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A mostrar mensagens de maio, 2016

Pessoas que não se calam

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Há um certo tipo de seres humanos que, numa viagem, são totalmente insuportáveis: as pessoas que não se calam... Geralmente, no meio da lufa-lufa do dia a dia, não damos muito por elas. Mas, quando nos sentamos num autocarro ou num comboio para uma viagem mais ou menos longa e temos a pouca sorte de ter uma pessoa assim como companheiro de viagem, não temos escapatória. Começam por esboçar um sorriso ou tecer qualquer comentário amável e, quando damos por isso, já estão lançadas em monólogos imparáveis. Como somos, em geral, pessoas bem educadas, não temos a coragem de as mandar logo às urtigas e aguentamos estoicamente, fingindo algum interesse por todos os pormenores com que esses faladores nos vão bombardeando... Podemos tentar, de quando em vez, transformar o monólogo em diálogo e dizer algumas palavras. Mas é um esforço inglório. Essas pessoas estão tão centradas em si mesmas que rapidamente interrompem para voltar ao seu discurso. Contam tudo, falam de uma vida que pode ser

Postal de Lisboa XXIV - A Mesquita de Lisboa

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A entrada principal da mesquita A mesquita de Lisboa foi inaugurada em 1985. Construída na colina que sobe de S. Sebastião, a sua arquitetura destaca-se no meio do casario lisboeta, mas não são muitos os não-muçulmanos que lá entram. Ontem, a mesquita abriu mais uma vez as suas portas, para uma visita aberta a todos, crentes e não crentes, organizada pela Um Outro Olhar, Divulgação Cultural . Guiados pelo Sheik Munir, há muitos anos à fente da Comunidade Islâmica de Lisboa, os visitantes puderam percorrer todos os espaços da mesquita. A Sala de Orações Uma mesquita é, acima de tudo, um espaço de oração. Por isso, o espaço mais importante é a grande sala de orações, de uma beleza contida, com o seu nicho apontando a direção de Meca, o seu enorme candelabro, os painéis de azulejo com versículos do Corão ou simplesmente motivos florais. Todo o chão está coberto de tapetes, já que os crentes devem rezar descalços, sobre um local limpo. Os azulejos estão muito presentes, lemb

Turismo vs. Vandalismo

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Ontem à tarde, tive de ir à Baixa fazer umas compras. Caminhava sem pressas, a apreciar o sol, que não nos tem brindado muito com a sua presença nestes últimos tempos! Vinha do Rossio para os Restauradores e o meu olhar foi irresistivelmente atraído para o espaço vazio onde, até à semana passada, estava a estátua de D. Sebastião, antes de ser destruída pela vã glória de uma foto. Uma figura relativamente pequena, num nicho entalado entre dois arcos em ferradura, na frontaria da Estação do Rossio. Dois arcos em ferradura, talvez a lembrar-nos do cavalo branco que deveria trazer-nos de volta, numa manhã de nevoeiro, aquele pequeno rei.  Não sou grande admiradora de D. Sebastião. Foi um rei pequeno, na estátua e na História, um rei sonhador e aventureiro, que levou Portugal para uma aventura sem lógica e sem glória, cujo final é de todos conhecido. O jovem Sebastião e os seus sonhos foram o resultado de um determinado contexto político, social, religioso e ideológico, dir-me-ão