Santo António Casamenteiro
Hoje, mais uma vez, dezasseis casais
de Lisboa deram o nó abençoados por Santo António. Uns casaram-se civilmente,
outros optaram pelo ato religioso. Depois de uma voltinha por Lisboa em
"tuk-tuk", seguiu-se a festa, na Estufa Fria. Os chamados Casamentos de
Santo António tiveram início em 1958, por iniciativa do jornal "Diário
Popular". Interrompidos em 1974, foram retomados em 1997 pela Câmara
Municipal de Lisboa.
Tenho uma certa ternura por esta celebração e pela
vontade da Câmara de ajudar jovens casais a concretizar os seus sonhos. Mas...
porquê sob a égide de Santo António? Só porque é o Santo padroeiro de Lisboa?
Não, há boas razões para isto. Santo António tem um
rol imenso de patrocínios. É considerado
padroeiro dos amputados, dos animais, dos estéreis, dos barqueiros, dos velhos,
das grávidas, dos pescadores, agricultores, viajantes e marinheiros; dos
cavalos e burros; dos pobres e dos oprimidos; é padroeiro de Portugal, e é
invocado para reencontrar coisas perdidas, para conceber filhos, para evitar
naufrágios, para conseguir casamento.
E... como aparecem os casamentos no
meio desta lista, entre amputados, grávidas, cavalos e burros, naufrágios? A
origem está num milagre atribuído ao Santo. Conta-se que uma jovem muito
linda, mas cansada de esperar por um noivo, já desesperada de encontrar marido,
pediu ajuda a Santo António. Adquiriu uma imagem do santo, benzeu-a e todos os
dias a enfeitava com flores que colhia no jardim. Além disso, orava com
regularidade para que Santo António lhe arranjasse um noivo. Mas, passou-se
muito tempo e o noivo não aparecia.
Certa vez, pôs-se a lamentar a
ingratidão do santo; desapontada, pegou a imagem e, no auge do desespero,
atirou-a pela janela fora. Passava na rua, naquele momento, um jovem cavaleiro
e a imagem acertou-lhe na cabeça. Apanhou-a intacta e subiu a escada para
devolvê-la. Quem o recebeu foi a formosa donzela. O cavaleiro apaixonou-se por
ela e algum tempo depois casaram-se, naturalmente por milagre do santo.
Voltando aos noivos de Santo António,
apetece-me dar-lhes os parabéns por este ato de esperança no futuro. Souberam
aproveitar a ajuda da Câmara Municipal para fazerem uma festa que talvez não
pudessem realizar de outra forma. Por vezes com dificuldades, alguns no
desemprego, apostaram na vida, na família, na felicidade. Fizeram bem e
desejo-lhes as maiores felicidades! Só espero que não comecem a voar imagens de
Santo António das janelas e varandas da cidade!
Lembrei-me de um post que escreveu há dias e pensei que se calhar, um dia destes ainda vamos ter os divórcios de Santo António!
ResponderEliminarAh ah ah!
EliminarPois, se calhar!...
Só para precisar um afirmação do texto: S. Vicente é que é o Padroeiro da cidade de Lisboa. A grande devoção popular a Santo António, e o facto do Feriado Municipal de Lisboa se celebrar a 13 de Junho, dia da morte do Santo, induzem em erro, pensando muitos que é Santo António e não S. Vicente o Padroeiro da Cidade...
ResponderEliminarOu terá Lisboa mais de um santo padroeiro: S. Vicente e S. antónio?
ResponderEliminarTem razão, sim senhor! O santo padroeiro oficial de Lisboa é São Vicente, celebrado a 22 de janeiro. No entanto, a data quase passa despercebida e o santo só aparece no brasão de Lisboa e pouco mais. Pelo contrário, Santo António surge desde a Idade Média como um santo de grande devoção na cidade, aclamado popularmente como seu patrono, ou padroeiro. Assim, talvez se possa dizer que Lisboa é uma cidade tão especial que até tem dois santos padroeiros...
EliminarToda a história, bem explicadinha, aqui:
http://jeocaz.wordpress.com/2008/07/30/santo-antonio-e-sao-vicente-os-santos-padroeiros-de-lisboa/