Paixão de Sinaleiro

Há pessoas e vidas que nos espantam, nos confrontam e nos fazem exclamar a velha frase: "Isto dava um filme!"
António Paixão é polícia sinaleiro na zona do Príncipe Real, em Lisboa. Isto é, já de si, uma raridade! Quando eu era miúda, havia polícias sinaleiros em muitos dos cruzamentos de Lisboa. Alguns eram sóbrios e contidos nos seus gestos, mas havia outros que executavam autênticas coreografias em cima das peanhas, a ponto de se juntarem pequenos grupos a observar e, às vezes, a aplaudir. Também havia alturas em que não davam conta do recado e acabavam ofendidos pelos automobilistas mais apressados. Quem não se lembra deles?
Pouco a pouco, foram substituídos pelos semáforos e por sistemas informatizados com nomes femininos, que às vezes também não funcionam, mas que já não podemos ofender directamente.
Este Paixão é dos poucos que ainda regula o trânsito. Mas tem outra paixão, além da do nome, que o torna ainda mais original: o serviço aos outros. Encara o seu trabalho como um serviço de proximidade e apoio aos habitantes da zona onde trabalha. De tal forma que se meteu a tirar um curso superior na área das Políticas Sociais. Terminou o Curso há pouco tempo e é o primeiro polícia sinaleiro com estudos universitários. Agora, tenta cruzar as suas duas paixões, a acção social e a regulação do trânsito, mostrando que ainda há espaço na cidade para a ajuda aos outros, sejam crianças que atravessam as ruas a caminho da escola, sejam idosos que precisam de auxílio para o transporte das compras do supermercado. Mostrando que em qualquer profissão, mesmo nas mais raras e improváveis, há espaço para a humanização.



Comentários

  1. Engraçado, nem sabia que existia ainda algum polícia sinaleiro em funções em Lisboa! :)

    Julgava que tinham sido todos substituídos por semáforos ou polícias de trânsito! Estamos sempre a aprender...

    Beijocas!

    ResponderEliminar
  2. Teresa,

    Por um momento, ao ver esta foto pensei:

    -primeiro, o disco igual do 45 r.p.m. do Leonard, agora tirou-me o polícia sinaleiro da boca! Ena, tanta coincidência!

    É que, fui ver uma exposição de antiguidades na antiga FIL, na Junqueira, e num cruzamento em Algés (junto ao Museu dos Coches - está em construção um novo), está lá, também, um polícia com aprumo igual e super diligente a regular o trânsito!

    Pensei, por um instante, que o 'seu' polícia era o que eu tinha visto.

    Quis tirar uma fotografia, mas não pude estacionar; no regresso, já era lusco-fusco e o Agente não estava lá!

    Afinal, para informação da comentadora Teté já são dois, os Agentes que ainda não se deixaram ultrapassar pelos sinais luminosos!

    Espectacular a força de vontade do Sr. António Paixão.

    É para provar que, querer é poder!

    Como é habitual, gostei muito do seu post.

    Bjo
    César

    ResponderEliminar
  3. Teresa
    Pois é, ainda há dois polícias sinaleiros em Lisboa. E não sei quanto tempo faltará para se "apagarem", substituídos pelos semáforos.
    Bjs

    ResponderEliminar
  4. César
    Bem, eu já sabia que ainda havia dois polícias sinaleiros, mas não sabia onde parava o segundo. O César acabou de o descobrir!
    Bjs

    ResponderEliminar
  5. Fantástico, Teresa. Que descoberta "sui generis" em pleno século XXI.
    Ainda há pessoas dignas e um achado na cidade de Lisboa!

    Beijos

    ResponderEliminar
  6. Natália
    Há muitas pessoas dignas, e também com histórias dignas de serem contadas. O problema é que não aparecem nas notícias.
    Bjs

    ResponderEliminar
  7. Também sou do tempo dos sinaleiros ou "chapéus de giz" como em miúdos maldosamente lhe chmávamos.
    Há muito tempo que não vejo esse sinaleiro de que fala e desconhecia de todo a sua outra faceta. Obrigado por partilhar a história connosco.

