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A mostrar mensagens de janeiro, 2016

Uma música com trezentos anos

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Ontem, mais uma vez, o Patriarcado de Lisboa ofereceu à população lisboeta um magnífico concerto, tal como já tinha acontecido no ano passado, por ocasião da comemoração do 250.º aniversário do orgão da Igreja de São Vicente de Fora. Mais uma vez, o organista João Vaz e o Coro Capella Patriarchal partilharam o palco, que é como quem diz o púlpito da igreja... É sempre com muito prazer que assisto a um concerto na Igreja de São Vicente de Fora. A igreja é muito bela e imponente e eu perco-me a apreciar as capelas laterais ou as estátuas que se abrigam debaixo do enorme baldaquino! Mas ontem, houve outro motivo de apreço: foi interpretada uma obra de João Rodrigues Esteves, músico da corte de D. João V, chamada Vésperas de Natal. Datada de 1737, foi ontem ouvida pelo público pela primeira vez desde essa data.  Esta belíssima peça ficou quase trezentos anos perdida nos arquivos do Patriarcado de Lisboa. Não é com certeza caso único. Sabemos que muitas partituras e peças musicais se p

Ovinhos pr'ás meninas e pr'ós meninos

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Tenho dois filhos naquela faixa etária que é geralmente chamada dos jovens adultos. Sendo assim, tenho cerca de vinte anos de contacto estreito com os ovinhos de chocolate da Kinder, os Kindersurpresa. Os meus filhos adoravam-nos, tal como os amiguinhos deles. E nem sei se gostavam mais do chocolate de leite do exterior, se dos bonecos que vinham no interior. Eram sempre brinquedos engraçados e estimulantes. Bonecos e objetos para montar, com várias peças, que os deixavam por ali distraídos durante um bom bocado de tempo. Pequenos puzzles, que os faziam pensar. Ou outras coisas, divertidas e, a seu modo, formativas. Com o tempo, os brinquedos foram-se simplificando. Peças maiores, em menor número. Percebi a intenção: peças pequeninas poderiam ser ingeridas inadvertidamente pelas crianças. Os ovinhos tornaram-se menos interessantes, mas foi por uma boa causa. Há pouco tempo, no entanto, houve outra alteração mais espantosa. Os ovinhos de chocolate deixaram de ser unissexo. Passou a

O Museu Interactivo do Megalitismo

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E já que falamos de museus, vai também abrir ao público um novo museu no Alentejo, mais precisamente no concelho de Mora. Está já em construção junto à antiga estação dos Caminhos de Ferro, que vai também ser requalificada e integrada no complexo museológico. O tema é o Megalitismo, o que achei muito interessante. Se há sítio apropriado para criar um museu sobre o megalitismo, é o Alentejo. É uma região rica em vestígios dessa cultura megalítica que, numa época já remota, entre 6.000 e 2.000 anos antes de Cristo, se desenvolveu no oeste da Europa, num arco atlântico que vai do nosso país até à Inglaterra. No Alentejo, encontramos inúmeras antas, algumas em excelente estado de conservação. Encontramos menires. E encontramos até um monumento extraordinário, o cromeleque dos Almendres, que eu considero ser o património edificado mais antigo da Europa e sobre o qual já escrevi aqui . Fazia falta um museu, ou um espaço de interpretação e divulgação de todo esse património extraor

Um novo museu em Lisboa

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Vai nascer em Lisboa um novo museu. Já está em construção, em Belém, perto do atual Museu da Eletricidade e, tal como este, pertence à Fundação EDP. Será o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT).  O novo MAAT terá um enorme espaço para exposições e eventos e, segundo os planos da arquiteta britânica Amanda Levete, terá ainda um restaurante virado para o Tejo. Tem uma originalidade: poderá passear-se por cima do edifício. o que pode ser bem interessante, considerando que fica à beira-rio. O diretor do novo museu será o arquiteto Pedro Gadanho, que exerceu o cargo de curador no MOMA, em Nova Iorque, nos últimos anos, por isso as expectativas são grandes.  Abre ao público no próximo verão.

