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A mostrar mensagens de julho, 2013

Lisboa em tempo de guerra

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(Sentinela da Legião Portuguesa em serviço no Terreiro do Paço) No início dos anos 40, a Europa vivia o caos da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha avançava em todas as frentes e temia-se um ataque também a Portugal. Sabe-se que esteve planeado, seria a Operação Félix. Salazar organiza então a defesa da cidade de Lisboa, através da Legião Portuguesa. Há monumentos nacionais protegidos por tapumes, os feixes de luz varrem os céus, os tesouros da arte portuguesa são encaixotados e resguardados. Um país neutral no meio de uma Europa em guerra, Portugal é também local de encontro de espiões de todos os lados do conflito, e plataforma giratória de refugiados que aqui procuram um porto seguro mas, principalmente, um local de passagem para outros destinos.  Os que aqui chegam encontram um país de contrastes, em muitos aspetos parado no tempo. À volta do eixo definido pela Avenida da Liberdade e Avenidas Novas, surgiam os bairros pobres, onde a sobrevivência era uma luta diária. Uma

Dos Livros

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(Kansas City Public Library, Missouri - fotografia do Google) Desde sempre associei o verão aos livros e às leituras. Não sei bem porquê. Talvez porque no verão, nas férias, tenho mais tempo para ler. Ou talvez porque estar debaixo de um chapéu de sol, com uma brisa agradável e uma bebida fresca, acompanhada por um bom livro, é um dos meus ideais de bem estar! Seja como for, dei por mim a pensar em livros. E lembrei-me daquela magnífica biblioteca pública, em Kansas City, cuja fachada é composta por lombadas de livros, agrupados como numa gigantesca prateleira, enormes, poderosos!  Isto de estar de férias é assim mesmo! Temos tempo e disponibilidade mental para pensar no que nos apetecer! E fiquei a pensar, para comigo, que livros escolheria se me fosse dada a possibilidade de organizar uma fachada assim, para uma biblioteca, uma feira do livro, ou qualquer outro sítio dirigido aos amantes da leitura. O primeiro de que me lembrei foi o D. Quixote. Confesso aqui que tenho um

A Fonte Luminosa - adenda!

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Em novembro do já distante ano de 2009, ainda este blogue era um infante, escrevi sobre a Fonte Luminosa que, abandonada e seca, tinha deixado há muito de ser fonte, quanto mais luminosa! Está aqui , para quem quiser recordar. Está mais do que na altura de fazer uma correção a esse post. É justo e devido! Porque a fonte já foi recuperada e voltou a jorrar água, e aí está, imponente e bonita, a marcar o topo da Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa. As obras de reabilitação incluíram a recuperação das estruturas construtivas, a limpeza da pedra e proteção das cantarias, o restauro da estatuária, a reparação dos sistemas hidráulicos e mecânicos. Foram introduzidas novas bombas e quadros elétricos e um sistema computorizado que permite diferentes efeitos cenicos dos jogos de água e de luz e programar as horas de funcionamento. Tudo isto custou cerca de 1,3 milhões de euros, desta vez muito bem utilizados! A fonte, inaugurada em 1940 para comemorar a entrada das águas canalizadas na

Das baratas

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Há qualquer antagonismo entre as mulheres e esses insetos que dão pelo nome genérico de baratas. É uma aversão atávica, ancestral, uterina... Não sei qual é o seu fundamento científico, mas não há dúvida de que é facilmente comprovável! Aqui há dias, fui a um supermercado no interior de um centro comercial da capital. É um pequeno supermercado, dentro de um centro comercial insuspeito, e eu entrei apenas para comprar uma alface e mais alguns produtos de mercearia. Quando me dirigi à caixa e pus os produtos no tapete rolante, vi que saía do saco de plástico da alface um bicho com a aparência de uma barata. Se não era uma barata, era um membro da família que, como todos sabem, é muito vasta. A barata parou na borda do saco e ali ficou, com ar provocador. Eu sei que isso não tem problema nenhum, e que no campo há bichos, e que um bicho se pode meter num saco, e por aí fora... Mas entre a compreensão e a reação, há uma distância infinita de incapacidades! Fiquei paralisada, a olhar para

Das previsões meteorológicas

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Não foi assim há tanto tempo! Foi talvez no final da primavera, quando suspiravamos por uns dias de sol e calor e o S. Pedro só nos brindava com chuviscos e temperaturas invulgarmente baixas para a época. E a previsão espalhou-se: segundo os meteorologistas franceses, iamos ter o verão mais frio desde 1816! Quem tinha marcado férias lá para setembro, talvez tivesse sorte! Antes disso, era dizer adeus à praia e às esplanadas e às cervejolas geladas! Talvez o S. Pedro se tivesse enchido de brios, não sei! A verdade é que o calor veio em força, até com uns exageros dispensáveis! Não me apetece escrever, nem pensar muito! Só me apetece preguiçar, de preferência à beira mar, ou num local aprazível, com largos horizontes.  Ainda bem que, nestes estranhos tempos que correm, nem as previsões meteorológicas são irrevogáveis! (Na Herdade do Esporão - Fotografia de... Teresa Diniz)

A carreira de mãe

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Ser mãe é uma carreira. Longa e exigente. Uma daquelas funções com isenção de horário, que exige dedicação total, mesmo que a remuneração não seja grande. Não é uniforme, tem escalões, e nós lá vamos subindo na carreira conforme podemos. No início, quando entramos em funções, somos como um trabalhador inexperiente, inseguro. Temos medo de fazer alguma coisa mal, lemos tudo sobre o nosso trabalho, nem dormimos com medo que alguma coisa dê para o torto! Depois, vamos adquirindo prática e tudo se torna mais fácil. Definem-se procedimentos. Estabelecem-se rotinas. A pouco e pouco, começamos a delegar tarefas, e descobrimos que, de simples trabalhadoras indiferenciadas, passámos a chefes de divisão. Damos orientações, mantemos o rumo. Quando é necessário, fazemos uma admoestação. Sempre que podemos, distribuimos elogios. Quando damos por nós, somos uma espécie de CEO da empresa. Já tudo funciona independentemente de nós. A empresa cresceu, os funcionários seguiram o seu caminho, e tr

Seguindo os rebanhos

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Desde tempos imemoriais, os pastores do interior de Portugal subiam à Serra da Estrela no início do verão, para procurar as melhores pastagens. Quando os tempos frios se avizinhavam, voltavam a descer a serra, fazendo os mesmos precursos em sentido contrário. A este movimento pendular chama-se transumância. Gosto desta palavra. Etimologicamente, advém da junção do radical trans , que significa para além , com a palavra humus , terra. Isto é, designa o movimento que leva para lá da terra, cruzando culturas e experiências à cadência da passagem dos rebanhos. Neste fim de semana, foi recriada a Grande Rota da Transumância, entre Seia e as pastagens na zona do Sabugueiro. E nós fomos convidados a seguir os rebanhos pela serra acima, por caminhos seculares. O momento é de festa. Cada rebanho é conduzido pelos seus pastores, vestidos a rigor. Os bodes e os carneiros são enfeitados com bolas de lã coloridas e com grandes chocalhos, que se fazem ouvir a distância. Nas aldeias, as pesso