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A mostrar mensagens de junho, 2009

Sobre a Pedofilia

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Foi divulgado um relatório sobre as situações de pedofilia ocorridas e detectadas em Portugal, nos últimos anos. As conclusões não são surpreendentes, mas vêm esclarecer um domínio sensível, e sobre o qual se escreve muito, embora por vezes com base em ideias-feitas. Primeira conclusão – As principais vítimas são meninas, entre os 2 e os 9 anos. Infelizmente, tendo em conta o machismo que continua a aflorar na nossa sociedade, não surpreende. Segunda conclusão – A maioria dos abusadores sexuais estão dentro da própria família, o que torna mais simples a ocultação do crime. São pais, tios, padrastos, que abusam da situação de vulnerabilidade da criança que vive junto de si, muitas vezes debaixo do mesmo tecto. Este grupo perfaz 51 %. O segundo grupo mais numeroso é composto por pessoas que, não sendo familiares directos, conhecem a criança e vivem próximos dela. Neste grupo, que perfaz 41 %, incluem-se vizinhos, professores, amigos da família. O terceiro grupo, com apenas 8 %, é com

Parabéns, Saint-Exupéry!

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No dia 29 de Junho de 1900, na cidade francesa de Lyon, nasceu Antoine de Saint-Exupéry. Piloto da aviação civil, acaba por morrer num voo de reconhecimento em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Deixou várias obras escritas, entre as quais "O Principezinho". É um dos livros mais belos que já li e reli. Disfarçado de livro infantil, na verdade é uma obra profundamente simbólica, que trata do conhecimento que temos de nós próprios e dos outros, e das relações e laços que conseguimos estabelecer entre nós. Parabéns, Saint-Exupéry! E obrigada por ter deixado o Principezinho entre nós! Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

O Planalto e a Estepe

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De Pepetela, não é preciso dizer mais nada. Nome grande da literatura lusófona da actualidade, nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Passou pelo exílio, pela guerrilha, pela política; hoje é professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e dirigente de várias associações culturais. Além disto tudo, é um dos meus escritores favoritos. Recebeu o Prémio Camões em 1997. Neste s eu livro O Planalto e a Estepe, editado pela Editora D. Quixote, cruzam-se todas as referências da sua vida de luta e de sonhos a cumprir. Tendo como pano de fundo um amor que parece impossível mas que dura uma vida inteira, o protagonista, que fala na primeira pessoa, integra muitas das experiências de vida do próprio autor. Entretecida na luta pela libertação de Angola e na sua afirmação como país independente, ressalta a desilusão com o socialismo real e o internacionalismo proletário que servia de fachada aos conflitos da Guerra Fria. Mas, acima de tudo, é um romance de amor. Um amor que surge em Mosco

Imagens do Mundo

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Ontem, fui ver a exposição das fotografias premiadas do World Press Photo 2009 . É uma galeria impressionante, que nos leva de El Salvador ao Brasil, da Grécia à China, da Itália aos Estados Unidos da América. Desfilam à nossa frente imagens de animais em extinção, de desportistas em esforço, de cadáveres a boiar no rio ou soterrados num desabamento, transsexuais fazendo pose, pessoas comuns a lutar pela sobrevivência. São imagens deste nosso mundo, captadas por fotógrafos de imprensa. São impressionantes, questionam-nos e fazem-nos reflectir. A exposição tem entrada gratuita e está em exibição no Museu da Electricidade, em Belém, até ao final de Julho.

Ainda estou acordado, só tenho a alma a dormir

(Este post faz parte da blogagem colectiva comemorativa do Dia Internacional de Combate às Drogas) As drogas, como substâncias que induzem o adormecimento, a excitação ou a elaboração de fantasias e ilusões, são conhecidas e utilizadas pelo Homem desde sempre. Mesmo nas civilizações mais antigas encontramos vestígios da utilização dessas substâncias, por exemplo, antes de batalhas, ou em cerimónias religiosas. Basta lembrarmo-nos da famosa Pitonisa do Santuário de Delfos, que dava os seus oráculos embalada por ervas que eram postas a queimar no santuário. Ou das grandes orgias dionisíacas. Ou de tantos outros exemplos. Qual é a diferença entre essas épocas e a actualidade? É que hoje as drogas são um produto comercial, como qualquer outro. Os grandes traficantes de droga não têm quaisquer considerações éticas ou religiosas. Não se preocupam com os estragos sociais e morais que causam. Traficam droga, como traficam armas ou crianças para a prostituição. No

