Da separação
E quando o amor se acaba? Quando chega uma separação, forçada ou intencional, prevista ou inesperada? O nosso mundo fica em ruínas para sempre... ou até ao momento em que o coração, um músculo trabalhador, recomeça a bater por outro amor. Ainda bem que é assim!
Martha Medeiros é uma jornalista, escritora e poetisa brasileira, e eu gosto muito de ler os seus textos. Neste, ela fala precisamente sobre esse trauma que, provavelmente, já sacudiu a vida que quase todos nós, a separação.
O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro,
faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra
bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque
não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um
sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido,
termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo
tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói
em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar
rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a
presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande
responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do
outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.
E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público,
encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para
esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que
nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o
amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas
nos fazem chorar dentro do carro.
Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente
secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um
novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.
Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra
vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas
sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.
(Martha Medeiros, fotografia do Google images)
Só quem nunca passou por isso, pode ignorar o quanto se sofre.
ResponderEliminar"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
ResponderEliminarQue nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
.../..."
... a outra metade do Oswaldo Montenegro nas "Horas extraordinárias do amor"
Eu não existo sem você
Como diz uma amiga minha, amor é como o autocarro: perde um, apanha o seguinte! :)
ResponderEliminarMas no compasso de espera não deixa de doer, evidentemente!
Gostei do texto, bastante mais poético que a teoria da minha amiga... :D
Beijocas!
Olá Teresa,
ResponderEliminarvoltei ao meu blogue e assim apercebi-me k tens escrito bastante. É bom ter-te de volta.
O Amor é mesmo complicado e difícil. Sempre amei pessoas erradas, homens k me fizeram sofrer, até k encontrei o Nando.
Beijinhos
O sofrimento também faz parte do amor, como diz a canção, não é?
ResponderEliminarAinda bem que, às vezes, as coisas resultam bem.
Bjs