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A mostrar mensagens de novembro, 2009

O leão dentro de nós

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F ui convidada para fazer uma comunicação sobre (imaginem!) O Gato na História . No meio das minhas pesquisas na internet por umas fotografias engraçadas de gatos para embelezar a apresentação, encontrei esta imagem. Achei muito interessante e fiquei a pensar no que ela significa. Hoje em dia, somos massacrados pelo peso da imagem. Vivemos no império da aparência, em que a pergunta omnipresente parece ser: o que pensam os outros de mim? Segundo os estudos que estão sempre a enfiar-nos nos ouvidos, a imagem condiciona o sucesso profissional, a selecção do parceiro sexual, a vida social, e por aí fora. Mas há outra pergunta tão ou mais importante do que essa: o que é que eu penso de mim próprio? Que imagem é que eu tenho de mim? Quando, de manhã, me levanto e me olho no espelho, o que é que eu vejo (além de alguém com ar obrigatoriamente estremunhado)? Vejo um vencedor ou um vencido? Tenho confiança nas minhas capacidades? Acho que consigo ultrapassar os desafios que cada dia tr

Os Queen em versão marreta

Freddie Mercury, nome artístico de Farrokh Bommi Bulsara, nascido na ilha de Zanzibar, em Stone Town, faleceu em 24 de Novembro de 1991. No dia anterior tinha anunciado ao mundo que tinha SIDA. Quem não o conhece? É um dos ícones dos anos 70 e 80 e são da sua autoria algumas das canções mais emblemáticas dos Queen, como esta Bohemian Rapsody, considerada pelo público britânico a melhor canção do século XX. Não sei se é ou não, sei que gosto muito. É uma das canções mais vendidas, reproduzidas e cantadas até hoje. Para celebrar, ou melhor, para relembrar Freddie Mercury quando passou mais um aniversário da sua morte, os Marretas fizeram a sua própria e muito especial interpretação deste enorme êxito dos Queen.  Para quem gosta dos Queen e para quem gosta dos Marretas. Vale mesmo a pena ver e ouvir.

Sugestão para o jantar!

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A Campanha internacional "Meatless day", ou Dia sem Carne, acontece desde 1986, como forma de consciencializar as populações para a forma como os animais são abatidos. Acaba por funcionar como um dia de compaixão pelos animais e de preservação de todas as formas de vida. Encontrei esta indicação no blogue Luz de Luma , e não resisto a transcrever a sua última frase: "Neste dia, não coma nada que sangra para morrer. Ao invés de se alimentar de um animal, alimente um animal!" Achei a ideia interessante. E agora, o que fazer para o jantar? Já decidi: Cogumelos com ovos, que toda a gente gosta cá em casa! Deixo aqui a sugestão culinária, para quem quiser celebrar o dia e esteja com pouca imaginação. Cogumelos com ovos 300g de cogumelos frescos 6 dentes de alho 3 colheres de sopa de azeite 1 pãozinho (carcaça) seco 1/2 chávena de leite 3 ovos  sal e pimenta Lave os cogumelos e corte-os em quartos. Descasque os alhos e corte-os muito finos. Coloque nu

Ninguém me quer encontrar?

A cantora Avril Lavigne cedeu esta canção para servir de banda sonora deste pequeno filme, que tem como objectivo a sensibilização para a problemática dos animais abandonados que são, todos os anos, encerrados em canis ou gatis e sujeitos a eutanásia,  ou, dizendo de uma forma mais simples, mortos. O abandono dos animais é uma triste realidade que nos envergonha, enquanto seres ditos civilizados. Vale a pena ver o video, embora eu não o recomende a pessoas muito sensíveis. Eu confesso que fiquei com uma lagriminha nos olhos, mas eu gosto muito de cães, não é? Agora que se aproxima o Natal, e andamos todos a dar voltas à cabeça a pensar nas prendas, porque não dar uma prenda diferente? Vá a um canil e traga um novo amigo para casa. Vai ver que é um amigo para a vida inteira. A escolha é difícil porque é imensa.