São João

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Quem disse que o São João é só no Porto? São João Baptista é o santo padroeiro de Alcochete. A ele está dedicada a Igreja Matriz, de raiz manuelina e classificada como Monumento Nacional desde 1910. A ele são dedicadas as festas da vila, no seu dia se comemora o feriado municipal. Não tendo a grandeza dos festejos da cidade do Porto, é uma festa singela mas cheia de tradições interessantes. Ontem, véspera do dia de São João, fez-se uma enorme fogueira no largo principal da vila, frente à Igreja. Os escuteiros fazem círculo, o Santo sai à rua para abençoar a fogueira. Depois, segue-se a festa popular. Há febras a assarem no largo. Toda a população está na rua. Os miúdos fazem estalar canas nas fogueiras que acenderam em cada rua. Hoje é dia de procissão. O São João, no seu andor engalanado, é carregado pelos rapazes dos grupos de forcados. Vai da Igreja até ao rio e aí há-de abençoar - por intermédio do padre - os barcos que já estão junto ao cais, enfeitados para a ocasião. O f

O Verão e Eugénio de Andrade

Como é que nunca coloquei aqui um poema de Eugénio de Andrade, um dos meus poetas favoritos? Como uma homenagem ao Verão recém-chegado, aqui fica um poema desse grande poeta, publicado no livro Branco no Branco, editado pela Limiar em 1984. O terraço da casa era o prodígio, nele passava o vento. Eu começara a descobrir o corpo e tinha a luz por confidente. O tempo pousava devagar nos muros altos, era verão, na minha insónia ao mar oferecia os meus cavalos: ao tocarem a água gritava de pavor, ou talvez de amor, já não sei bem. Viver então era crescer com uma flor entre os dentes, aprender a respirar com o perigo de a pele estalar num clarão a cada passo.

O Verão e as frutas

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Ontem, às seis horas da manhã, começou o Verão. Não era por acaso que todas as civilizações da Antiguidade festejavam o Solestício de Verão. E em boa hora a Igreja Católica integrou esses festejos na sua liturgia, transmutando-os em festas de homenagem a santos que, independentemente do que fizeram na sua vida, continuam a ser celebrados com as plantas tradicionais e as fogueiras, como nas festas pagãs. Compreendem-se os festejos, nesta época. É a altura do ano em que os dias são maiores, o sol brilha, tudo é mais luminoso. Colhem-se os frutos do ano de trabalho. Tudo parece mais simples, do vestuário às refeições. É a altura de preguiçar ao sol, de tomar banhos de mar, de conversar descuidadamente nas esplanadas, dos fins de tarde com cerveja e caracóis. Enfim, como cantava Ella Fitzgerald, "Summertime, and the living is easy..." No entanto, ontem, dei comigo a pensar que o Verão trazia outra coisa fantástica: as frutas! Os morangos chegam cedo, a anunciar a época. Depois, p

Uma Música, Um Momento

(Este Post faz parte da blogagem colectiva Minha Música, Meu Momento) Estávamos em 1974, 1975. Eu tinha toda a irreverência e ânsia de descoberta e autonomia de uma adolescente, levedada pelas ondas de liberdade que a Revolução dos Cravos tinha trazido a Portugal. Mergulhava na música com fervor, como se mergulha em tudo quando se tem 15 anos. Tinha uma boa relação com os meus pais que, tenho de o dizer, sempre tiveram uma santa paciência para me aturar. Mas, à minha ânsia de “outra coisa”, eles respondiam com o seu saber de experiência feito, que me parecia tremendamente castrador para as minhas asas que se abriam! Havia uma música que espelhava este conflito de gerações, tão eterno como o próprio fluir das gerações: “Father and Son” do Cat Stevens. Ainda hoje, por vezes, me lembro de passos desta canção, porque hoje sou eu que sou mãe de adolescentes! Eu adorava o Cat Stevens, sabia todas as músicas de cor e tive um grande desgosto (como só se tem na adolescência!) quando ele aband

O Mundo da Lusofonia

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Sempre achei que valia a pena investir na aprendizagem da língua portuguesa. Eu sei que é uma língua difícil, porque é de origem latina, cheia de particularismos e complicações gramaticais. Também sei que para nós, é pouco usual valorizar o que é nosso, é muito mais português valorizar a galinha da vizinha, que parece mais gorda, mas nem sempre o é. No entanto, sempre pensei que era pouco inteligente menosprezar uma língua que é falada por tantos milhões de pessoas pelo mundo fora. Porque o idioma português não é património exclusivo deste pequeno rectângulo à beira do oceano Atlântico. Na verdade, nós levámo-lo connosco na nossa expansão e hoje é património comum de um conjunto de nações que se distribui pela Europa, África, Ásia e América do Sul. Isto significa que é o idioma, não só deste jardinzinho à beira-mar, mas também de grandes economias emergentes como o Brasil e Angola. Por qualquer razão difícil de entender, os nossos governantes acharam que o investimento no TGV nos apro

Ainda o Magalhains!

