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A mostrar mensagens de julho, 2009

Férias, finalmente!

Finalmente, este ano de trabalho terminou e entro no período a que chamamos férias. Vão ser umas férias com trabalho, ou um trabalho de férias, como queiram, já que vou para Jerusalém fazer um curso. D urante aproximadamente um mês, vou andar mais afastada do blogue, mas vou andar por aí, como dizia o outro! Entretanto, deixo os meus amigos e visitantes com uma música que expressa bem a minha boa disposição do momento.

Porque você tem um blogue?

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Não quero ir de férias sem responder ao desafio da Vanessa, do blogue "Fio de Ariadne": Porque você tem um blogue? Esta questão fez-me pensar, voltar atrás, àquele momento das férias da Páscoa em que decidi pedir ao meu filho: "Ensina-me a criar um blogue!" "É fácil, mãe!" e lá me ensinou a procurar um modelo, a tratar o texto, a importar filmes e imagens... enfim, depois fui aprendendo sozinha. O que me levou a isso? A resposta impõe-se na minha cabeça: a total saturação do meu trabalho, a necessidade de evasão. Sou professora e este ano lectivo foi particularmente difícil para todos os professores. Grandes alterações na legislação, imposição de modelos de avaliação e gestão muito penalizadores para todos e, no meio, os alunos e nós todos cada vez com menos paciência para aquilo que é, verdadeiramente, a nossa missão. Participei em todas as lutas e manifestações mas, num dado momento, atingi a saturação. Não aguentava ouvir mais falar sempre das mesmas c

As Cinzas de Angela

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Com 78 anos, Franck McCourt não resistiu mais a um cancro de pele de que sofria há anos e faleceu em Manhattan. Para muitas pessoas, é um nome com pouco significado. Não era um escritor que estivesse na moda, não publicava nada há algum tempo. Talvez por isso, a sua morte passou quase despercebida, nada de demonstrações públicas (ia dizer histéricas!) de pesar, como quando da morte de Michael Jackson, por exemplo. No entanto, a vida e a obra deste homem têm um valor muito particular, porque simbolizam uma época e um sonho. Franck McCourt é conhecido principalmente pelo seu romance As Cinzas de Angela. Romance assumidamente auto-biográfico, nele McCourt narra a sua infância miserável nos bairros pobres de Limerick, na Irlanda. Filho de emigrantes irlandeses nos Estados Unidos da América, a família vê-se obrigada a regressar à Irlanda nos anos 30, na época da Grande Depressão. Mas em Limerick, nos anos 30 e 40, a vida é muito difícil, com o peso da fome, da violência, da tuberculose, da

Há 40 anos, o Homem na Lua

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Lembro-me bem. Eu e a minha irmã, pasmadas, de olhos pregados na televisão. No pequeno ecrã preto e branco passavam imagens estranhas, que pareciam saídas de um filme fantástico. A minha tia-avó mais nova dizia: “Se eu alguma vez imaginei ver isto!” E a minha tia-avó mais velha resmungava: “Isto é tudo mentira, como é que o Homem pode ir à Lua?” E nós as duas, de olhos pregados na televisão. Nós e mais uns quantos milhões de pessoas à volta do mundo. Faz hoje 40 anos que o Homem pisou a Lua pela primeira vez. E, numa época de confrontos e guerra fria, só a China escolheu ignorar totalmente o acontecimento. A quase totalidade dos países do mundo seguiu com entusiasmo e assombro o feito pioneiro dos astronautas americanos. A própria União Soviética, rival dos americanos na corrida ao espaço, faz grandes reportagens consagradas à missão Apollo e Podgorny, presidente do Soviete Supremo, presta homenagem aos três astronautas. O lançamento da nave Apollo 11 tinha atraído milhares de pess

A beleza das placas toponímicas

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Confesso: tenho uma paixão secreta por placas toponímicas! Há quem considere que uma placa toponímica é uma coisa sem importância, que apenas dá um nome a uma coisa, neste caso uma rua, ou um beco, ou um largo, um sítio na cidade. Dá jeito para os carteiros e pouco mais. Até podiam ser apenas números, como em Nova York. Nada mais errado. As placas toponímicas dizem muito sobre a evolução do local e sobre quem lá vive. Vou dar alguns exemplos. Há placas que valem apenas pela sua beleza e contam coisas sobre o gosto de quem as fez. (Alcochete) Algumas fazem referência a serviços que já ali não existem. (Alcochete) Outras recordam pessoas que já ninguém consegue identificar. (Alcochete) Há algumas que, na sua evolução, reflectem a evolução política do próprio país. (Tomar) Outras reflectem uma ideia de progresso, que deve ser expressa na seriedade dos nomes. (Tomar) Há placas que de sérias não têm nada, e ninguém sabe de onde vêm aqueles nomes! (Lisboa - Alfama) E há aquelas que, no própr