    ResponderEliminar
  8. Lembra-me do “velho” Inácio. Parava no gaveto da Almirande Barroso, junto à praça José Fontana, só para o ver actuar… o que me fazia chegar atrasado às aulas, diga-se de passagem… (ou estou a fazer confusão?).
    Dança o tango o argentino
    Dança o samba o brasileiro
    Dança de luvas sozinho
    O polícia sinaleiro
    Como aqui se diz

    Que a “GERTRUDES” vai levar à sua extinção, é quase certo… em 2008 ainda havia 4… segundo noticiava o DN… agora serão só dois… mas na blogosfera a sua presença é recordada, com mais ou menos nostalgia… como são o caso do “Afixe”, ou do “De Quase Tudo e Quase Nada”.
    Não menos interessante são as manifestações no FaceBook a favor d’o polícia sinaleiro do Príncipe Real (o “nosso” Doutor Sinaleiro) ou d’os polícias sinaleiros de Lisboa
    Bom, nostalgias à parte, cá por mim, não só mantinha polícias sinaleiros em locais estratégicos, com funções de humanização do espaço público (que bem precisam), como, políticas à parte, extinguia a GNR e a incorporava na PSP, indo ao encontro da sua missão:”…assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos da Constituição e da lei.”…

    ResponderEliminar
  9. Carlos
    O nome de "chapéu de giz" vinha do capacete branco de estilo colonial que usavam. Não éramos maldosos, éramos só crianças.
    Bjs

    ResponderEliminar
  10. Clint

    Mais um comentário fantástico, que completa e torna muito mais interessante a história do Sr. Paixão, sinaleiro. Obrigada por todas essas hiperligações!... Não fazia ideia que até havia petições no facebook a favor do retorno dos polícias sinaleiros às ruas da capital.
    Bjs

    ResponderEliminar
  11. Lindo e me fez lembrar da infância quando eu era amiga do guarda de trânsito,, levava doces pra ele, pois sempre me cuidava...
    è bom de ver e relembrar...beijos,chica

    ResponderEliminar
  12. Amiga:
    Tive um tio, irmão do meu pai, que foi polícia sinaleiro em Belém durante muitos anos. Adorava vê-lo, ele tinha orgulho e brio na profissão.
    Gostei de saber que ainda há quem tenha a mesma Paixão ;-)

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  13. Ainda me lembro dos sinaleiros-bailarinos! :-))
    Não vivo em Lisboa mas conheço bem o Príncipe Real, contudo nunca dei por este sinaleiro "apaixonado"...
    Tenho que estar mais atenta quando lá passar!
    Gostei desta informação em jeito de crónica!

    ResponderEliminar
  14. Teresa,

    Agora que ninguém me ouve, passo a explicar:

    - não eram "Chapéus de giz"! Eram os «Cabeças de giz»!

    Não gosto de emendar, a menos que em cada bairro cada um tivesse o seu dialecto! No meu, a Estrela, área de Campo de Ourique, havia 'cabeças de giz' em tudo o
    que era cruzamento!

    Bjo
    César

    ResponderEliminar
  15. Nunca imaginaria que ainda houvesse um sinaleiro em Lisboa.
    Acho fantástico.
    Ainda me recordo quando era pequeno, as pessoas deixavam prendas junto a eles, numa campanha intitulada "O Natal do Sinaleiro".

    ResponderEliminar
  16. Pinguim!

    Olha olha se fosse hoje! Estava sinalizado para ir para a rua! Um pequeno servidor do Estado, ao receber uma esferográfica... é um CORRUPTO de todo o tamanho!

    Hoje, há que punir os pequenos "delitos", para camuflar os grandes desvios nacionais [e internacionais]!!

    Voltando atrás: não era bonito e são, ver o sinaleiro rodeado de prendas? Não era uma manifestação popular de apreço da parte do povo, para com a autoridade?

    Ainda não tinham inventado o mau carácter!

    ResponderEliminar
  17. boa dia a todos !

    alguem sabe de alguem que tenha para venda um capacete de metal de sinaleiro para venda ?
    sou collecionador de chapeus policias de todo o mundo!

    tlm -964003571

    obrigado
    rui pereira

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A Figueira da Foz e Jorge de Sena

Cigarros, chocolates e cigarros de chocolate

Sapos e outras superstições