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Oh! Que pena! Acabou o ano lectivo e o governo não conseguiu cumprir a sua promessa de entregar um computador Magalhães a cada criança do 1.º ciclo. Foi mais uma promessa por cumprir, não é? Havia a esperança de que o Magalhães revolucionasse tudo, até as nossas estruturas familiares!

A Figueira da Foz e Jorge de Sena

Há umas três semanas atrás, fui almoçar à Figueira da Foz. Não fui de propósito, fui de caminho para outros lados, mas estorricava-se em Lisboa e soube muito bem passear pela avenida marginal figueirense com uns simpáticos 26º C. Gosto da Figueira da Foz, embora nada de especial me prenda a ela, não faz parte da geografia emocional da minha vida. Assim, foi com um olhar descomprometido que caminhei pela marginal e dei comigo a pensar em Jorge de Sena. É na Figueira da Foz que se desenrola a maior parte da história do seu livro “Sinais de Fogo”. Parece-me que vejo Jorge e Mercedes sentados num banco da avenida, combinando os seus encontros. Imagino que vejo o Rodrigues a surgir detrás de um barquito, na praia de Buarcos. Vejo as barracas na praia e relembro as saborosas descrições dos comportamentos na praia e das distinções sociais a eles associadas: alugar uma barraca significava uma coisa diferente de alugar um simples toldo! E destas considerações se alimentava a burguesia portugues

Mais uma razão para ir a Bruxelas

Embora goste muito de viajar e já tenha andado um pouco pela Europa fora, ainda não fui a Bruxelas. Não calhou! É evidente que tenho anotados, no meu bloco de notas "Must see before I die!" alguns locais nessa cidade, como o Museu da Banda Desenhada, onde mora o Tintim da minha infância, ou a Grande Place, que alguns consideram a Praça mais bonita da Europa. Mas agora tenho mais uma razão para ir a Bruxelas: abriu este mês de Junho de 2009 o Museu Magritte. Este grande pintor surrealista belga é um dos meus favoritos e o museu foi instalado na casa (pertinho da Grande Place!) onde trabalhou durante 24 anos. Enquanto não posso lá ir pessoalmente, aqui fica o filme de apresentação do Museu, numa pequena viagem guiada por... cachimbos, chapéus-de-chuva e chapéus de côco, logicamente. Não posso deixar de sorrir ao lembrar-me das acesas discussões que alguns destes quadros suscitaram, neste ano lectivo, quando estava a trabalhar com os alunos do 9.º ano as novas correntes artístic

Que lugar te faz sentir em casa?

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(Foto: site da Câmara Municipal de Alcochete) (Tema de Junho da Tertúlia Virtual) Eu sinto-me em casa em qualquer lugar onde possa ser eu própria. Quando chego a um sítio e pouso a mala e fecho a porta e tiro as máscaras sociais todas. Não preciso de sorrir se não me apetecer e posso gritar se me der para isso. Sinto-me em casa se não precisar de pôr maquilhagem e controlar constantemente os meus gestos e as minhas palavras. Sinto-me em casa num lugar onde possa pôr os pés em cima da mesa para ver o meu programa de televisão preferido, enquanto como bolachas, e se achar graça rio, e se me emocionar choro. Às vezes, sinto-me em casa sentada à beira-mar, ou caminhando sem destino por Lisboa, anónima no meio de toda a gente. Gosto de me sentir uma peça especial, única, camuflada no meio da multidão! Mas o lugar que me faz sentir mais em casa, é aquele recanto do terraço onde tenho uma mesa, duas cadeiras e um chapéu de sol, e de onde vejo a Reserva Natural do Estuário do Tejo, ao longe o