Cinco momentos para passar em câmara lenta

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Há uma semana atrás, a Marta (do blogue havidaemmarta.blogspot.com) desafiou-me a pensar em cinco momentos da minha vida dignos de serem passados em câmara lenta. Eu aceitei o desafio e tenho andado a pensar em todos esses momentos (e em quais poderia registar publicamente!). Então, aí vão: O dia em que o meu filho nasceu. Depois de tanto tempo a tentar e a falhar, finalmente tinha o meu filho nos braços. Foi o dia mais feliz da minha vida. O momento em que colocaram a minha filha recém-nascida sobre o meu peito e, ao olhá-la, tive um ataque de amor e protecção leonina que durará para sempre. A primeira viagem de que me recordo. Tinha seis anos e viajava pelas ilhas dos Açores. Ao chegar ao Corvo, o barquinho em que vinhamos a terra atravessou um mar vermelho do sangue da baleia acabada de apanhar e as pessoas, sérias e de fato domingueiro, esperavam as notícias do vapor. As impressões dessa viagem marcaram para sempre a minha alma andarilha. A primeira vez que ouvi a frase "Gosto

Comunicação

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Este post integra-se na blogagem colectiva da Tertúlia Virtual - 1.º aniversário: um ano, um fim. Desta vez o tema é livre e eu aproveito para demonstrar o valor da Tertúlia para a espécie humana. Parque das Nações, duas horas da tarde. Como tantas vezes acontece, aproveito um tempinho livre para passear um pouco ao longo do rio. Sento-me no meu recanto preferido, perto do Lago das Tágides, debaixo de uma grande buganvília carregada de flores de um rosa vivo. Está uma rapariga sentada num banco ao lado do meu. Parece nervosa, fala ao telemóvel (foi o que me chamou a atenção, ela parece estar alheada do mundo, sem se preocupar se alguém ouve a sua conversa, o que é completamente comum hoje em dia! – somos constantemente bombardeados pelas conversas de toda a gente). Deve falar com uma amiga, diz que “ele é insensível, podia ter vindo comigo, em vez disso estou aqui sozinha!” Depois de desligar, volta a pegar no telemóvel vezes sem conta, olha, mexe nas teclas, abre e fecha a tampa, de

Postal de Lisboa VII - O Cais das Colunas

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Cais das Colunas (Fotografia de Teresa Diniz) Já há tempos que andava com vontade de ir ao recém-recuperado Cais das Colunas, na Ribeira das Naus (que bem que me sabe escrever estes nomes, nomes com espessura histórica, que trazem consigo o cheiro de fardos de pimenta e canela!). Durante anos, o Cais das Colunas desapareceu, ou, mais precisamente, as colunas do cais desapareceram. As obras do metropolitano habituaram-nos a não olhar para o rio: só se viam tapumes, entulho e máquinas. As águas estavam sujas e viam-se as coisas mais estranhas a boiar! O próprio Terreiro do Paço perdeu a sua nobreza, constantemente pejado de carros e eléctricos e autocarros e peões a acotovelarem-se para atravessar nas passadeiras. Durante anos, foi simplesmente um grande parque de estacionamento. Lembro-me que, durante anos, eu e os meus filhos cumprimos um ritual de Natal que consistia em ir à Baixa ao fim da tarde, num qualquer dia de Dezembro, para pasmarmos com as iluminações das ruas (o d

O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil e Miguel Torga

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Hoje, 12 de Julho, é o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. "O trabalho infantil é toda a forma de trabalho exercido por crianças e adolescentes, abaixo da idade mínima legalpermitida para o trabalho,de acordo com a legislação laboral de cada país." Não me agrada registar esta data, porque significa que o respeito pelos direitos da Infância ainda não é uma constante, neste nosso mundo. Nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, pelo contrário, é até um facto muito comum, quantas vezes voluntariamente ignorado pelos respectivos governos. Sabemos que nas sociedades agrárias, em tempos mais recuados, as crianças ajudavam os adultos nos trabalhos do campo ou no cuidado com os animais. Entretanto, as sociedades industrializadas aproveitaram e exploraram essa mão-de-obra disponível por um baixo preço. Felizmente, a sociedade evoluiu e hoje, na maior parte dos países, aceita-se que o lugar das crianças é na escola e, não menos importante, no parque infantil. As cr

