Postal de Lisboa VIII - O Jardim da Estrela


Para além das casas e do trânsito, dos centros comerciais e dos engarrafamentos, Lisboa tem muitos locais aprazíveis, onde ainda apetece sentar e, simplesmente, deixar passar o tempo. Um desses locais é o Jardim da Estrela.

Fundado em 1842, é um típico jardim do século XIX, ordenadamente desordenado, em que se tenta imitar a natureza. Mas o resultado é agradável e sabe bem, nas tardes de calor, sentar num dos muitos bancos que ladeiam as áleas do jardim e comer um gelado, com todo o vagar.
No centro do Jardim, há um coreto lindíssimo, de ferro forjado, que antigamente embelezava o Passeio Público de Lisboa, onde hoje se situa a Avenida da Liberdade. Está meio abandonado, como todos. Há dois miúdos que o aproveitam como campo de futebol e vão chutando contra as belas grades enquanto gritam golo. Eu acho que era bem interessante reavivar o hábito das pequenas orquestras darem concertos, aos fins-de-semana, nos coretos. Animava os jardins e dava uma nova vida a essas estruturas que, agora, parecem barcos encalhados, sem valor porque sem utilidade.

Há muita gente no Jardim. Há um homem que fotografa os patos do lago. Há muitas crianças a brincar no parque infantil. Há senhoras de idade indefinida que conversam, sempre em grupos de três, sentadas nos bancos do jardim. Há pares de namorados, sentados na relva, ou na esplanada, a comer gelados. Há turistas que escrevem postais ilustrados. Há um grupo de jovens, de rastas no cabelo, que conversam na relva, à volta de uma guitarra. Há pessoas, de todas as idades, que lêem livros e revistas – depois percebi porquê: há um quiosque-biblioteca, que empresta livros e revistas para utilização no Jardim. Ora aí está uma bela ideia!

Também há um homem que passeia de bicicleta: na cestinha da frente traz um rádio, daqueles grandes, com colunas incorporadas. Passa e volta a passar. Da primeira vez que passou ao pé de mim, a rádio tocava “We are the world, we are the children”. Agora já só se ouve uma batida daquelas que se repete indefinidamente, hipnoticamente. Por favor, ponham outra vez a música onde ela deve estar, no coreto!

(Fotografias de Teresa Ferreira)

Comentários

  1. Viva, Teresa!

    Bom post e belas fotos!

    Do jardim da Estrela tenho algumas também, datadas salvo erro de 2005, que lhe vou enviar, como oferta.

    Abraço

    Ruben

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  2. Olá Ruben
    Seja bem vindo de volta à blogosfera.
    E obrigada pelas fotografias.
    Abraço da vizinha.

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  3. deliciei-me TERESA :)

    e o coreto? lindo. adoro coretos e jardins e textos assim :)

    bjo

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  4. OI,Teresa,
    Lindo jardim e boa colocação quanto a múisica a ser cantada nos coretos.
    Minha filha fez conexao indo pra Suiça e passou um dia em Lisboa , mandou fotos lindas daí. Uma capital muito bela.
    Abraço

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  5. Lis
    Eu adoro Lisboa, sabe?
    Acho que é uma cidade fantástica, cheia de encantos escondidos, onde o antigo e o moderno se misturam na medida certa. Além de que... é a minha terra!
    Bjs

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