Nos Passos de Pessoa

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Hoje, 13 de Junho, é dia de Santo António, como toda a gente sabe. Neste dia, em 1888, nasceu outro português notável, a quem foi dado o nome de Fernando António, em homenagem ao Santo. Refiro-me a Fernando Pessoa, como também quase toda a gente sabe. Aproveitando esta efeméride, o SAL (Sistemas de Ar Livre) organizou um passeio pela Lisboa pessoana, a que chamou “Nos Passos de Pessoa”. Foi um passeio muito agradável, que se iniciou em frente ao Teatro de S. Carlos, junto ao prédio onde Fernando Pessoa nasceu e o seu pai ouvia os ensaios das óperas sobre as quais, depois, escrevia as suas críticas. Passámos pelos cafés e espaços que frequentou e, a propósito deles, revisitámos locais significativos da cidade. Por muito que se conheça uma cidade, é sempre possível encontrar novos olhares, conhecer novas histórias, descobrir um recanto ou um significado diferente para o recanto onde já passámos dezenas de vezes. Isto também acontece com Lisboa. Há muitas pessoas que dizem que conhecem

Metropolitano

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Que me perdoem os indefectíveis adeptos dos transportes automóveis, mas eu, decididamente, prefiro o metropolitano. Por muitas razões: em Lisboa nunca há um sítio para estacionar quando precisamos dele; perdemos horas infinitas em filas de trânsito igualmente infinitas; de metro, acabamos por chegar onde queremos mais depressa e com menos ansiedade. Mas tenho de confessar que há outras razões, de que eu geralmente não falo. O automóvel faz-me sentir dentro de uma cápsula, isolada dos outros. Quem vive num prédio com garagem, pode sair de manhã para a sua cápsula, estaciona no parqueamento privativo da companhia onde trabalha, faz o seu dia de trabalho, sai, vai ao centro comercial, onde volta a estacionar no parque subterrâneo, faz as suas compras, ou vai ao cinema, ou faz qualquer outra coisa, e volta para casa, para a sua garagem. Pode passar dias inteiros sem interagir com os seus concidadãos, sem mesmo sentir a brisa da tarde ou o calor do sol, a não ser filtrado pelo ar condiciona

Obrigada, Presidente Obama!

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"Comunicado do presidente Barack Obama sobre o Dia de Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas Os Estados Unidos e Portugal têm uma forte e longa amizade. Hoje, no Dia de Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas, as pessoas de origem portuguesa pelo mundo marcam a data da morte do maior poeta de Portugal, Luís Vaz de Camões. É conhecido que Camões, que viveu entre 1524 e 1580, é mais conhecido por seu poema épico, 'Os Lusíadas' - um tributo à idade de ouro das descobertas e explorações portuguesas. Esta Nação (Estados Unidos da América) beneficiou das inúmeras contribuições de luso-americanos. Neste Dia de Portugal, eu orgulhosamente mando os meus melhores desejos a todos os que celebram a cultura e a herança portuguesa nesta ocasião." Não sei se o Presidente Obama manda esta mensagem a todos os países que comemoram o seu Dia Nacional, ou apenas àqueles que têm uma comunidade significativa a viver em terras do Tio Sam. Seja como for é simpático e é sempre ag

Relax!

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Eu sei que estamos todos cansados, mas vêm aí dois feriados! Aproveitemos para relaxar!

Um novo Museu dos Coches?

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As pessoas que se mantêm atentas a estas coisas - que não são tantas como seria devido, já se sabe - foram surpreendidas pelo anúncio de que se preparava um novo edifício para alojar o Museu dos Coches. Confesso que, quando li esta notícia, fiz um esforço para me recordar de aspectos verdadeiramente negativos ou degradados do actual Museu. Não me lembrei de nenhum. Pelo contário, lembrei-me de ter também, aqui há tempos, lido a notícia de que estavam a ser feitas obras de recuperação do espaço do Museu. Não sei se serão as mesmas que, durante algum tempo, obrigaram as peças em exposição a encontrar um abrigo num edifício do Parque das Nações. Seja como for, houve obras! Justifica-se, depois das obras feitas, o transporte do riquíssimo acervo do Museu para outro local? Dizia a dita notícia que o novo edifício seria uma obra de arquitectura projectada de raiz para o Museu. Permito-me opinar que qualquer obra de arquitectura moderna será, seguramente, menos adequada para a exposição dos c