Lagarinhos

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(Este texto integra-se na blogagem colectiva “As Férias na minha Terra” proposta pela Susana, do blogue “Aldeia da Minha Vida”) Por vezes, durante alguns dias, troco o estuário do Tejo pela paisagem serrana desta aldeia da Beira Alta, berço de alguns familiares do meu marido. Não seria capaz de viver aqui, sou demasiado urbana. No entanto, gosto da pureza ingénua da aldeia. Gosto de acordar com o som do sino da igreja. Gosto de abrir a janela de manhã e ver os cumes da Serra da Estrela, coroados de neve, ou de nuvens, ou banhados de sol. Gosto das casas de granito, sólidas, sérias, fiáveis. Gosto do forno comunitário da aldeia, onde a prima Rosita ainda sabe cozer pão e bôlas de carne. Na Primavera, gosto dos campos e encostas polvilhados com os tufos de florinhas brancas da urze, como uma neve tardia. Gosto dos cães da serra. Gosto dos caminhos ladeados de pinheiros e delimitados por pedras centenárias. Lagarinhos / Abril 2009 (Foto de Fernando Ferreira) E, imperdível mesmo, gosto d

Leonard Cohen, I'm your fan!

Leonard Cohen vem actuar no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, dia 30 de Julho. Adoro este velho senhor da música, mas não estarei em Lisboa nesse dia. Como compensação, já levei para o carro os 4 CDs que tenho de Leonard Cohen - e continuo a não me cansar de o ouvir! Para os sortudos que o vão ver e ouvir ao Pavilhão Atlântico, aqui está um video de Leonard Cohen cantando "I'm your man" (uma das minhas canções favoritas, não há dúvida), com a vantagem de que vai passando a letra. Assim, podem ir ouvindo enquanto treinam as vozes para o concerto!

O Cerco a Jerusalém

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Neste mesmo dia 7 de Julho, mas no já longínquo ano da graça de Nosso senhor Jesus Cristo de 1099, Godofredo de Bulhões chegava às portas de Jerusalém. Decorria a primeira Cruzada. Depois do pregão feito pelo Papa, toda a Cristandade se levantou num impulso entusiástico para libertar o Santo Sepulcro das mãos do infiel. É claro que, no século XI, o mundo infiel estava, em muitos aspectos, mais desenvolvido do que a Cristandade, mas isso que importava para aqueles espíritos movidos pela fé, mas também pela ganância de dominar novos territórios e novas riquezas? Na 1.ª Cruzada, assim como nas que se lhe seguiram, cometeram-se atrocidades indescritíveis, em nome de Cristo e da sua Igreja. Mas conquistou-se Jerusalém. Por algum tempo, até Saladino a reconquistar para o mundo muçulmano. Nessa época, tal como hoje, Jerusalém representava o centro da fé, o prémio supremo. Disputada por três religiões, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, Jerusalém era considerada o centro do mundo, nos mapas d

Um blogue de cara lavada

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Deve ser efeito do calor e do verão, mas apeteceu-me pôr um visual mais fresco no meu blogue. Aceitam-se comentários ao novo visual.

O Humor Britânico

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Escrevia Bill Bryson, no seu livro sobre a Grã-Bretanha, de que falei ontem: “…ainda me espanto e impressiono com a qualidade de humor que se encontra nos lugares mais inverosímeis – lugares onde era impossível acontecer noutros países. Encontramos esse tipo de humor na linguagem dos vendedores das barracas, e no procedimento habitual dos artistas de rua – o tipo de pessoas que fazem malabarismos com paus a arder em cima de “bicicletas” de uma só roda, e que conseguem dizer piadas acerca deles próprios e de pessoas escolhidas no meio da audiência – e também nos espectáculos de pantomimas do Natal, nas conversas de pubs e nos encontros com estranhos em locais isolados.” Confesso que, se há característica de que eu gosto nos ingleses é precisamente esse tipo de humor que encontramos na situação mais inesperada. Um humor sarcástico, feito de trocadilhos e de alusões a pessoas ou situações reconhecíveis. Um humor irresistível. Recordo várias situações: um artista de rua em Bath; um mág

