Precious

Esta semana, iniciada com o Dia da Mulher, decidi que o meu blogue seria um blogue feminino. Evidentemente que, sendo escrito por mim, que sou mulher, parte sempre de um olhar feminino. Mas esta semana apetece-me destacar mulheres e falar de problemas das mulheres. Hoje, chegou a vez de Precious. 
Precious, ou Preciosa, Uma História de Esperança (título no Brasil), é um filme de Lee Daniels, que foi realizado no ano de 2009, e chegou este ano às salas de cinema, a tempo dos Óscares. É um filme de baixo custo e sem grandes nomes nos papéis principais. A actriz que faz o papel principal, Gabourey Sidibe, era uma desconhecida até há pouco tempo. Só nos papéis secundários encontramos nomes conhecidos, como Mariah Carey, Lenny Kravitz ou a extraordinária Mo'nique.
Mas, neste filme, isso não é nada importante, porque o que importa é fazer-nos reflectir, mais uma vez, sobre a violência que se desencadeia, por vezes, sobre os elementos mais indefesos da sociedade, as mulheres e as crianças. É um assunto que me preocupa bastante, já o estudei, já aqui falei um pouco sobre estas questões. O filme põe essa terrível realidade à frente dos nossos olhos. Não há como ignorar.
Clareece Precious Jones é uma adolescente de 16 anos. É negra, vive em Harlem com uma mãe completamente neurótica e disfuncional. É obesa. É quase analfabeta. É espancada e abusada desde criança, pelo pai, que lhe faz dois filhos, pela mãe que, em vez de a defender, colabora e prolonga os abusos, pelos outros jovens do bairro, que a gozam e maltratam pelo seu aspecto. Precious parece um caso perdido, em que a acumulação de maus tratos e abusos anula a sua própria capacidade de reacção. No entanto, ela vai buscar força a uma escola alternativa, onde aprende a ter um pouco de auto-estima, e ao filho que nasce e que ela ama e quer criar, apesar de tudo e contra todos.
É um filme que nos mostra tudo o que uma mãe não pode ser e tudo o que uma mãe deve ser. É um filme de onde o amor parece estar ausente e, no entanto, é o amor que acaba por remir e dar forças para lutar e continuar.
Li em algumas críticas que o filme não tinha grande qualidade e era lamechas. Lamechas porquê? Porque é difícil vê-lo sem chorar, é difícil ficar indiferente? Lamechas porque mostra que o amor por um filho pode dar força para lutar? Lamechas porque afirma que todos temos coisas positivas e precisamos, antes de mais, de amar a nós próprias? Lamechas porque mostra que a escola pode contribuir para o nosso crescimento enquanto pessoas? Lamechas por mostrar que todas as rapariguinhas são preciosas? Se é assim, ainda bem que é lamechas. E bem-haja por isso!

Comentários

  1. Vou ao cinema uma a duas vezes por ano, mas este filme não o quero perder. É o único filme que quero ver dos filmes nomeados para o Óscar.
    Talvez o veja este fim-de-semana!

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  2. Ematejoca
    Eu gostei, tocou-me muito, confesso-te que chorei.
    Depois diz-me o que achaste do filme.
    Bjs

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  3. Teresa, este filme deve ser tão, mas tão intenso. Desde que vi o trailer há meses atrás na Apple, que fiquei interessada em vê-lo. Com toda a certeza relata uma realidade muito actual e cada vez mais constante, infelizmente. Uma boa escolha.

    Beijinhos :)

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  4. Helga
    Acertaste no adjectivo, é intenso mesmo. Vale a pena ver.
    Bjs

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  5. Eu avisei, não avisei. Pois avisei...
    Bj (dos confins do Universo)

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  6. Esse não dá pra perder! Um lindo fim de semana e tudo de bom,chica

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  7. Nada que retrate a realidade actual pode ser lamechas. Ainda bem que argumentistas e cineastas que não ouvem os "outos" críticos do cinema.
    Fiquei com vontade de ver o filme.

