Barrigas de aluguer


Há uns tempos atrás, o mundo que se interessa por essas coisas ficou a saber que a actriz Sarah Jessica Parker tinha decidido ter um filho através de uma... barriga de aluguer. A justificação era não querer estragar a figura. Já na altura me interroguei: não quer estragar a figura ao engravidar? e se a criança chorar de noite? também não vai acudir-lhe para não ficar com olheiras? e tantas, tantas outras situações que surgem e que exigem de nós uma total entrega? Enfim, encolhi os ombros do espírito e pensei: "É a tecnologia ao serviço da futilidade!"
Agora, há alguns dias, li uma notícia ainda mais inquietante. Segundo a revista espanhola "Yo Dona", a revista do jornal El Mundo, há uma espécie de negócio de procriação a desenvolver-se, o qual envolve já qualquer coisa como 400 milhões de euros. Trata-se do aluguer de ventres maternos na ... India! Atendendo aos preços que as barrigas de aluguer atingem nas clínicas ocidentais, os genes espanhóis ou americanos viajam para a Índia, onde são implantados em barrigas indianas, por preços muito mais competitivos. As mães de aluguer indianas não podem, durante a gravidez, sair à rua e têm as visitas de familiares bastante limitadas. Ficam em clínicas e recebem, por cada "contrato", entre 3500 e 4500 euros, o que corresponde a cerca de dez anos de trabalho no campo ou a uma casa modesta numa zona rural. O negócio parece ser florescente e do agrado das várias partes.
Será que esta é uma nova divisão do trabalho, em termos internacionais? Será que isto não levanta qualquer tipo de interrogações, de nível social e ético? Será que este negócio só me arrepia a mim?




Comentários

  1. Levantas uma questão que me incomoda verdadeiramente. Vou ser aqui totalmente franca, pois considero que uma mulher que se encontre na posição de se aproveitar da pobreza alheia, sabendo que essa mulher está a vender o seu corpo, por não ter provavelmente, mais recursos, usufruindo de uma barriga de aluguer, não merece ser mãe...por mais que queira um filho (por amor de Deus, não faltam crianças para adoptar!), assim como quem faz o mesmo tipo de pressão para adoptar uma criança,afastando-a da sua família, nesses países em que há extrema pobreza... em vez de ajudar essa família... Eu tenho uma perspectiva sobre a maternidade, que nunca me permitiria fazer isso. Só em casos muito particulares defendo essa práctica,das barrigas de aluguer, mas contam-se pelos dedos. Mas neste caso que expões, não se trata de uma atitude altruísta de um familiar por outro que não pode ter filhos...trata-se de um negócio... uma venda...uma prostituição...e uma exploração... tão simplesmente, por haver mercado. Assim como a venda de orgãos, que considero eticamente, indigno, haver troca de dinheiro...mas isso já nos levava longe... dava pano para mangas esta discussão... :) Beijinho

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  2. Eva
    Subscrevo tudo o que escreveste. Acho todo este negócio arrepiante.
    Bjs

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  3. Concordo em 100%, tanto contigo, Teresa, como coma Eva.
    Até dá arrepios pensar nas barbaridades que se fazem e que se permite fazer, seja em nome do que for.
    É o que eu digo: estamos a perder todo o bom senso, tudo serve para justificar o egoísmo das pessoas.
    Que mundo este, o que estamos a deixar para os nossos filhos e netos...
    Beijos
    Romicas

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  4. arrepia-me a mim também
    o oportunismo desenfreado de gente sem ...nada !

    bj
    teresa

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  5. Teresa
    São os sinais do tempo, o que será veremos mais ? me pergunto sempre que leio essas notícias. E háverá que m diga que é a necessidade de ganhar o sustento, um trabalho como outro qualquer , etc, etc.E vamos trazendo ao mundo seres manipulados e tao modernizados que pra que amor? será que é possível ?
    Obrigada pela partilha de um assunto pertinente ,moderno e arrepiante mesmo, aqui, tão pertinho de nós.
    Um bom domingo,Teresa com abraços

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  6. Aqui está uma realidade arripiante e preocupante, difícil ficar indiferente, para onde caminhamos?
    Bjs

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  7. Romicas
    É isso, parece que estamos a perder o bom senso, de uma forma global!
    Bjs

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  8. Teresa (Continuando assim...)
    É oportunismo de quem ganha, com a desculpa de que todos os lados ganham. A mim parece-me que é mais uma forma de exploração da pobreza.
    Bjs

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  9. Lis
    Esta história de encarar toda a actividade como lícita, só porque serve para ganhar o sustento, parece-me pouco ética. Mas por onde anda essa coisa da ética? Tudo parece normal, tudo é lícito.
    Ainda por cima quando mete crianças ao barulho, faz-me muita impressão.
    Um bom domingo para ti também. Bjs

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  10. Lilá(s)
    Para onde caminhamos, de facto? Que tipo de mundo queremos construir para legar aos nossos filhos e netos?
    Bjs