As Maravilhas Portuguesas no Mundo

Neste dia 7 de Junho comemora-se mais um aniversário do Tratado de Tordesilhas que, no já longínquo ano de 1494, dividia o mundo conhecido mais o que haveria para descobrir, em duas metades: uma para Espanha, outra para Portugal. Na metade portuguesa ficou toda a África, parte do Brasil, uma grande parte da Ásia (até algum ponto, mal definido durante muito tempo!). A partir daí, a história é mais um menos conhecida. Espalhamo-nos por todos os continentes, procurando aventura e conhecimento, mas principalmente produtos para comerciar. Misturamo-nos com os nativos das diversas regiões, criámos muitas mestiçagens. Também criámos um império que tardou em perceber que o mundo tinha mudado. Entre as mestiçagens de que fomos protagonistas, quero destacar a mestiçagem cultural, de que o Brasil é, provavelmente, o melhor exemplo. Por todo o lado, deixámos palavras, modos de viver, toponímia, construções, muitas vezes inovadoras nas suas técnicas construtivas e nos materiais utilizados. O result

Compromisso: não voto PS!

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Pois claro!

Sam, o Koala

Este Koala foi encontrado em situação de desidratação, durante os grandes incêndios que devastaram a Austrália este ano, e que causaram cerca de 200 mortos entre os humanos e um número quase incontabilizável de mortos entre os animais. Sam, o nome com que foi baptizado este koala, salvou-se graças a um bombeiro, que lhe deu de beber e o ajudou a segurar a garrafa de água já que o koala tinha a pata ferida com queimaduras.  Diz-se que os países se definem pelo modo como tratam os animais. As pessoas também.

Uma Viagem ao Mundo dos Poemas

De vez em quando, tenho de ir ao sótão seleccionar e arrumar todas as coisas que lá vamos acumulando, brinquedos, livros escolares, papéis diversos, e outras milhentas coisas que por lá ficam, à espera que alguém vá algum dia olhar para elas e descobrir-lhes novamente uma utilidade. Estava a arrumar uma pequena estante que lá tenho, atafulhada de revistas e jogos dos miúdos, quando encontrei um pequeno livro chamado “Uma Viagem ao Mundo dos Poemas”. Foi organizado e editado, com o apoio da Câmara Municipal, por uma professora de História e Língua Portuguesa da minha escola; nesse pequeno livro juntam-se os poemas feitos por uma turma de 6.º ano, num ano lectivo já bem passado! Alguns poemas são deliciosos e não resisto a transcrevê-los. A Fabiana que, segundo conta o livrinho, tinha 11 anos e gostava de acabar com a pobreza, a caça e, se pudesse, não deixava que queimassem e cortassem árvores, escrevia: Raio de sol   Ilumina o mundo Raio de sol   Ilumina a terra Raio de sol

Já ninguém morre de amor

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Depois de ter lido “Enquanto Salazar dormia”, de que gostei bastante, tinha alguma curiosidade em relação a este último livro de Domingos Amaral. O título pode dar-nos a ideia de uma espécie de romance cor-de-rosa, mas não é assim, não é um texto lamechas.   É um livro bem construído que, de uma forma interessante e atractiva, conta a história de quatro homens da família Palma Lobo, quatro homens de gerações diferentes, unidos por um destino comum, uma tendência para os amores avassaladores e destrutivos. Há imagens excessivas, como excessivos são certos amores: o funeral fictício, o homem enforcado com gatos e cães, o outro que morre a fornicar para exorcisar a imagem da mãe. O romance cruza oceanos, já que encontramos os Palma Lobo nos vários palcos em que encontramos portugueses, entre Portugal, o Brasil e Angola. Mas o romance cruza também o Portugal do século XX, pois a história daquela família vai-se entrelaçando com a história portuguesa, com a evolução e as convulsões do país,

Ainda o Buçaco

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O Palace Hotel fica no Buçaco, mas o Buçaco não é só o Palace Hotel. E eu não era eu se não andasse por todo o lado, a procurar tudo o que pudesse ser interessante. Para começar, a Mata do Buçaco. Área protegida, foi mandada plantar pelos frades da Ordem dos Carmelitas Descalços, que aí construíram um convento no início do século XVII, o Convento de Santa Cruz, de que hoje pouco resta. A Mata vale bem um passeio, com tempo para apreciar os recantos, a vegetação densa, com destaque para os imponentes cedros: alguns desses cedros datam do século XVII e estendem-se para o céu como colunas formidáveis. Por toda a zona envolvente do hotel, encontram-se também ermidas e pequenas capelas, assim como uma interessante Via Sacra. Infelizmente, todas apresentam o mesmo ar de abandono, sujas, sem iluminação, com as imagens partidas. Os percursos pedestres também não estão bem sinalizados, levando a enganos frequentes. Há dois miradouros que vale a pena procurar, o das Portas de Coimbra, bem pert