    Beijinhos

    Bom fim-de-semana

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  8. Tinha este filme debaixo de olho.
    Depois de ler o seu post não deixarei de o ver.
    Quanto às criticas a que se refere, sabe, muita gente que por aí escreve não passa de pseudo, o que quer que seja. Temas como o deste filme não lhes agradará, por certo. Não ligo.
    BJS
    Bom fim-de-semana

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  9. Ana
    Que bom ter notícias tuas!
    Nos confins do Universo, somos todos pó de estrelas, não é?
    Bjs

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  10. Chica
    Este não dá mesmo para perder!
    Bjs e bom fim de semana.

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  11. Natália
    Até pode ser que seja lamechas, mas alerta para coisas importantes, só por isso já valeria a pena ver.
    Bjs e bom fim de semana.

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  12. Carlos
    É verdade, estamos rodeados de pseudo-quaisquer coisas. O melhor é não ligar, mesmo, e fazer o nosso próprio juízo.
    Bjs

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  13. Grande realidade aqui retratada e muitas, muitas vezes escondida. Não há nada como um filho para nos dar força. Este filme tenho que o ver. Verei com toda a certeza! Obrigada Teresa!!

    Beijinhos**

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  14. Lala
    Não há como um filho para nos dar força, tens toda a razão.
    Depois diz-me se gostaste do filme.
    Bjs

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  15. Tenho ali o filme no quarto numa pilha de filmes para o fim-de-semana, rrss (sou dependente, pronto...)Quando vir, volto e comento, mas já me apetecia ver, agora amis ainda! :) Volto daqui a uns dias a comentar(não sei se o fim-de-semana vai chegar para a quantidade que tenho ali LOL- tenho um dealer particular, rrss) beijinhos

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  16. Eva
    Sim, depois diz-me o que achaste, gostava de saber a tua opinião.
    Bjs

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  17. Excelente edição, Teresa.

    Eu sei que nan natureza humana a pulsão mais exacerbada é a da violência.
    Por natureza o homem não é bom.
    Poderá ser tudo o que desejar, mas é mau, tem um saldo de maldade e violência por utilizar indiscritível.
    Não se compreende tanta violência contra crianças, mulheres, desvalidos.
    Não se compreende.
    Mas ela existe.

    Bjs

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  18. Oi Teresa
    Uma liçao de vida esse filme,sensível e de um profundo sentimento , triste demais quando ela diz que o amor não fez nada por ela, bate , estupra, a deixa doente .
    nao vi no cinema, (vi com meu filho na tela do computador, e sendo bem interrompida),rsrs depois vou ver melhor em DVD. A atriz que faz o papel da mãe esta muito bem, fez uma mãe que a gente nem imagina que exista.E o tema , violência doméstica rende boas histórias,infelismente. E , o pior acontecendo parecido , perto de casa.Eu chorei demais, já tenho chorado porque vivi uma situação triste aqui no meu condomínio ,uma adolescente ingeriu várias cartelas de remedio ,tentando a morte, foi socorrida a tempo,
    e é amiguinha da mesma escola da neta, tive que explicar o que eu não consigo entender.A mãe disfuncional como voce diz , já vinha aprontando todas ,já havia tentado me aproximar dessa mãe e nao havia conseguido, então é isso- estou ainda em choque e pesquisando como posso ajudá-las. Quis ver o filme quando li o resumo, pra entender um pouco o desamor ,que leva alguém maltratar a própria filha. Compensa ver pela superação do sofrimento e ainda o amor sendo o elo que a faz prosseguir.
    Gostei do seu resumo , fiel ao que vi.
    Abraços

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  19. JPD
    Infelizmente, estou de acordo contigo. Também não acredito na teoria do bom selvagem, na natureza essencialmente boa do ser humano. Acho que essa ideia é bonita, é romântica, mas não é real.
    Bjs

