Aldeias de Xisto - II

Continuamos o nosso passeio pela serra da Lousã, desta vez em direcção à aldeia de Talasnal. Passámos por uma aldeia hippie, como lhe chamam por estes lados, onde se junta um grupo de pessoas que, tal como as aldeias da zona, não conseguiu adaptar-se à modernidade.

Um pouco mais à frente pela estrada de terra batida, aparece o Talasnal. Quase não se dá pela aldeia; da estrada parte uma escada que desce o monte e à volta da qual se organizam talvez uma dezena de casas. A paisagem é linda, já há bastantes casas recuperadas e, por isso, já há mais gente a passear por ali. Vamos andando. Uma das casas tem a porta aberta, espreitamos e a dona convida-nos a entrar. É a Ti Lena, que dirige o único restaurante da zona. É tradicional e acolhedor, cheio de pormenores engraçados. Bebemos uma cervejinha fresca, damos dois dedos de conversa e continuamos o nosso caminho, com vontade de lá voltar.

A estadia está marcada num turismo rural em Janeiro de Cima, outra das aldeias de xisto. Chegamos ao fim da tarde, moídos das voltinhas de automóvel pela serra. Há pouca gente na rua e olham-nos curiosos. Depressa nos indicam a “Casa da Pedra Rolada”, com uma bela fachada de xisto e pedra rolada, como o nome indica… O interior é menos feliz, decorado no mais puro estilo IKEA. Mas seria preciso mais para nos tirar o entusiasmo.

Jantar, é no restaurante “O Fiado”. É um espaço muito agradável, que conjuga a traça da região com os materiais mais modernos e uma decoração sóbria! Também na ementa se nota esta preocupação de casar os sabores tradicionais com uma elaboração mais ligeira e actual. O dono é um jovem chefe de cozinha e empresário que apostou na sua região. Fez bem, o restaurante é de recomendar! Para o café, indicam-nos o bar “O Passadiço”. Está-se bem, como dizem os adolescentes, e a grande lareira garante que se continuará a estar bem, mesmo nas noites frias do inverno serrano.

Na manhã seguinte, a dona da casa aparece com os produtos do dia: leite, café, fruta, pão e um fantástico doce de melancia. Vamos à descoberta de Janeiro de Cima, uma aldeia que nunca ficou desabitada, que continua viva, com as suas belas casas construídas com a pedra rolada retirada do leito do rio. Esta aldeia está aninhada numa curva do rio Zêzere, e esta situação foi bem explorada. Há uma pequena albufeira, onde no Verão se pode andar de barco ou dar uns belos mergulhos. Tem um parque infantil, esplanada, e até balneários. Mas a esta hora ainda está frio e só por ali anda uma senhora que vai dar de comer aos animais e insiste em nos oferecer abóboras.



Comentários

  1. Adorei este teu "roteiro" pelas terras de xisto. Aliás, tudo que seja rural e rústico, me alegra e preenche alguns vazios nostálgicos. Parabéns.

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  2. É mito bom ler o que escreves e recordar o que vimos e vivemos.
    Bjokas
    R.A.

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  3. Eu gosto de escrever sobre os sítios onde estive e que deixaram qualquer coisa de diferente em mim. Já leste o Aldeias de Xisto I ?

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  4. Claro que já li.
    Aliás, sou leitora assídua do teu blog e não deixo escapar nada.

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  5. Obrigada, és sempre bem-vinda.
    Amanhã, se puder, faço um post com a 3.ª parte da grandiosa triologia "Aldeias de Xisto"!
    Bjs

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