitos anos! O mais novo, o Mínimo, queria uma “Playfarm” e insistia, que todos os amigos tinham u

Dezembro, mês do Natal!

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E pronto, chegou Dezembro! Aproveitamos o feriado que comemora a nossa independência face a Espanha, para mergulhar no espírito natalício. As luzes já piscam nos centros comerciais há um mês, as ruas já têm também as suas iluminações de Natal. As músicas natalícias já se ouvem; são sempre as mesmas, mas isso até nos sabe bem, faz parte da época. Tudo está preparado para nos atrair para o essencial: as Compras de Natal! Onde ficou o Natal da minha infância, simples e ingénuo, onde as prendinhas eram ainda oferecidas pelo Menino Jesus? De resto, onde ficou o próprio Menino Jesus, universalmente destronado pelo Pai Natal? Onde ficou a Missa do Galo, a Ceia sem exageros alimentares, a verdadeira alegria da partilha, que se contabiliza em amor e atenção, e não em tamanho ou preço de prendas? Ao longo do mês, irão aparecendo umas campanhas de solidariedade. Vamos participar nelas com entusiasmo, para fingirmos que nos preocupamos verdadeiramente com os outros, os outros que nos são indif

O leão dentro de nós

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F ui convidada para fazer uma comunicação sobre (imaginem!) O Gato na História . No meio das minhas pesquisas na internet por umas fotografias engraçadas de gatos para embelezar a apresentação, encontrei esta imagem. Achei muito interessante e fiquei a pensar no que ela significa. Hoje em dia, somos massacrados pelo peso da imagem. Vivemos no império da aparência, em que a pergunta omnipresente parece ser: o que pensam os outros de mim? Segundo os estudos que estão sempre a enfiar-nos nos ouvidos, a imagem condiciona o sucesso profissional, a selecção do parceiro sexual, a vida social, e por aí fora. Mas há outra pergunta tão ou mais importante do que essa: o que é que eu penso de mim próprio? Que imagem é que eu tenho de mim? Quando, de manhã, me levanto e me olho no espelho, o que é que eu vejo (além de alguém com ar obrigatoriamente estremunhado)? Vejo um vencedor ou um vencido? Tenho confiança nas minhas capacidades? Acho que consigo ultrapassar os desafios que cada dia tr