Crónicas de uma pequena ilha

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Para mim, que gosto de ler e de viajar, há um género de literatura absolutamente irresistível: a literatura de viagens. Passei pelo Bruce Chatwin – Na Patagónia ainda é um dos livros da minha vida – e confesso que o Gonçalo Cadilhe é o meu herói secreto: ele faz o que eu gostaria de fazer na vida, viajar e escrever sobre isso! Descob ri há pouco tempo outro “narrador de viagens” muito agradável. Chama-se Bill Bryson, e é um americano que viveu vários anos na Grã-Bretanha, trabalhando como jornalista. Conhecia Bill Bryson como o autor da Breve História de quase tudo , uma viagem divertida por quase tudo, dentro das ciências. Este livro, Crónica de uma Pequena Ilha , editado pela Bertrand, conta as peripécias de uma viagem que o autor faz pela Grã-Bretanha, incluindo aqui a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. É um livro encantador, com passagens profundamente cómicas, porque Bill Bryson conhece bem os ingleses e aponta os seus pequenos tiques e idiossincrasias com muito humor. Ta

Património da Humanidade

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Palácio de Monserrate - Sintra (Foto de Fernando Ferreira) O reconhecimento de um património histórico ou natural, a nível mundial, é feito pela UNESCO. Portugal tem 13 sítios ou conjuntos classificados, 12 do Património Histórico, 1 do Património Natural ( a Floresta Laurissilva da Madeira). Aí estão eles, acompanhados do ano em que foi feita essa declaração. Centro Histórico de Angra do Heroísmo (Açores) - 1983 Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (Lisboa) - 1983 Mosteiro da Batalha - 1983 Convento de Cristo (Tomar) - 1983 Centro Histórico de Évora - 1986 Mosteiro de Alcobaça - 1989 Paisagem Cultural de Sintra - 1995 Centro Histórico do Porto - 1996 Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa - 1998 Floresta Laurissilva da Ilha da Madeira - 1999 Centro Histórico de Guimarães - 2001 Região Vinhateira do Alto Douro - 2001 Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (Açores) - 2004 Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa (Foto de Fernando Ferreira) Neste momento, está em estudo a candidatura de

Titanic - A Exposição

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Hoje, tive de ir à Praça dos Restauradores e aproveitei para espreitar a exposição “Titanic”, que está patente na Estação do Rossio. Para mim, é sempre um deslumbramento passar na Estação do Rossio, com a sua bela fachada neo-manuelina, num estilo tão em voga no nosso século XIX. Confesso que, da fachada, só não gosto daquela figurinha que representa D. Sebastião, porque… não gosto de D. Sebastião! Se houvesse um ranking para os piores reis de Portugal, ele estaria porventura num dos lugares cimeiros. Quanto à exposição, foi uma boa surpresa. Está muito bonita, cativante. Vemos objectos que foram encontrados juntamente com o navio naufragado: objectos pessoais, óculos, peças de roupa, malas de mão; também objectos do próprio navio, enormes panelas, centenas de pratos, pedaços dos ornamentos das salas. Podemos tocar num pedaço do casco do próprio Titanic e num bloco enorme de gelo, que simula o iceberg que o afundou. Vemos as imagens das requintadas salas de convívio da primeira cla

Desafio

Na sequência da declaração da Cidade Velha de Santiago, em Cabo Verde, como Património Mundial da Humanidade, de que falei ontem aqui, resolvi fazer um desafio a quem me visita: quem sabe quais são os sítios portugueses declarados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade? Não falo de vestígios portugueses no mundo, mas sim do património de Portugal. Vou dar uma ajuda: são 13 sítios, 12 de património construído, 1 de património natural. Deixo este desafio até ao fim de semana. Alguém quer responder?

As Pegadas de Portugal no Mundo

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(Forte de São Filipe - portugalnotavel.com) Já tenho falado deste assunto aqui no blogue. Os portugueses andaram por todo o lado, descobriram meio mundo, comerciaram com a outra metade e, pelo meio, foram deixando os seus vestígios: a língua, a religião, os costumes e muitas construções. Efectivamente, nunca nos bastou o mero contacto casual, episódico. Sempre gostámos de nos misturar com as populações, de lançar raízes. Construímos fortalezas, igrejas, feitorias, mas também casas, núcleos urbanos que, por vezes, foram desaparecendo, engolidos pelo progresso. Alguns ficaram, porém, e atestam hoje da nossa presença em locais tão distantes como Mazagão, Santiago ou Malaca. A que propósito vem isto? A UNESCO, durante a reunião do Forum Mundial que decorreu em Sevilha, anunciou que a Cidade Velha de Santiago, em Cabo Verde, foi declarada oficialmente Património Mundial da Humanidade. Foi a primeira povoação edificada pelos europeus , neste caso pelos portugueses, nos trópicos e primeira