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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

The happiest time of the year

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Na manhã do dia de Natal, fui buscar uns familiares que viriam almoçar a minha casa. A rádio do carro só passava músicas de Natal, claro. Uma delas tinha este refrão: it's the happiest time of the year! Fui o resto do caminho a pensar na música... e na minha vizinha viúva que, ainda na véspera, chorava abraçada a mim, segredando que ninguém se lembrava dela... e na minha amiga que me confidenciava que estava cansada, que o Natal era só uma trabalheira em que ninguém a ajudava, e que isso a punha tão triste... e na minha prima, em que a lembrança de outros natais mais felizes a colocaram  num estado de ansiedade que a levou ao hospital... e na minha outra amiga que, desde que perdeu os pais, só deseja que esta quadra passe depressa para voltar à sua rotina tranquilizadora... Será mesmo a época mais feliz do ano? Não sei... Quando tudo à nossa volta são brilhos e toques de sinos, quando tudo nos grita que temos de ser muito felizes, é nesses momentos que os nossos problemas e as n

As greves natalícias

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Quando se aproxima o Natal, tão regular como o trenó do Pai Natal, chega uma greve natalícia. Às vezes, é a recolha do lixo. Outras vezes, são os transportes urbanos ou a CP. A verdade é que há sempre um sindicato qualquer que acha uma boa ideia marcar uma greve para este período do ano, de especial sensibilidade, em que as famílias se tentam reunir e conviver. Neste Natal, para não variar, foi a CP. Independentemente das razões que lhe assistem (e que já ninguém discute nem recorda, tantas já foram as greves!), o sindicato respetivo marcou uma greve para o próprio dia de Natal. Parece-me até acintoso... São as pessoas com menos possibilidades económicas que se deslocam de comboio, nestas alturas; os que mais podem, utilizam o automóvel. Como é possível que sindicatos ligados a partidos de esquerda demonstrem tamanha insensibilidade social?  As televisões passaram em rodapé que o sindicato anunciou uma adesão de 20% à paralização (o que nos leva a poder garantir que foi bastante m

A melhor prenda de Natal

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Este ano, cheguei à altura do Natal num estado de cansaço difícil de ultrapassar. O trabalho multiplicou-se, semanas a fio, e eu comecei a encarar os dias do Natal com receio. Aproximavam-se dias de muita agitação e de trabalho, a somar à exaustão que eu já vinha acumulando. Será que eu ia dar conta de tudo, como sempre tinha feito?  "Não te preocupes, mãe! Nós tratamos de tudo! Tu vais descansar, ajudas no que quiseres, mas não te preocupas com nada!"  Pela primeira vez, não me preocupei com entradas e doces, não fiz listas de compras, não escolhi o bacalhau, não fui buscar o perú... E, no dia certo, lá estavam todos a fazer a sua parte! Não faltou o perú recheado, nem os doces, este ano um pouco diferentes do habitual!  Definitivamente, a minha família é o meu melhor presente de Natal!

O renascimento do Sol Invencível

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Festeja-se no próximo dia 22 o solstício de inverno. É o dia mais pequeno do ano e eu, que reajo mal à diminuição da luz solar, contraditoriamente, gosto deste dia por isso mesmo: a partir de agora, os dias vão recomeçar a aumentar. Primeiro devagar, timidamente, mas no final de janeiro já se notará a diferença. Já os antigos conheciam e festejavam esta data. Os romanos festejavam o dia do Sol Invicto no dia 25 de dezembro, três dias depois do solstício, quando o sol começava visivelmente a nascer mais cedo.  Data dos tempos romanos um santuário, atualmente a ser escavado num pequeno promontório junto à Praia das Maçãs, dedicado ao sol e à lua. O lugar era especial. Era o sítio onde o sol se punha e a terra reconhecidamente acabava. Não se conhecia mais nada para ocidente!  Mencionado em textos do início do século XVI, a propósito de umas escavações, a localização do santuário perdeu-se da memória das gentes. No início do século XXI, os arqueólogos voltaram ao terreno e, em 2007

A alucinação das grelhas ou o pesadelo do diretor de turma

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Chega esta época do ano e, quando toda a gente normal se preocupa com presentes, perús e rabanadas, os professores mergulham num gigantesco delírio burocrático! Se forem diretores de turma, o delírio aumenta até se transformar num verdadeiro pesadelo... As grelhas de excel ocupam o lugar de honra. Ali, os alunos são convertidos em milhentos números parciais. Que notas teve nos testes? E nos trabalhos? Fez os trabalhos de casa? Chegou atrasado? Foi sempre educado? Trouxe o material escolar? Colaborou com os colegas? E faltas, houve? De que tipo? Presença, pontualidade, material, TPC, disciplinar? Para quem tem 200 alunos, ou mais, este exercício é um autêntico delírio, em que as minúsculas partes fazem às vezes esquecer o todo! Mas não ficamos por aqui. Depois, há que transpor todas as informações para as variadas fichas e plataformas. Mas isso não chega: há que voltar a ir buscar as mesmas informações para elaborar outra dúzia que relatórios parciais que nunca mais ninguém vai l

Viver sem primeira-dama

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Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República Parece inevitável: ganhe quem ganhar nas próximas eleições presidenciais, não teremos em Belém uma primeira-dama. Considerando os principais candidatos, é esse o cenário. Marcelo Rebelo de Sousa é divorciado e vive com uma senhora que não tem a mínima intenção de deixar a sua profissão para o acompanhar. O mesmo se passa com Sampaio da Nóvoa, embora casado. Maria de Belém é casada, mas quanto muito o marido poderá representar o papel de primeiro-cavalheiro, ou outro título assim. E eu acho isso bastante refrescante. Vamos lá pôr as ideias no lugar. Numa monarquia, toda a família real tem um papel a representar. Um papel institucional e simbólico. Mas nós vivemos numa república e parece lógico que a eleição para um cargo não abranja a família toda. As funções do Presidente da República são desempenhadas por ele próprio, vamos deixar de as enfeitar com o simbolismo monárquico.  Já agora, vamos também relembrar que