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A mostrar mensagens de maio, 2013

A minha proposta para a reforma do Estado

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Muito se tem falado ultimamente de reforma do Estado. No meio da retórica da reforma e das medidas que vão surgindo, apercebi-me de que essas medidas têm caído quase exclusivamente sobre os funcionários da Função Pública. Estou certa de que isso só acontece por falta de imaginação. Por isso, decidi dar o meu contributo. E, porque todos concordamos que o exemplos devem começar pelo topo, a minha proposta debruça-se sobre a Presidência da República. Pensando em termos de poupança económica, proponho uma alteração na idade mínima para um cidadão se candidatar ao mais alto cargo da Nação. Os 75 anos parecem-me uma idade razoável, por várias razões. Em primeiro lugar, vai ao encontro do aumento da esperança média de vida, que tem servido de argumento para o aumento da idade da reforma dos comuns mortais. Em segundo lugar, diminuía claramente, e por razões óbvias, os gastos a que os nossos presidentes continuam a submeter os contribuintes após a sua saída do cargo. O espírito repu

Bizantinices do futebol

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Há mil e quinhentos anos atrás, a cidade de Bizâncio, a que chamavam a Roma do Oriente, dominava o Mediterrâneo. E, na capital do Império Bizantino, lado a lado com o Palácio dos Imperadores e a Igreja de Santa Sofia, impunha-se o Hipódromo. Era uma enorme construção, capaz de albergar até 40 000 pessoas sentadas, rodeada de outras pequenas construções, dedicadas ao alojamento dos funcionários e armazéns. Os espetáculos eram gratuitos, subsidiados pelo Estado; assistir aos jogos, aos combates, às corridas de carros eram as grandes distrações da população. Havia uma grande competição entre as fações do Hipódromo, os Azuis e os Verdes, que chegava a provocar intrigas políticas e motins. Os corredores de carros, particularmente, eram idolatrados pela  cidade e os azuis e os verdes opunham-se apaixonadamente no apoio aos seus ídolos. Hoje passa-se exatamente a mesma coisa. Os azuis, os verdes, os vermelhos, os laranjas, os brancos, competem e sofrem com a competição entre os seus ídol

Palavras de amor de Nuno Júdice

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"Estar contigo ao acordar, ver como se abrem as tuas pálpebras, cortinas corridas sobre o sonho, sacudir dos teus lábios o silêncio da noite para que um primeiro riso me traga o dia: assim, amor, reconheço a vida que entra contigo pela casa, escancara janelas e portas, deixa ouvir os pássaros e o vento fresco da manhã, até que voltas para junto de mim, e tudo recomeça." Hoje é um dia feliz para a Poesia portuguesa. Nuno Júdice ganhou o Prémio Rainha Sofia de poesia ibero-americana. É o segundo português a conquistar este galardão, depois de Sophia de Mello Breyner o ter ganho em 2003. "Se eu definisse o tempo como um rio, a comparação levar-me-ia a tirar-te de dentro da sua água, e a inventar-te uma casa. Poria uma escada encostada à parede, e sentar-te-ias num dos seus degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia: «Não te apresses: também a água deste rio é vagarosa, como o tempo que os teus dedos suspendem, antes de virar cada página.» Passam

Pedaços do mundo na World Press Photo

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Está novamente patente em Lisboa a exposição das fotografias premiadas no prestigiado concurso internacional da World Press Photo. Nos últimos anos, tenho tentado não perder, é sempre uma ronda pelo nosso mundo. Fui hoje ver a exposição. Tem, como sempre, imagens impressionantes. Da faixa de Gaza à batalha por Alepo, da luta das mulheres por reconhecimento, seja no Irão, seja na Somália, das imagens do Japão depois do tsunami às lixeiras onde sobrevivem milhares de pessoas, o que sobra é a marca do sofrimento. Também as fotografias da vida quotidiana têm a mesma marca: é o sofrimento da doença de Alzheimer, a luta pela sobrevivência nas favelas do Rio de Janeiro, os rostos de pessoas marcadas por doenças estranhas e raras. Não consigo deixar de pensar que parece haver um estranho e mórbido fascínio pela morte e pela violência, pela destruição e pela dor. Claro que o fotojornalismo cumpre, entre outras, uma função de denúncia. Mas, neste nosso mundo, não há só dor e sofrimento. També

As Provas do 4.º ano e as Borboletas

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Decorreram esta semana, pela primeira vez desde há muitos anos, as provas finais do 4.º ano. Na 3.ª feira, foi a prova de Português. Hoje, foi a vez da Matemática. Calhou-me vigiar uma sala e a prova pareceu-me acessível. Aos alunos da minha sala, também. Estavam calmos e compenetrados, cientes da sua responsabilidade. Sentiam-se crescidos. Os meninos chegaram, acompanhados pelos seus professores, que os ajudaram a encontrar as salas. Os professores também estiveram presentes no intervalo da prova, para os vigiarem e orientarem no recreio. Tudo decorreu com normalidade. Não houve choros nem desmaios, nem nenhum dos cenários negros traçados pelas confederações de pais. Há algum tempo atrás, um amigo falava-me das crisálidas e das borboletas. Explicava-me ele que as jovens borboletas tinham de fazer um grande esforço para romper os casulos, mas que esse esforço era necessário para fortalecer as asas. Era o próprio esforço que lhes permitia, mais tarde, voar. Se alguém, cheio de boas

Dos abraços

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No passado fim-de-semana, tive de ir ao aeroporto buscar uma pessoa que não é da família, mas é como se fosse! No espaço das chegadas, com tempo disponível e sem nada para fazer, pude dedicar-me ao meu passatempo favorito: observar as pessoas. E dei comigo a pensar na importância dos abraços. É um bom local para refletir sobre isso, porque deve ser o local em Portugal onde se dão mais abraços por metro quadrado. O abraço é uma invenção extraordinária da espécie humana. Através de um gesto, duas pessoas juntam-se numa só forma. Partilha-se carinho, amizade, conforto, cumplicidade. Sem palavras, dizem-se coisas muito importantes, como “Tinha saudades tuas!” ou “Estou aqui para o que tu precisares!” Ou simplesmente “Gosto de ti!” O espaço das chegadas do aeroporto é um espaço cheio de emoções positivas. Há os burocratas que chegam e partem com a mesma cara, a pensar nos seus problemas e a falar ao telemóvel. Mas também há homens e mulheres que se reencontram. Netos que correm para o

E depois... há a arte urbana!

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No último post, escrevi sobre os atos de vandalismo que, disfarçados de grafitis, desfeiam e destroem o nosso património. Parece-me que ficou claro que não têm nada de comum com os desenhos, por vezes muito interessantes e imaginativos, que surgem em alguns locais da cidade.  Não aparecem em qualquer lado. Os artistas, porque neste caso é disso que se trata, escolhem um local ou são convidados para preencher um espaço. Geralmente, são espaços degradados ou desvalorizados da cidade. Às vezes, são prédios à espera de recuperação. Outras vezes, são muros ou espaços vazios. Os desenhos são criativos, dinâmicos. Enfim, é arte urbana. Rápida, efémera, mas arte, mesmo assim! Infelizmente, uma pesquisa rápida na internet traz-nos sites que baralham as coisas e metem na mesma gaveta grafitis artísticos e os rabiscos que conspurcam os nossos espaços. E essa confusão não é saudável para ninguém. Creio que se devem admirar uns enquanto se condenam duramente os outros. E acho até qu