Postal de Lisboa XXIV - A Mesquita de Lisboa


A entrada principal da mesquita
A mesquita de Lisboa foi inaugurada em 1985. Construída na colina que sobe de S. Sebastião, a sua arquitetura destaca-se no meio do casario lisboeta, mas não são muitos os não-muçulmanos que lá entram.
Ontem, a mesquita abriu mais uma vez as suas portas, para uma visita aberta a todos, crentes e não crentes, organizada pela Um Outro Olhar, Divulgação Cultural. Guiados pelo Sheik Munir, há muitos anos à fente da Comunidade Islâmica de Lisboa, os visitantes puderam percorrer todos os espaços da mesquita.

A Sala de Orações
Uma mesquita é, acima de tudo, um espaço de oração. Por isso, o espaço mais importante é a grande sala de orações, de uma beleza contida, com o seu nicho apontando a direção de Meca, o seu enorme candelabro, os painéis de azulejo com versículos do Corão ou simplesmente motivos florais. Todo o chão está coberto de tapetes, já que os crentes devem rezar descalços, sobre um local limpo. Os azulejos estão muito presentes, lembrando que a nossa tradição de azulejaria é, na realidade, uma herança árabe.

Os azulejos com versículos do Corão
Mas o espaço da mesquita inclui muito mais do que a sala de orações. Há salas para conferências e palestras e espaços para as aulas corânicas. No piso inferior, situa-se a sala mortuária, com o espaço para as lavagens rituais do morto, mas também a grande sala para celebração de casamentos, já que, em qualquer dos casos, se come e se bebe. 

Na sala mortuária

No último piso, encontra-se ainda uma grande sala de conferências e um recinto desportivo, com bancadas e tudo, que pode ser utilizado pela comunidade, seja ou não muçulmana.
O centro de todo o complexo é, como em qualquer mesquita tradicional, o pátio, rodeado de colunas e ladeado pelo alto minarete.

O Pátio com o seu minarete

O Sheik Munir foi dando todas as explicações, respondendo a todas as perguntas, com paciência e sentido de humor. Agradeceu a presença de todos, frisando que é através do conhecimento mútuo que se fazem desaparecer os medos. A ignorância é a mãe de todos os radicalismos. E o Sheik Munir mostrou-nos um Islão moderno, tolerante e esclarecido, bem integrado na cidade. 

As pequenas cúpulas que ladeiam o pátio

Lisboa nem sempre foi uma cidade tolerante, mas foi sempre uma cidade feita de diversidades e é essa a sua riqueza. Espero que possamos continuar a conhecer-nos e a aceitar-nos mutuamente. E que Deus, seja qual for o seu nome, nos abençoe a todos.


Azulejos com alguns dos nomes de Deus

Comentários

  1. Que linda a mesquita e que bom conhecer algo de outras culturas. Beleza isso ! Gostei de ver! bjs, chica

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  2. Que importante postagem fizeste, Teresa !
    Como nunca a visitei, fiquei com uma excelente impressão.
    E como dizes E que Deus, seja qual for o seu nome, nos abençoe a todos.
    Bem hajas.

    Um beijo amigo.

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  3. Já a tinha visitado parcialmente há muitos anos, num trabalho que fiz sobre religião... ;)

    Beijocas

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  4. Não é como ir a Capajevo e constatar que num raio de 500m coexistem, ainda hoje mesquita, catedral e sinagoga... mas suscita-me a interrogação sobre a localização de antigas mesquitas em Lisboa, que as havia certamente...

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