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  11. Olá, Teresa
    Tantas vezes me interrogo sobre essa e outras questões que a ciência vai permitindo e a ética(ou o bom senso, como queiras chamar)fechando os olhos. Não tenho palavras para expressar a minha indignação. Mas estou certa que é para "soluções" semelhantes a essa que caminhamos a passos largos, muito largos.
    Bj

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  12. Ana
    Onde ficam os limites éticos da ciência? Estas situações levantam-nos tantas interrogações.
    Bjs

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  13. Assino embaixo dos comentários aqui deixados. Acho um absurdo, por vaidade, alugar barrigas e casais devem pensar em adoção, por Deus! O que a pobreza não faz, para essas mulheres venderem seus corpos, dessa maneira! Boa semana! Beijus,

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  14. DESCONHECIA ESSA...MAS ISSO É O CÚMULO ...NEGÓCIO COM BARRIGAS E ENVOLVE CRIANÇAS? ACHO ARREPIANTE O QUE A CIÊNCIA VAI PRODUZINDO E CONSEGUINDO FAZER...E MAIS, QUE SE CONSINTA NESSA FALTA DE PUDOR...NESSA LOUCURA...
    COM TANTOS PROBLEMAS QUE ENVOLVEM AS POBRES CRIANÇAS ...AINDA MAIS ESSA?!QUE FALTA DE ÉTICA E BOM SENSO!!!

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  15. Olá Teresa.
    Por essa razão, passo a citar uma frase de um famoso cientista, Einstein: " A Ciência sem religião seria cega, enquanto que a Religião sem Ciência seria coxa."
    No entanto, existente pessoas que debruçam sofre estas e outras questõse, do foro ético. Por exemplo, temos a Comissão Nacional Bioética, com pessoas que procuram estudar de uma forma cuidada, muitas questões que emergem da evolução da Ciência e da Tecnologia.
    Bj
    Astro Rei

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  16. Eu poderei fazer um esforço para compreender o desejo de ser mãe ou pai e esse ensejo não corresponder a nove meses de gravidez, ao exercício da maternidade/paternidade que, bem entendido começará a partir do momento em que há a certeza que o óvulo foi fecundado e uma criança, o nosso filho, nascerá.

    Talvez seja uma limitaçao pessoal.

    Saudações

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  17. Teresa

    um desafio para ti lá no Continuando assim...

    bj
    teresa

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  18. Luma
    Também acho que, quem quer ser mãe e não consegue tem a opção, respeitável, da adopção. Mas quem já foi mãe, e sabe o que custa aguentar uma gravidez e um parto (e só se aguenta bem, porque já os amamos antes de nascerem), nem pode imaginar o que leva uma mulher a tornar-se mãe de aluguer. Se é pobreza, é vergonhoso explorar isso.
    Bjs

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  19. Pedras Nuas
    É como dizes: falta de ética e de bom senso.
    Bjs

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  20. Astro Rei
    É verdade que existem essas comissões, mas também é verdade que estas situações existem. Há qualquer coisa que não está a funcionar bem.
    Bjs

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  21. JPD
    Não percebi bem o teu comentário. Dizes que compreendes esta situação? O desejo de ser mãe ou pai não pode passar por cima de todas as considerações morais, acho eu (mas provavelmente há cada vez menos gente a pensar como eu!)
    Bjs

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  22. Teresa
    Lá irei ao teu desafio no Continuando assim...
    Bjs

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  23. Olá Teresa!! Quanto a este teu post... pouco posso dizer... Aliás, eu pergunto: Onde é que vamos parar, caramba?? É mais uma tentativa ( a meu ver inconsciente) do homem tentar desafiar as leis da natureza! Raios! Eu lá queria perder o melhor da festa???? A gravidez é um estado de graça! É algo que a natureza ofereceu de bandeja à mulher - e ao homem também, porque não sou a favor da inseminação artificial. Embora consiga entender melhor a inseminação que o "aluguer de barrigas!! Caramba... Haverá coisa mais bonita no mundo e na vida de uma pessoa que ter um ser a crescer dentro de si! Mas uma "ser" que seja "seu". Alugar uma barriga é das atitudes mais desprezáveis que conheço. Fazer por dinheiro? Andar eu a carregar no meu seio um ser humano que depois pertence a outra "mãe"??? Ai SOCORRO!!!
    Agora, essa menina (e outras) que "não quer estragar a "figura", só o faz porque não tem cérebro. Será que ela não sabe que as mulheres são deslumbrantes quando estão grávidas??
    Ai... olha... já nem vou dizer mais nada...
    ..
    Pá... uma coisa é lançar fogo de artifício e exclamar: "Oh... parecem estrelas!"... Agora... isso???
    ..
    E não me venham cá com teorias sobre pobrezas e o raio que os parta a todos. Eu também sou pobre e não ando por aí a carregar filhos que "não são" meus!!
    ..
    Beijinho grande!! (Tou irritada, mas não é contigo!)

