Error - Democracy not found!


"Assim como os monárquicos haviam aberto o caminho à República, os republicanos abriram-no à ditadura. (...) Tudo se conjugava para criar no País um ambiente propício à ideia generalizada de que era preciso qualquer coisa para substituir aquilo."
                           (Maurício de Oliveira Diário de um Jornalista 1926-1930)



Sim, a manifestação do passado sábado, dia 29 de setembro, foi grande. Não vou entrar aqui na polémica dos números e do cálculo de quantas pessoas cabem no Terreiro do Paço, por metro quadrado. Estava lá muita gente. Mas nada que se comparasse com a grande manifestação que varreu o País no dia 15. Creio que a razão para a diferença reside no facto de a manifestação de dia 15 ter nascido da sociedade civil, através da internet e das redes sociais. Foi um grito de alma, uma afirmação dos cidadãos, que sentiram necessidade de dizer que existiam, que não se limitavam a entrar em estatísticas, a pagar impostos, e a adquirir importância de vez em quando, nas campanhas eleitorais. Na época da caça ao voto todos são importantes. Durante o resto do tempo, os partidos esquecem-se de quem os elege. Afundam-se no compadrio, nos esquemas mais ou menos escuros. Nenhum partido da nossa cena política sai bem na fotografia dos últimos trinta anos, em que os interesses do país são atirados para trás das costas sempre que convém, em favor de agendazinhas partidárias ou mesmo passoais.
Eu disse que a manifestação de dia 15 foi um grito de alma, por isso foi supra-partidária, ou mesmo anti-partidária, já que os partidos têm mostrado vezes de mais que não têm alma! 
Aprendemos na ciência política que não há democracia sem partidos. O que sobra quando são os próprios partidos a pôr em causa a democracia? Neste contexto de crise política e social, os nossos partidos políticos, com as suas propostas estafadas, estarão a abrir o caminho a quê?


(Fotografias retiradas do site da TVI)

Comentários

  1. Malgré tout tive pena de não ter estado no Terreiro no dia 29!

    Abraço

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  2. Miguel Ângelo Fernandes2 de outubro de 2012 às 11:04

    Muito bem analisado... segue-se a ignóbil chantagem, baseada na permissa que falar mal dos partidos e/ou dos políticos é um perigo... afinal o perigo é a "nossa" democracia não conviver mais amiúde com essa crítica... de forma aberta e transparente, é que as cliques sindicais não são melhores, com as suas agendas para-partidárias... antes foram os professores, agora largos sectores da população... de repente o país fica a ferro e fogo!

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  3. Pois esse é também o meu medo, Teresa... Está a abrir-se um caminho muito perigoso para a vinda de um Salvador.

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  4. Complicado responder, mas possivelmente a uma "anarquia governativa"... não quero sequer pensar que podemos voltar a ter uma Ditadura ou algo que se pareça! Quanto à Monarquia o problema era sempre o mesmo, já se sabia quem era o Rei tivesse ele preparação ou não, vocação ou não! Portugal, teve alguns Reis que adorou... mas ainda hoje muito se fala do Rei D.Pedro V.

    Percebo bem porquê...

    Beijinho!

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  5. Também tenho a mesma dúvida, Teresa! Se os menos chamuscados com a governação dos últimos anos são os partidos mais à direita ou à esquerda e extremistas de ambos os lados e as pessoas cada vez se revêm menos neles, dada a quantidade de imbecilidades que têm feito (para já nem falar de casos de corrupção ou suspeitas de compadrios e ilegalidades), nas eleições votam em quem? Estão as portas e as janelas abertas para virem por aí uns D. Sebastiões... (que tanto podem ser ditadores, democratas, como novos chico-espertos!) :S

    Beijocas!

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  6. A resposta minha amiga, está no texto introdutório de Maurício de Oliveira que tão bem escolheste para ilustrar este teu post no qual concordo em absoluto.

    beijinhos

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  7. Gostaria de ter a resposta. Por aqui, não muda muito. A diferença é que o atual governo coloca panos quentes nas sujeiras dos aliados e manipula os dados com um olhar para fora do Brasil para enganar a comunidade internacional a não ver o que realmente acontece por aqui. Beijus,

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  8. Cada vez reparo que há mais gente a reclamar pela DITADURA, não sendo o caso presente excepção à regra.....

    Deja vu

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  9. Olá, gostei demais daqui...
    E esse texto(? "Um protesto "um grito da alma, como disseste.
    Essa manifestação foi importante¨¨ só o povo unido consegue forças para combater o Mal feito por políticos malandros "caras de pau... Especialmente, gostei do último parágrafo que diz tudo*
    # sou solidária com todos os portugueses; já sigo muitos e vou seguir teu Blog, com muito prazer.
    beijinhos e bom dia / tarde* por aí.

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  10. Bem, tinha pensado não responder, como de costume, aos comentários, já que este assunto suscitaria as mais diversas reações, todas legítimas, e queria manter o máximo de liberdade, sem entrar em polémicas.
    Mas o comentário do Anónimo acima obriga-me a esclarecer que não reclamo pela ditadura. Pelo contrário, ainda me lembro dela e gosto da minha liberdade. Por isso temo que esta situação que vivemos leve a opções extemistas. Também considero que os partidos da cena política portuguesa, todos os partidos, têm a sua quota de responsabilidade e isso é que constitui um perigo para a democracia, já que leva ao descrédito das suas instituições mais básicas.
    Esclarecido isto, só quero acrescentar que, aqui no blogue, não há ditadura nem censura, por isso não é necessário alguém esconder-se atrás do anonimato.

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  11. Eu própria estou a ficar apartidária, o que nunca pensei vir a acontecer. Isso significa que não me revejo nos seus discursos e práticas políticas. Muito marketing e depois não há verdade. Da oposição e dos que governam. E assim sendo...

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