Lisboa, uma mulher madura
As cidades são para mim como pessoas. Não sei vê-las apenas em termos de pedras, árvores, veículos, objectos. É preciso que eu lhes descubra a alma, imagine que elas me estão falando, contando como são, como foram. Sinto logo ao vê-las se me acolhem, repelem ou permanecem indiferentes. Porque as cidades têm memória e nervos, um coração que pulsa e um sangue quente a correr-lhes nas veias.
(Erico Veríssimo, Gato Preto em Campo de Neve)
Encontrei esta citação de um autor de que gosto muito e me acompanhou muito na minha adolescência, Erico Veríssimo, no blogue da Luma Rosa, o Luz de Luma. E fiquei a pensar.
Será que as cidades têm uma personalidade própria? Será que se assemelham a nós, seres humanos, com as nossas belezas e as nossas fraquezas? Será que podemos comparar a cidade onde vivemos a alguém, de uma forma tão completa e precisa como se a conhecessemos?
Já declarei aqui, noutras ocasiões: sou alfacinha de gema, nascida e criada em Lisboa, entre a Penha de França e Benfica. Hoje, moro a cerca de 20 km de Lisboa, mas continuo a amar a minha cidade. Se fosse um ser humano, como seria Lisboa?
Tenho a certeza de que seria uma bela mulher, já madura. Tem uma longa história para contar, visível nos monumentos e nas ruas sinuosas da parte velha. Mas essa experiência só lhe traz mais encanto, como uma janela de ferro forjado, bordada de sardinheiras, a colorir um beco antigo.
Disfarça as rugas do tempo com muita luz, azulejos e cores alegres. E avança sempre em direcção ao futuro, confiante e rápida, nas suas avenidas largas e nos edifícios arrojados das zonas modernas.
Mas esta mulher, madura e luminosa, também tem o seu lado sonhador. Senta-se com os pés mergulhados no rio Tejo, a ver os barcos que passam, sonhando com glórias passadas enquanto tece as malhas do futuro.
Linda declaração à Lisboa! Muito legal de ver e as cidades tem alma, sim!beijos,chica
ResponderEliminarOlá amiga!
ResponderEliminarGostei muito do que li e descobri.É muito bom saber que temos colegas sensíveis, à BELEZA das coisas, das pessoas, do mundo. É fantástico como nos desconhecemos tanto, estando tão perto e estando longe, nos podemos aproximar sem medos.
bjs
Manela
Muito interessante este seu post, Teresa. Pessoalmente não sou grande admiradora de Lisboa, talvez por a conhecer muito pouco, e o que se conhece pouco não deixa muito espaço para que se forme opinião. Sou alentejana, criada entre montes e planícies de restolho solitárias e tal como a Teresa, actualmente também moro fora da Capital. Mas também fiquei a pensar e acho que se Lisboa fosse um ser humano, seria alguém dividido entre a saudade e a desilusão, pois o seu património tende em ser cada vez menos cuidado e recuperado, encerrando atrás das paredes maciças de tijolos, um passado repleto de histórias e de tradições. Uma pena! E eu nem aprecio assim tanto Lisboa... imagino o que sentirá quem a traz no coração.
ResponderEliminarBeijinhos :)
E desde quando as mulheres ão são umas eternas sonhadoras? Lisboa não é excepção, cara Teresa.
ResponderEliminarBj
MAIS LOGO, um novo capítulo da história de Alice.
ResponderEliminarlá no,
... continuando assim...
Aceito , e agradeço as vossas sugestões ... talvez a letra esteja pequena... talvez o blogue possa estar confuso.... talvez ... e talvez :)
talvez nem gostem da história...
Enfim...qualquer coisa, digam.
até logo
obrigada por seguirem, e bem vindo!!! a quem chega de novo !
Bj
teresa
Teresa,
ResponderEliminarPara mim, a pessoa tem uma relação embrionária com sua cidade. É nela que moramos, é o ar dela que respiramos, é por suas ruas que costumamos passar. Então, é natural que tenhamos esse amor por ela.
Porém, a forma como você declarou seu amor por Lisboa, é emocionante. Faz a nós - que moramos aqui, do outro lado - conhecermos essa cidade belíssima.
Beijos e uma ótima quarta-feira pra você.
Teresa,
ResponderEliminarGostei dessa imagem da mulher sentada a mulher com os pés no rio....
Já consegui fazer a hiperligação, vai ver quando puderes.
bjs
Oi Teresa
ResponderEliminarNão tenho conseguido acompanhar suas postagens como gosto, mas li as anteriores e gostei especialmente de saber mais de Florbela Espanca, uma poeta sensível e interessante.
Sobre essa cidade linda de Lisboa mesmo nao conhecendo acho um luxo só ! e admiro talvez por ter estudado sobre Portugal desde os primeiros anos escolares em História do Brasil e seu descobrimento, tudo a ver com Portugal.
Hoje estava lendo uma reportagem linda do nosso amigo Junior de Contatos Imeddiatos, sobre uma cidade histórica, comentei sobre o quanto as cidades guardam de histórias e de vidas!
E sempre digo que amamos as cidades que nos abrigam e que desenha nossa vida pelas suas ruas e jardins, além de abrigar também os amores que a gente tem.