Fumar ou não fumar, eis a questão

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N o passado dia 17 de Novembro, comemorou-se mais um Dia do Não Fumador. Sem grande pompa nem circunstância, devo referir. Talvez o assunto comece a estar estafado. No entanto, lá surgiram alguns programas e reportagens sobre as doenças associadas ao tabagismo, a evolução do número de fumadores e fumadoras, e outras coisas idênticas. Entre as viagens de carro e o tempo que passo a fazer o jantar e arrumar a cozinha, tenho ouvido algumas dessas reportagens. E houve uma que me pôs a reflectir!... Falava-se de um estudo sobre a idade dos fumadores. E a conclusão era: a maioria dos fumadores começa a fumar entre os 15 e os 17 anos; deixa de fumar entre os 40 e os 45 anos. Dei comigo a pensar. Já sabemos que começar a fumar funciona como um rito de passagem para a idade adulta. Será que deixar de fumar é um sinal de passagem para a maturidade?

Postal de Lisboa X - A Fonte Luminosa

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Os lisboetas continuam a chamar-lhe Fonte Luminosa, embora eu já não me lembre da última vez que a vi iluminada ou a deitar água. Quando eu era pequenita, sim, recordo-me desta grande cascata de água a cair e até, por vezes, em alturas especiais, iluminada por holofotes de várias cores, que lhe davam um ar fantástico, em que os cavalos e as sereias navegavam no meio dos arco-íris. Ia jurar que ainda tenho fotografias minhas, a brincar no grande relvado fronteiro à Fonte Luminosa. Depois do 25 de Abril, secou. Nas grandes manifestações que aí decorreram, na época da Revolução, já não me lembro de a ver com água. A Fonte Luminosa foi construída em 1940; ainda lá tem a placa comemorativa da inauguração pelo presidente Óscar Carmona. Foi uma das obras emblemáticas do regime e ainda hoje é um bom exemplo daquilo a que chamamos, geralmente, a arquitectura do Estado Novo. As linhas direitas, as figuras monumentais, são típicas da época e dialogam na perfeição com o Instituto Supe

Tolerância

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Hoje é o Dia Internacional da Tolerância. Tolerância que não encontramos muito, nas nossas relações pessoais, profissionais, internacionais! Apesar dos discursos e dos enunciados de intenções.  Encontrei esta imagem, linda, no blogue Conversas Daqui e Dali , juntamente com um desafio que aqui deixo, para quem tiver a coragem de responder a estas perguntas, só aparentemente fáceis. Eu já respondi. 1 – O que significa ser tolerante. Para mim, ser tolerante significa simplesmente aceitar o outro e aceitar que o outro tem direito a ser diferente de mim. 2 – Em que situações tenho dificuldade em praticar a tolerância. Tenho muita dificuldade em tolerar a intolerância, a infalibilidade ideológica, o desprezo pelos direitos individuais. Também me custa a tolerar a mentira, mesmo as mentirinhas pequeninas. Mas francamente o que me custa mais a tolerar é a arrogância da estupidez. 3 – Tolerância será abrir mãos das próprias convicções? Porquê? Acho que não tenho de prescindir

O Preto e a Branca

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(Este texto é uma resposta ao desafio lançado pela Fábrica de Letras) Era uma vez uma quinta onde viviam dois gatos: um grande gato preto, chamado, sem grande imaginação, Preto; e uma bela gata branca, chamada, imaginem se conseguirem, Branca. Eram casos raros na quinta, onde imperavam os castanhos, os vermelhos, os azuis e todos os tons de verde. Tal como acontece frequentemente com aqueles que não se conhecem, passavam um pelo outro de largo, com desconfiança, mirando-se como quem não está a olhar. Um dia, encontraram-se em cima do telhado. Não havia muito por onde andar e tiveram de fazer conversa. “Olá! O meu nome é Preto!” adiantou o gato. “Preto como o carvão. E eu sou Branca como a farinha!” miou a gata. O gato encurvou os bigodes em sinal de interrogação e ela continuou: “Era uma poesia que o meu dono lia aos filhos, quando eles eram pequeninos.” O gato estendeu a enorme pata, enquanto preparava o seu discurso sedutor. “Branca como a farinha, como a luz da Lua, como as nuve

