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A mostrar mensagens de setembro, 2016

Postal de Lisboa XXV - Os azulejos de Lisboa

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Hoje, passámos a manhã a passear por Lisboa, de nariz no ar, a observar os azulejos das fachadas dos prédios. Todos deviamos fazer isto mais vezes, tirar tempo para olhar à nossa volta, com vagar. Muitas vezes, é aquilo que está ao pé de nós, que vemos todos os dias, que mais nos escapa! É o caso dos azulejos. Todos nós, em Lisboa, nascemos e crescemos rodeados de azulejos. Eles estão nas fachadas e nos interiores. Nos cafés e nas igrejas. Nas casas de banho e nas escadarias nobres. Atapetam prédios inteiros ou são apenas frisos, à volta das janelas ou no topo dos edifícios. São multicolores ou monocromáticos. Têm padrões geométricos ou motivos florais. São tantos e tão diversificados que já não lhes damos importância nenhuma. A arte do azulejo é uma das nossas heranças mouras. A partir do século XVI, XVII, atinge aqui em Portugal, no entanto, um esplendor quase único. Um século depois, salta do interior para o exterior e cobre fachadas inteiras. E, quando Lisboa cresce e se

Igualdade, em pequenos lances

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Arranjei um problema num ombro, complicado, doloroso. As causas são um tanto obscuras: o médico fala de situações de tensão continuada e maus posicionamentos relacionados com a atividade profissional. A consequência foi só uma: tratamentos de fisioterapia até... sabe-se lá quando! Felizmente, a minha fisioterapeuta é muito simpática. É jovem, risonha, muito profissional. E gosta de conversar enquanto trabalha. Diz que ajuda a descontrair os pacientes... provavelmente tem razão.  Foi assim, nessas conversas, que eu fiquei a saber que ela tem um hobby pouco vulgar: é árbitro de futebol. Não deve ser tarefa fácil, num meio em que ainda impera a testoesterona. Provavelmente, teriam de mudar o tipo de insultos que os adeptos dirigem aos árbitros. E, sinceramente, não sei se impõem mais ou menos respeito em campo. Segundo parece, as árbitros (ou árbitras? tenho de lhe perguntar!) ainda são poucas. Arbitram principalmente jogos do Campeonato Feminino de Futebol, embora possam arbitrar

Noites de música

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Ontem à noite, a EGEAC ofereceu outra vez aos lisboetas, e a quem quis assistir, um espetáculo de elevadíssima qualidade. A noite estava tépida e aprazível e o Terreiro do Paço encheu-se com milhares de pessoas de todas as idades e feitios que quiseram ouvir música. Era o concerto de inauguração da temporada da Orquestra Gulbenkian. A música foi escolhida a dedo: o encanto e exotismo das danças do Prince Igor, de Borodin; o romantismo do Peer Gynt, de Grieg; e a elegância da Rhapsody in Blue, de Gershwin, tocada com o talento de Mário Laginha. Foi muito bom ouvir a música, mas também foi muito bom perceber a educação daqueles milhares de pessoas, que souberam quando aplaudir e quando estar em silêncio. Parabéns à EGEAC, é assim que se leva a música às pessoas e as pessoas à música! Durante o serão, lembrei-me muitas vezes das quentes tardes de verão e das longas viagens de carro em que eu e os meus filhos inventavamos histórias, inspirados por algumas destas músicas. Uma delas, da

A alma das flores

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- O que é que tem hoje, D. Adília? Abriu a boca para dizer qualquer coisa, talvez o costumeiro "não é nada", mas ficou com o gesto suspenso. Passado um momento, meneou a cabeça, sem conseguir dizer uma palavra. - Está aí com uns olhos tristes, a cabeça encostada na mão... passa-se alguma coisa! - Nem sei como explicar. Os anos, já mais de oitenta, pareciam pesar-lhe mais do que o costume. Suspirou. Como explicar o que lhe ia na alma? - Andam a limpar a fachada do meu prédio. Fazem a limpeza com jactos de areia e temos de ter as janelas e as varandas desocupadas. Comecei a tirar os vasos de flores, mas não tenho onde os pôr. A minha casa é pequenina, não tenho sítio para as minhas flores. Já comecei a dá-las, mas acho que algumas vão morrer. Custa tanto separar-me das minhas flores! Tenho umas sardinheiras vermelhas, grandes, carnudas... e uma buganvília, linda! O que vai ser das minhas flores? Limpou uma lágrima e voltou a suspirar. - A minha filha já ralhou co