O Maestro José Atalaya da minha infância
Num dos últimos posts que fiz, intitulado A Música anda por aí, mencionei um maestro que eu ouvia encantada na televisão, quando era pequenita, e que me acordou para a música chamada clássica, através das explicações e comentários que fazia das peças musicais. Algumas das pessoas que têm a simpatia de seguir este blogue e por aqui vão deixando as suas opiniões, perguntaram-me pelo nome desse maestro. Até avançaram com alguns nomes como hipótese. Confessei que não me recordava. Lembrava-me que era forte, tinha uma espessa barba escura e era um grande comunicador. A única vantagem de estar em casa com gripe é, precisamente, ter algum tempo livre para fazer leituras ou pesquisas e aproveitei para tentar encontrar na internet esse maestro que emergiu das minhas recordações de infância. Não foi preciso procurar muito. O nome tocou logo as campainhas da minha memória. As barbas espessas, agora já não escuras mas muito brancas, desfizeram as dúvidas. Era o maestro José Atalaya.
Para se perceber o impacto que estes programas tinham na nossa infância, preciso de explicar o papel da televisão, nessa época. Não havia internet, claro, nem mesmo computadores portáteis, nem mais de duzentos canais disponíveis por cabo. Mesmo a televisão começava as suas emissões ao fim da tarde (creio que por volta das 18 horas) e terminava a emissão cerca da meia-noite. Mas, nesse meio tempo, tinha uma posição central na nossa vida. Só havia um canal, que todos viam e comentavam. Por aí chegavam as notícias - lembro-me de ouvirmos atentamente os boletins noticiosos sobre a evolução da doença do Professor Salazar, ou da visita do Papa Paulo VI a Fátima. Eu ouvia-as ansiosamente, porque a seguir vinham os programas infantis, a Abelha Maia, o Carrossel Mágico. Depois, a programação seguia com documentários, filmes ou programas de divulgação. Como só havia um canal, eu lembro-me de ver tudo o que aparecia, desde o Bonanza até documentários sobre a Segunda Guerra Mundial.
Era nesse conjunto de programas que surgia o maestro José Atalaya. Eu não percebia muito de música, mas ele ensinava a distinguir os instrumentos, explicava as obras musicais e o seu entusiasmo era contagioso. Lembro-me de ficar colada à televisão e de com ele aprender alguns nomes de compositores que me iriam acompanhar no resto da vida.
Ao maestro José Atalaya deixo aqui a minha modestíssima homenagem, através deste Adagio de Samuel Barber, por ele dirigido e executado pelos jovens da Orquestra Raízes Ibéricas.
Maestro José Atalaya e este adagio. Conjunção perfeita!
ResponderEliminarNo tempo do canal único era para ali que convergia todo o nosso interesse em termos televisivos. A Abelha Maia, o Carrossel Mágico...mesmo mágicos!
A televisão fechava com o Hino Nacional. :)
Linda homenagem e excelente texto!
As melhoras.
Olinda
Embora seja mais velha também gostava de o ouvir!
ResponderEliminarComo estávamos muito limitados na oferta aproveitávamos ao máximo aquilo que víamos! :-))
Obrigada pela prenda musical!
Abraço
Olinda, Rosa
ResponderEliminarPois, como não havia mais alternativas, sempre iamos aprendendo qualquer coisa! Beijinhos.
Lembro-me bem de todos esses programas televisivos, mas a partir de certa altura (início dos anos 70) a televisão também tinha programação à hora do almoço, com séries como a "Família Partridge", "Uma mãe para Edie", "Júlia", "Os meus sobrinhos", "Viver no campo", entre outras. Era um curto período de emissão, onde também davam desenhos animados e um primeiro telejornal. Depois encerravam para só reabrir ao fim da tarde, como bem referiste! Aos domingos sempre (desde que me lembro) houve emissões à tarde, em que davam filmes antigos... :)
ResponderEliminarAh e também havia os concertos de domingo, à hora de almoço, de Leonard Bernstein!
Beijocas e bom fim de semana!
Teresa
EliminarLembro-me tão bem e gostava tanto dessas séries da hora do almoço! Especialmente do "Viver no Campo", ainda hoje me lembro de algumas cenas! Mas isso já foi nos anos 70 (bolas, estou mesmo velha!)
Beijocas!