Uma aldeia como tantas outras

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No fim de semana passado, quase por acaso, fomos descobrir uma aldeia interessante e pitoresca, do interior de Portugal. Chama-se Póvoa Dão e localiza-se perto de Carregal do Sal, próximo da antiga Estrada da Beira. O drama da maioria das aldeias portuguesas, longe dos grandes centros, fora dos circuitos turísticos habituais, é o isolamento, o abandono, a desertificação. Parte o coração passar por muitas dessas aldeias e não ver ninguém, ou ver apenas meia-dúzia de velhos, porque os mais jovens já foram embora, em busca de uma vida mais fácil. Não é simples alterar o destino dessas aldeias. Mas foi o que aconteceu em Póvoa Dão. Parecia destinada ao abandono e ao esquecimento mas, em vez disso, está cheia de movimento, de conversas e de risos.  Segundo apurámos, a aldeia ficou abandonada, como tantas outras. Foi então que um empresário do Centro do País decidiu comprá-la. Assim, comprou uma aldeia inteira. E começou a recuperar as casas. Iniciou um negócio de turismo de habi

Uma história de vida

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Quando estive em Israel, no Verão passado, tive o privilégio de encontrar alguns sobreviventes do Holocausto nazi. Um deles foi Albert Neuwirth, sobrevivente do gueto de Budapeste. Contou-nos a sua história de sobrevivência, desespero, perseverança. (A Grande Sinagoga de Budapeste) O pai tinha emigrado para a América Latina, para abrir um talho de carne “kosher” ( carne de animais mortos e preparados segundo os preceitos da religião judaica), na Argentina. Quando a situação lho permitiu, enviou bilhetes de barco para a mulher e os filhos se lhe reunirem. A uma semana do barco sair, a guerra deflagrou, os portos fecharam-se e, tal como tantos outros judeus, Albert ficou preso numa Europa que não lhes permitia viver livremente, mas que também não lhes permitia partir. A Hungria era então aliada do Terceiro Reich hitleriano, e os judeus foram encerrados em guetos, para agradar ao poderoso vizinho. Até 1944, foram sobrevivendo, com a ajuda de diplomatas estrangeiros, como Raoul Wall

A Queda do Muro

Faz hoje vinte anos que caiu o Muro de Berlim. Já vinte anos! Lembro-me bem desse dia, em que todos assistimos, pela televisão, à avalanche de pessoas que se precipitava sobre o Muro, frente à face atónita dos guardas da Alemanha de Leste, paralisados pela surpresa e por um vento de liberdade que soprava, por aqueles tempos, por toda a Europa de Leste, das Repúblicas "populares" e "democráticas". Hoje, Berlim e a Alemanha estão de novo unificadas, mas as marcas psicológicas ainda irão demorar algum tempo a desaparecer. O século XX assistiu à ascensão e queda de duas ideologias totalitárias, o fascismo, derrubado no final da Segunda Guerra Mundial, e o comunismo, que caiu ao mesmo tempo que o Muro de Berlim, permitindo ver o que estava do outro lado. Os canais televisivos já disseram tudo o que havia a dizer sobre esta efeméride. Só quero acrescentar os meus parabéns à Alemanha e à Humanidade. BRIDGE THE DIVIDE from ABOVE on Vimeo .

