Pessoas que não se calam

Há um certo tipo de seres humanos que, numa viagem, são totalmente insuportáveis: as pessoas que não se calam...
Geralmente, no meio da lufa-lufa do dia a dia, não damos muito por elas. Mas, quando nos sentamos num autocarro ou num comboio para uma viagem mais ou menos longa e temos a pouca sorte de ter uma pessoa assim como companheiro de viagem, não temos escapatória. Começam por esboçar um sorriso ou tecer qualquer comentário amável e, quando damos por isso, já estão lançadas em monólogos imparáveis. Como somos, em geral, pessoas bem educadas, não temos a coragem de as mandar logo às urtigas e aguentamos estoicamente, fingindo algum interesse por todos os pormenores com que esses faladores nos vão bombardeando...
Podemos tentar, de quando em vez, transformar o monólogo em diálogo e dizer algumas palavras. Mas é um esforço inglório. Essas pessoas estão tão centradas em si mesmas que rapidamente interrompem para voltar ao seu discurso. Contam tudo, falam de uma vida que pode ser real, ou imaginada, ou ligeiramente pintada com cores mais alegres... Quem sabe? Se falarem muito, até podem acreditar no que dizem...
Regularmente, esboçamos algumas tímidas tentativas de fuga: abrimos o livro que trazíamos na mala, ou fechamos os olhos por momentos... mas a verborreia do falador regressa na primeira oportunidade.
A geração mais nova já descobriu aquela que me parece ser a defesa mais eficaz contra esses faladores: é pôr os phones e deixá-los a falar sozinhos! Bendita tecnologia!


Comentários

  1. Puxa, é muito chato mesmo quando encontramos vizinhos de viagem assim,Credo! Melhor mesmo os fones de ouvido ou fingir que dorme,rs bjs, chica

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  2. o pior ainda é quando estão a falar ao telemóvel contam a vida toda e nós temos que levar com eles... é terrível...

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  3. Pois... A juventude anda na rua de fones, às vezes sem ouvir nada, porque os usam só para dar estilo, mas é um repelente para fala-baratos.
    Eu tenho tido sorte. Uma vez, uma senhora começou a falar e, ao inicio eu até queria ler o meu livro, mas depois interessei-me pelo relato da vida monótona e ligeiramente triste da velhinha e fiquei feliz por a ter ouvido. Noutra ocasião, um senhor sentou-se ao meu lado no comboio, depois de me cumprimentar educadamente e pedir licença para ocupar o lugar. depois de mais de meia hora sem dizer palavra, fui eu que lhe perguntei "entao e o senhor vai para onde?". Conversámos o resto do caminho e eu maravilhei-me com a sua sabedoria e cultura.

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    Respostas
    1. Briseis
      O diálogo até pode ser muito interessante, o monólogo é que, geralmente, não é...
      Bjs

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  4. Olha, eu acho que educação tem limite e normalmente não me sujeito passivamente à conversa desinteressante de tagarelas empedernidos. Acham-me malcriada? Paciência, antes isso que levar com eles... :)

    Beijocas

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  5. Uma autêntica praga, esses cromos!

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