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  24. Concerteza que este negócio, não te arrepia só a ti, arrepia a maioria de nós.
    Só uma minoria o faz. Estará em crescendo numa parte podre da sociedade minada pelo poder que lhe dá o dinheiro.
    Neste caso, como em todas as relações humanas que estabelecem, impôem-se perante os menos favorecidos, as "potências"!
    E somos nós maioria...
    Digo eu, que estou protestante, porque hoje é 2ª feira e o Sol custa a despertar.

    Boa semana, Teresa
    Beijinho

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  25. Não, Teresa, também me arrepia a mim! Dá-me náuseas!
    Para não ir mais longe, subscrevo as palavras de
    Eva Gonçalves.
    Bjs

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  26. Olá Teresa.
    Concordo com a sugestão da blogagem colectiva como a Ana referiu no seu blog.
    Gostaria de participar no tal desafio.
    Pensem nisso, mas com Temperança.
    Bj
    Maré Alta.

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  27. Lala
    Eu sei que não estás irritada comigo, mas com estas situações absurdas que surgem da falta de noção dos limites éticos para as coisas. Para quem gostou de ser mãe, isto é mesmo arrepiante!
    Bjs

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  28. MagyMay
    Esta questão das maiorias e das minorias é tão contraditória. É que ninguém nos vem perguntar o que achamos das coisas. Somos uma espécie de maioria silenciosa...
    Bjs

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  29. Carlos
    Náuseas e arrepios, é isso mesmo, e não é preciso acrescentar mais nada.
    Bjs

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  30. Olá Maré Alta
    É um desafio interessante!
    Vamos pensar nisso!
    Bjs e volta sempre.

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  31. A mim também me arrepia TODA essa práctica, das barrigas de aluguer, seja por motivo de pobreza, seja a avó ou a tia, que fazem esse favor.
    Para mim não há "casos muito particulares" em que eu esteja disposta a defender essa práctica.
    Como também me arrepia quem VENDE/COMPRA
    "esperma", como há um caso na minha família alemã. É a primeira vez, que me refiro a isso, e as 2 crianças são encantadoras.
    No círculo dos meus amigos há também vários casos de inseminação artificial.
    Eu é que nunca queria um filho (queria a esperma) de um homem, que não conhecesse.
    Sem dúvida, que sou muito antiquada no que respeita às novas possibilidades de se ter filhos. Como nunca tive esse problema, tive 4 filhos... tento mesmo fazer um esforço para compreender o desejo de ser mãe ou pai e que esse desejo seja de tal maneira excessivo, que uma pessoa esteja disposta a tudo.

    Saudações de Düsseldorf!

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  32. Ematejoca
    Ainda bem que há mais pessoas antiquadas, se recusar estas práticas é ser antiquado!
    E, sabes, eu compreendo o desejo de ser mãe, mesmo excessivo. E para isso, há a adopção, há centenas de crianças, no nosso próprio país, ansiosas por uma mãe, um pai, algum carinho e normalidade nas suas vidas!
    Bjs

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  33. Todo este assunto desvirtua o mais nobre papel da mulher: ser Mãe!

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  34. Pinguim
    Todos nós temos um nobre papel: sermos seres humanos conscientes e moralmente responsáveis.
    Bjs

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  35. Concordo com muitos de vos mas voces esquecem que nem toda a gente pode ser pai adoptivo.
    Nao consigo ter filhos, ja fiz tratamento de fertilidade 6 vezes e mesmo assim nao engravido, tentei adopccao e foi-me negado pura e simplesmente porque e cito" nao temos experiencia suficiente para sermos pais... a haitacao onde vivemos nao e segura para uma crianca ( nao e segura porque e uma casa alugada onde apenas pagamos 200 euros por mes , a casa pertence a familia e hade ser nossa um dia mas como nao e nao e segura, e uma casa com 3 quartos, 2 salas, 2 casas de banho, 1 escritorio , 1 cozinha, 1 despensa e uma sala de estudo. temos garagem dupla e jardim na frente e atras este sendo suficiente para construir uma piscina ou algo do genero.

    Depois de tanto dinheiro k ja gastei e sem resultos estou seriamente a pensar recorrer a uma barriga de aluguer, ao menos assim sei k irei ser mae!!!
    Ja tentei adoptar em Portugal e foi o que foi e agora tou a tentar adoptar na Inglaterra, mas encontro-me neste momento a espera do resultado da primeira visita.

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  36. É tão fácil o comentário recheado de boas posturas éticas mas, pergunto, após 4 abortos na tentativa de têr o filho tão desejado, na impossibiliade cientificamente comprovada de que jamais isso será possível e, perante a dificuldade de adopção existente no nosso País (sim, também já tentei), será assim tão imoral recorrer à tal barriga de aluguer na Índia? Não são motivos éstéticos que me fazem pensar nessa possibilidade. Por outro lado, se uma família de parcos recursos vê a sua qualidade de vida aumentada e isso fôr feito por vontade própria consciente e, obviamente acompanhada por um bom serviço médico, não serão vantagens comuns a consumação deste tipo de gravidez?
    Meus amigos, já se cometeram e continuam a cometer "coisas" bem mais graves neste mundo em que habitamos.
    Cumprimentos

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