Bonita declaração.Teresa
aabraços abraços
Olá Teresa
ResponderEliminarÉ tudo verdade o que dizes e acontece chegarmos a cidades onde a visita, uma vez terminada, parece mal resolvida.
Já me aconteceu.
Lisboa, é uma cidade de eleição.
Por várias razões:
Tem uma frente de rio que é extraordinária;
Chegando de avião na rota que sobrevoa a Ponte sobre o Tejo antes da chegada ao aeroporto, única!
Tem um triângulo de visitas Lisboa-Cascais- Sintra, verdadeiramete assombroso.
Merecia estar a cidade mais cuidada.
Sempre desejei chegar a Lisboa para aqui viver, o mais cedo possivel.
Sempre achei que aqui é que resolveria a minha vida.
Bjs
Teresa
ResponderEliminarNão é fácil dizer exactamnte, porque se ama Lisboa. Porque o amor é algo complexo, como sabemos, difícil de definir, portanto.
Lisboa é tudo isso que dizes. Quem a ama sente exactamente o mesmo.
Vejo-a assim, como tu. Encontro em cada palavra do texto de Erico Veríssimo a personificação de muitos dos sentimentos que me mantem ligada à minha cidade de berço, que apesar de longe permanece plena no meu coração.
Um abraço
Chica
ResponderEliminarSim, todas as cidades têm uma alma :)
Bjs
Manela
ResponderEliminarObrigada pelas tuas palavras. É verdade, andamos sempre tão stressados, tão atarefados, que não temos tempo para nos descobrirmos uns aos outros.
Bem vinda a este meu espaço de conversa e partilha. Bjs e volta sempre.
Para que serve?
ResponderEliminarLá irei visitá-lo logo que puder, ok?
Abraço.
Helga
ResponderEliminarAcredito que é preciso nascer num sítio para o amar de uma forma umbilical, como tu amas o teu Alentejo.
Bjs
Ana
ResponderEliminarTens razão, somos umas sonhadoras sem remédio :)
Bjs
Teresa (continuando assim...)
ResponderEliminarTenho tido pouco tempo, e não tenho acompanhado convenientemente a história de Alice. Logo que puder, vou lá e deixo-te a minha opinião, ok?
Bjs
Valdeir
ResponderEliminarÉ isso mesmo, uma relação embrionária, chamei-lhe umbilical.
Ainda bem que despertei o interesse por conhecer a minha cidade.
Bjs
Papoila
ResponderEliminarJá lá fui ver, obrigada pelo destaque :)
Bjs
Lis
ResponderEliminarBrasil e Portugal têm uma história comum e uma ligação muito forte. Ainda bem!
Realmente, as cidades têm uma história, que engloba muitas histórias diferentes.
Bjs
JPD
ResponderEliminarExplicas bem o que Lisboa tem de fantástico!
Já conseguiste viver e resolver aqui a tua vida (desculpa a bisbilhotice)?
Bjs
Maria João
ResponderEliminarO amor, como bem dizes, não se define, sente-se. Pelos sítios também.
Bjs
Se Lisboa te ouve se encanta.
ResponderEliminarEu gostei imenso de ler-te.
Amo Lisboa!
Amo Lisboa e o Tejo... hoje e pelo ontem quando menininha aprendi a cidade caminhando-a.
As cidades têm coração que palpita... ou não
Um grande beijo, Teresa
MagyMay
ResponderEliminarTambém acredito que os espaços têm um coração e uma personalidade. E só se ama um espaço que se aprende passo a passo.
Bjs
Amiga e Vizinha Teresa, vim conhecer o outro espaço e ler o que aqui existe. Apresento de igual modo os meus parabéns pela contrução deste blog.
ResponderEliminarGostei
Bj
Luis
Luis
ResponderEliminarFico feliz com a sua visita. Já partilhamos esta bela vila, partilhemos também estes espaços de conversa.
Abraço da vizinha.
Tens razão. Lisboa, como todas as cidades têm uma personalidade muito própria: acho Lisboa o exemplo mais flagrante do que é uma mulher portuguesa!!!
ResponderEliminarO autor da história de hoje no "ematejoca azul" é um escritor, jornalista, humorista e cronista brasileiro Luís Fernando Veríssimo, filho do Erico Veríssimo, um dos meus escritores (também teu?) preferidos quando tinha quinze anos, quero dizer, que o conheci no Porto na Divulgação no dia em que fazia 15 anos.
ResponderEliminarOs meus livros preferidos: "O tempo e o vento"; "Olhai os lírios do campo" e "Clarisse" e quase me esquecia do livro, que mencionas em cima: "Gato Preto em Campo de Neve".
Ematejoca
ResponderEliminarEu conheço o Luis Fernando Veríssimo e gosto mas, gostava mais do pai. O Erico Veríssimo acompanhou a minha adolescência, sabes? O primeiro livro que li dele foi "Olhai os Lírios do Campo", não consegui parar de ler, emocionou-me muito. Depois vieram os outros, todos os outros. Acho que li tudo o que havia para ler dele. Hoje, parece que está esquecido. Mas eu não acho que tenha passado de moda. Talvez devessemos começar a espalhar as palavras dele aí pela blogosfera!
Bjs