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  20. Lis
    É tão triste ver estes filmes, como perceber que estas situações não são ficção científica, elas existem mesmo, às vezes bem perto de nós, como no caso do teu condomínio. E nós ficamos sem saber o que fazer, como ajudar. É muito triste, mesmo!
    Bjs

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  21. Lamechas? Porque trata de assuntos femininos (?) pois é um assunto que envolve a sociedade. Tanto é que a mídia quando veicula informações sobre o filme, diz que a mãe maltratava a menina, mas esquece de dizer que o pai a molestava. Infelizmente os anos passam e ainda vivemos uma sociedade masculina em que a mulher tende a escondem os malfeitos do marido. Enfim, não assisti o filme ainda, o que pretendo e falo sobre a forma que o filme chegou até mim.
    Teresa, dou maior apoio na sua decisão em destacar assuntos femininos; que interessam não somente ao feminino, mas aos homens que amam se relacionar com mulheres. Bom fim de semana! Beijus,

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  22. Luma
    Falas dos media. Na verdade, os media veiculam modelos inacessíveis e estereótipos sobre o universo feminino. Temos de ser nós a desmistificar, falando sobre o que nos diz respeito.
    Bjs

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  23. Olha, já vi o filme ontem à noite. Não achei nada "lamechas", mesmo nada, e gostei do desenrolar realista do argumento, pouco habitual nos filmes americanos. É um retrato que me parece relativamente bem conseguido de uma certa realidade disfuncional. Achei o desempenho da personagem da mãe, verdadeiramente excepcional, bem melhor do que o dela. Infelizmente, digo isto com toda a franqueza, apesar do final ser esperançoso e como dizes, o amor pelo filho, lhe dará forças para lutar e crescer... mas na realidade, vejo nesta rapariga, traços que se mantêm... da violência e abuso a que foi sujeita e provavelmente reproduzirá... pois tem uma fraca tolerância à provocação e reage facilmente com violência... e sem modelos de educação funcional, infelizmente, muito provavelmente, se não devidamente acompanhada, pode acabar por reproduzir de certo modo, o que conhece... pois estes modelos tendem a se repetir nas gerações... é muito importante, nestes casos, um acompanhamento por parte de profissionais, pois não chega amar os filhos e querer à força ficar com eles... continuam a ser crianças em risco... o facto de não ter ligado muito à filha com Síndrome de Down, também é um indicativo disso mesmo... O filme é muito complexo e levanta várias questões... desde logo sobre o funcionamento deficiente a instituições sociais... não achei o filme lamechas, as pessoas dizem isso pelo tema ser incómodo, como se o quisessem negar... como se não fosse preciso mostrar às pessoas que estes abusos existem, no seio das famílias, onde também há amor, mas amor disfuncional, graves patologias, grandes negligências, com consequências trágicas. Gosto sempre de filmes assim, e até achei que os personagens estão bem caracterizados, nada de mázinha e boazinha...valeu bem a pena ter visto o filme! :) beijinhos

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  24. Eva
    Ainda bem que gostaste :)
    Sim, também achei o desempenho da mãe dela verdadeiramente extraordinário (ganhou o óscar de melhor actriz secundária).
    Quanto aos problemas que ela terá de enfrentar, claro que existem, não sabemos porque o filme acaba ali, mas podemos imaginar. Sabemos bem que os modelos disfuncionais e de violência tendem a reproduzir-se. No entanto, gostei da forma como o filme coloca a educação e o crescimento educativo no cerne da mudança que pode haver em cada pessoa.
    Acima de tudo, estes filmes servem para nos fazer reflectir sobre as problemáticas que retratam e eventualmente orientarmo-nos para a mudança, em termos de sociedade.
    Bjs

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  25. Este ainda não vimos mas está para breve. Depois de ler as tuas palavras ficamos ainda mais curiosos em ver o filme.
    Beijinhos

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  26. Este é mesmo de visão obrigatória...

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