Um deus assassino

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Faz hoje um ano que aconteceu o ataque terrorista à revista francesa Charlie Hebdo, que todos recordamos. Como é compreensível, os atuais editores fizeram uma edição que recorda esse dia terrível em que, em nome de um fanatismo religioso e ideológico sem limites, foram assassinados vários dos cartonistas e colaboradores da revista.  Na capa do número de hoje, surge um desenho de um deus assassino, com uma metralhadora a tiracolo e as roupas manchadas de sangue. Não gosto do desenho. Não sei se existe um deus ou não, se é um velhote barbudo, uma grande mãe ou a máquina do universo. O que sei é que os deuses e as ideias não têm culpa dos dislates, exageros e violências que se cometem em seu nome. Não gosto do desenho. No entanto, considero que os desenhadores da revista Charlie Hebdo têm todo o direito de o fazer, se lhes apetecer. A isso, chama-se liberdade de expressão. E faz toda a diferença!

O professor do ano

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Fim de ano, início de ano... épocas de balanço! Daqui a pouco começamos a ouvir notícias sobre os Óscares, os Emmys e... o professor do ano! Este prémio começou a ser atribuído em 2007, e o primeiro professor a ser agraciado com o título e o montante pecuniário respetivo foi Arsélio Martins, pai da nossa estimada deputada Catarina Martins. Digo desde já que não simpatizo com este prémio. Nem me parecem muito fiáveis os seus critérios de atribuição. O que faz um bom professor? O número de vezes que falta ou não falta? Os projetos que dinamiza? As visitas que faz com os seus alunos? Se cumpre ou não os programas escolares? O que é que torna um professor importante na vida dos seus alunos? Será algum fator que possa ser medido, ou mesmo avaliado por quem está do lado de fora da sala de aula? Li alguns artigos sobre os professores agraciados ao longo destes anos. Falavam em carinho e empenhamento. Como se isso se medisse facilmente!... Noutro caso, o repórter dizia que o professor pre

Pagar para visitar?

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Ontem, ao princípio da tarde, quis experimentar a minha máquina fotográfica nova e fui até Cacilhas. Há muitos anos que não andava por aquelas bandas, mas a ideia era fotografar Lisboa do outro lado do Tejo. Mudei de ideias quando vi, ancorada junto ao Clube Náutico de Almada, a fragata D. Fernando II e Glória.  Antiga fragata de guerra, construída na India portuguesa, em Damão, foi lançada às águas em 1843. Embora fosse um navio de guerra, transportava passageiros e fazia a ligação entre Portugal e os territórios portugueses na India. Já no século XX, foi transformada em Navio-Escola de Artilharia Naval e depois em sede da Obra Social da Fragata D. Fernando, recolhendo rapazes com fracos recursos económicos, que aí recebiam instrução escolar e treino de Marinharia. Em 1963, sofreu um violento incêndio e permaneceu encalhada no rio Tejo até 1992, altura em que foi novamente posta a flutuar e reconstruída.  Restaurada tal como era na década de 1850, a fragata D. Fernando II

O Ano em que o Calendário Avariou

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E, porque há muito tempo não publicava aqui uma poesia, cá vai uma mesmo a propósito para fechar a quadra natalícia e, ao mesmo tempo, desejar a todos os que aqui passam um ano espantoso, com calendário avariado ou não! O ANO EM QUE O CALENDÁRIO AVARIOU (Manuel António Pina ) Foi numa noite de Natal. Estávamos em maio mas não fazia mal, tinha havido uma avaria no calendário e naquele ano saiu tudo ao contrário: o Natal em maio, a primavera em novembro, o 1.º de abril a 22 de setembro. Eu que tenho mais de 100 anos não me lembro de ter feito tanto calor como em dezembro. Houve semanas com cinco dias, outras inteiras, uma em julho teve 16 segundas-feiras! Até houve a semana dos nove dias. Muitas promessas foram naquele ano cumpridas! Foi um ano tão maluco, tão completamente bissexto, que para muitos serviu de pretexto para trocar as voltas ao calendário e festejar todos os dias o aniversário. Naquele ano espantoso cada um podia ter à vontade as suas manias porque to