Os Anagramas de Varsóvia

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É o título do último livro de Richard Zimler. Para quem não conhece, Zimler é um americano radicado há muito aqui em Portugal, mais precisamente no Porto. De origem judaica, toda a sua família materna morreu no vendaval nazi que varreu a Europa dos anos 30 e 40. Essa origem judaica perpassa na sua obra, desde O Último Cabalista de Lisboa, editado já em 1996, e que decorre na Lisboa do início do século XVI, no momento em que acontece o primeiro grande ataque aos judeus em Portugal. Continua com Goa ou o Guardião da Aurora , um dos livros da minha vida, que retrata a actuação da Inquisição goesa, ou com À procura de Sana , que tem como pano de fundo a angústia do conflito israelo-palestiniano. Também o livro Os Anagramas de Varsóvia nos leva atrás no tempo, ao gueto de Varsóvia, onde milhares de judeus são encerrados, em condições cada vez mais penosas, até à Solução Final. Basicamente, é um livro policial. Erik Cohen, um velho psiquiatra, com a ajuda do seu velho amigo Izzy, tenta

Postal de Lisboa IX - A Feira da Ladra

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A Feira da Ladra é parte integrante do imaginário da cidade de Lisboa. Espalha-se pelo Campo de Santa Clara e é preciso lá ir para entender Lisboa e os lisboetas. A localização diz-nos logo algumas coisas sobre as misturas que lá vamos encontrar: a meio caminho da Graça; paredes-meias com Alfama; encostada ao Patriarcado, na Igreja de São Vicente de Fora; ao virar da esquina do Panteão Nacional, ex-obras de Santa Engrácia. É um espaço multifacetado, onde se encontra de tudo e toda a espécie de pessoas. Há que percorrer as ruas e caminhos com vagar, observar e ouvir as pessoas. Vem-me à memória Sérgio Godinho: É terça-feira, Feira da Ladra, Abre hoje às cinco da madrugada E a rapariga Desce as escadas quatro a quatro, Vai vender mágoas ao desbarato. Vai vender juras falsas, Amarguras, ilusões, Trapos e cacos e contradições. Continua a ser um espaço onde se podem comprar e vender todas as coisas que nos possam vir à cabeça. Há alguma organização, per

Bucólica

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O meu post anterior, sobre as brincadeiras da infância, fez-me recordar muitas coisas. Por exemplo, lembrei-me de um livrinho de poemas que recebi como prémio escolar na minha 3.ª classe, portanto com 9 anos. Consegui descobrir esse livrinho e voltei a sentir a mesma emoção. É um livrinho pequeno, de 1965, com poemas de grandes autores portugueses, explicados em palavras simples, para serem entendidos por crianças de 9, 10 anos. Li-o e reli-o muitas vezes. Com ele, aprendi a amar o som, o ritmo das palavras, naquilo a que chamamos poesia. Com ele, conheci Luis de Camões e Fernando Pessoa, Sebastião da Gama e Teixeira de Pascoaes. Das poesias que então lia e amava, escolhi uma de Miguel Torga para partilhar aqui. Bucólica A vida é feita de nadas: De grandes serras paradas à espera de movimento; de searas onduladas pelo vento; de casas de moradia caiadas e com sinais de ninhos que outrora havia nos beirais. De poeira; de sombra duma figueira. De ver esta maravilha: m

Brinquedos e brincadeiras

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(Este texto insere-se na Blogagem Colectiva de Novembro do "Vou de Colectivo!") Quando me lembro da minha infância, automaticamente vêm-me à memória os momentos de brincadeira. E eram muitos! Eu vivi até aos dez anos numa casa antiga, com um quintalzinho nas traseiras que, por sua vez, dava para um quintal muito maior, com galinhas e árvores de fruto. Quando os donos se mudaram e o quintal ficou ao abandono, a minha aventura predilecta era saltar o pequeno muro e explorar aquele mundo, que parecia só meu! Já não havia galinhas, mas havia muitos gatos e um ou outro cão rafeiro que por lá aparecia. Também havia figueiras, a que eu trepava para comer os figos. Quando eu era pequena, a vida na cidade não era tão complicada e insegura como hoje, e eu brincava muito fora de portas. Eram tardes inteiras a jogar à macaca, ou a saltar ao elástico! Os pais não precisavam de pôr os miúdos no ginásio, nós fazíamos muito exercício por nossa própria iniciativa. Também passava muito te