Recordo-me perfeitamente; e como dizes, por só haver um programa e com uma duração limitada de tempo, todos víamos as mesmas coisas e os programas eram muito comentados.
ResponderEliminarÉ curioso, por exemplo, que muita gente via um programa sobre decoração, cujo genérico tinha a música "Petite Fleur" e aquelas saudosas "Charlas LInguíticas", pelo Padre Dr. Raul Machado.
Pinguim
EliminarNão me lembro do programa de decoração (não me devia chamar muito a atenção) mas lembro-me bem das "Charlas Linguísticas".
Bjs
Olá, Teresa
ResponderEliminarVim 'ver' se está melhor... :)
Agora lembrei-me: e o Festival da Canção? Era um acontecimento...
Bom fim de semana
Bj
Olinda
Não me recordo desse maestro mas da música da Bonanza (O Rancho Ponderosa e a família Cartwright) ainda me lembro bem.
ResponderEliminar:)
Então e do Festival da Canção, e do Carrossel Mágico? :)
EliminarÉ a minha primeira visita a este recanto e fiquei encantada...com tantas recordações...Lembro-me de tudo...e acrescento que o maestro José Atalaya também ia ao liceu Maria Amália, em 1974-75 divulgar a sua música, conduzindo pequenas orquestras, assisti a alguns concertos, nos intervalos das aulas....fabuloso, sempre.
ResponderEliminarTalvez, Helena, lembro-me de haver pequenas sessões de divulgação musical nos liceus. Dos concertos na televisão lembro-me muito bem.
EliminarVolte sempre. Bjs
Tambem foi numa visita ao meu liceu em Barcelos (78-79) que o conheci e me apaixonei pela sua magia no diálogo connosco, miúdos, e na simplicidade com que a musica clássica se transformava ...
EliminarCara Teresa que eu não conheço, ao pesquisar ´Maestro José Atalaya", dei com o seu blog, e espantada verifiquei que o seu texto sobre o Maestro poderia ter sido escrito por mim, pois que da mesma maneira, com os programas dele despertei para a música clássica.Pedro e o lobo...ainda há pouco comprei o DVD para mostrar ao meu neto como aprendi a amar a música.Pena que actualmente não se repitam este
ResponderEliminargénero de programas.Associo-me à sua homenagem ao Maestro José Atalaya com um sentido agradecimento.
Gostava muito de participar numa homenagem ao Maestro, no entanto há muito tempo que não tenho noticia dele.
ResponderEliminarTeresa, nao sei se este blogue ainda existe; ha 6 anos sao os comentários que vejo😊. Andava à procura do nome do grande maestro José Atalaya tal como descreve no inicio do seu texto; foi maestro da minha adolescência e tb a mim cativou com seus maravilhosos programas didaticos na rádio e às terças feiras no Teatro de S. Carlos(ou Luís?) em Lx, com entrada gratuita para quem quisesse aprender a ouvir o diálogo dos instrumentos que com tanta arte e leveza nos ensinava... Enfim, ler o seu texto foi um encontro de memórias.
ResponderEliminarObrigada pelas suas palavras.
EliminarEste blogue esteve moribundo alguns anos... Agora está com um pouco mais de saúde e de energia. Vamos lá ver se sobrevive!
Boa tarde a toda/os e que a memória nos continue a acompanhar!
ResponderEliminarPor acaso alguém se lembra por acaso do nome do programa que o maestro José Atalaya tinha na rdp2 em que comparava interpretaçoes de peças musicais e explicava o porquês das diferenças. Eu, para quem uma música, uma peça, uma pauta, era uma entidade praticamente estática, rígida, dei-me conta que não, e da importância do maestro. Claro que caí de quatro e tornei-me fâ do programa e do maestro. Mas --- há sp um mas ... não me recordo do nome do programa, para o poder repescar e ouvir e partilhar.
obrigado
Também não me recordo do nome, só ficaram as emoções!
EliminarNos anos 70 ele foi à minha escola, Escola Preparatória Luís António Verney, hoje chamada Camões,no Areeiro, em Lisboa, ensinar-nos como assistir a um concerto,a uma Ópera, a um bailado. Quando bater palmas,ou não, e ofereceu-nos bilhetes para uma Ópera. Que orgulhosa me senti quando fui a um concerto, e pensei: que ignorantes estas pessoas. Agora não é para bater palmas 😄😄😄
ResponderEliminarOuvir música implica muitas aprendizagens!
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