Bonnie e Isis
Hoje acordei sentimental. E apetece-me falar de duas amigas sinceras, daquelas que nunca nos abandonam, que não se importam se estamos com má cara ou olheiras, se estamos bem ou mal vestidos. Daquelas que nos compreendem se falamos, mas que sabem ficar apenas ao nosso lado, quando nos apetece ficar em silêncio. Apetece-me falar das minhas duas cadelas.
A Bonnie, que está do lado direito da fotografia, é a mais velha. Fomos buscá-la ao canil com 5 meses e ainda era uma bolinha de pelo preto, sedoso e ondulado. Na altura, há 12 anos, ainda não estava na moda o Cão de Água Português – o presidente Obama ainda não tinha adoptado o seu – e perguntavam-me porque tinha escolhido essa raça. É uma raça de cães muito inteligentes e dóceis, brincalhões e carinhosos. Ainda hoje acho que foi uma boa escolha.
A Bonnie cresceu connosco. Fez as suas traquinices mas, no geral, é uma senhora bem comportada. É muito inteligente e percebe perfeitamente o que se lhe diz, embora nem sempre obedeça. Anda sempre ao pé de mim, como uma sombra. Agora, começa a ter os problemas da idade: tem uma catarata numa vista e alguns problemas nas articulações das pernas. Mas mantém-se muito activa. Só tem um defeito: é terrivelmente gulosa e, se puder roubar uma guloseima, não hesita!
Um dia, a Bonnie teve um romance com um cão rafeiro, castanho e branco, que apareceu aqui no quintal. Sabemos bem quem foi o namorado, porque ele conseguiu saltar para dentro do quintal, mas já não conseguiu saltar para fora e foi o meu marido que abriu o portão, de manhãzinha, para sua excelência sair. Dois meses depois, nasciam sete cachorrinhos, todos lindos e parecidos com a mãe. Do pai, tinham todos uma mancha branca, no queixo, ou nas patas, ou no peito. Os últimos ainda nos nasceram nas mãos.
Depois de dois meses de grande confusão no quintal, em que nem tínhamos onde pôr os pés, com todos aqueles cachorrinhos tontos a correr à nossa volta, começamos a pensar em dar os cachorros. Com um peso terrível no coração, fomos assistindo à sua partida, e decidimos que o último, qualquer que fosse, ficaria connosco. Assim adoptamos a Ísis.
A Ísis foi um bebé mimado, desde sempre. Pela mãe e por nós todos. Para mais, descobrimos depois que ela tinha uma patinha defeituosa (a que ela tem levantada, na foto), e ainda a acarinhamos mais. Também é inteligente, mas é mais matreira do que a mãe. Gosta de passear pelas redondezas e, se resolve que quer entrar em casa, raspa nas portas e insiste até nos quebrar a paciência. Põe-se em posições muito engraçadas: por exemplo, deita-se com as patas para o ar, para apanhar o vento na barriga. É muito meiga e brincalhona.
Este é o retrato possível das minhas duas cadelas. Sinto que podia ficar aqui a escrever sobre elas o resto do dia, a contar gracinhas e brincadeiras, como fazemos com os nossos filhos. Porque adoptar um animal é, de algum modo, aumentar a família. E ter mais alguém para amar.
Tens toda a razão, quando escreves que adoptar um animal é aumentar a família. E de que maneira! O que seriamos nós sem o nosso Zico?
ResponderEliminarE que me perdoe a família Ferreira, mas olhando para as duas fofuras que têm em casa, e passados estes anos todos, não consigo deixar de lembrar a Nicki, uma outra cadela que fez parte do início da amizade entre as nossas duas famílias e participou em tantos acontecimentos familiares.
E, Teresa, como tanto é badalado por aí, cada vez mais eu penso que "quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais". E este é um dos meus mais profundos e sinceros pensamentos.
Um beijo grande para toda a família Ferreira.
Romicas
Que lindas e que lindo texto! Adoro cachorros e tenho a minha CUCAII, que veio substituir a CUCA, após 15 anos de conviv~encia amorosa e faleceu.Somos assim mesmo, nos apegamos e eles merecem de verdade muito carinho e amor!beijos,chica
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarrealmente foi uma sensação incrível e inesquecível. Nasceram numa manhã, nas nossas mãos.
A Bonnie fez tudo sózinha.
São duas amigas verdadeiras e leais. Mesmo nos nossos dias maus, estão sempre ao nosso lado. Bricalhonas, por vezes destruidoras mas amigas.
Não posso deixar este comentário sem recordar outros dois amigos: a Nicky e o Jonas , dois serranos, uma d'Aires e outro da Estrela.
Partiram mas estão sempre nos nossos corações.
Obrigado por este post.
Um beijinho.
Ao abrigo da legislação corrente, podem intimar o pai da Isis para o obrigarem a pagar uma pensão de alimentos à Bonnie!
ResponderEliminarAgora mais a sério, como é possível duas coisas tão pequenas encherem tanto uma casa?
Direi que elas são a sequência lógica de outras duas «coisas» que vocês tiveram: a Nicki (provavelmente um dos cães mais inteligentes que conheci) e o Jonas, no seu porte paquidérmico, um destruidor de jardins por excelência!
Um beijinhos para os Ferreiras e duas festinhas a essas «coisas». Ah, e o Zico manda duas lambidelas.
Romicas e Papagaio
ResponderEliminarComo vocês são uma espécie de tios por afinidade de todos os meus cães, só podiam fazer comentários assim, carinhosos, saudosos, amigos... Obrigada por recordarem também os que já cá não estão.
Meu amigo Papagaio, nunca vou esquecer a tua ajuda no dia, tão difícil para mim, da morte da Nicki.
Beijinhos (meus) e lambidelas aqui das minhas garotas. Elas mandam uma lambidela especial ao Zico.
Faires
ResponderEliminarHá coisas que não esqueceremos nunca. E ainda bem, porque são essas coisas que enchem o nosso coração e a nossa vida.
Um beijinho especial.
Chica
ResponderEliminarEu acho que quem ama os animais tem de ser boa pessoa!
Bjs para si e uma festinha para a Cuca II.
Muito graciosa, a Ísis! Com sua patinha elevada, um charme! O meu cão também tem 12 anos e está apresentando os primeiros problemas relacionados à idade.
ResponderEliminarDói-nos o coração se pensarmos no fim! Por hora, vivemos as beneses do presente!! Boa semana! Beijus,
Teresa,
ResponderEliminarEssas manhãs nostálgicas acontecem e nada como espantá-las falando desses animaizinhos que trazem tanta doçura pra casa da gente.Sei bem porque temos uma (das netas) , que tem aprontado direto e também trazido muita ternura a cada dia. Como a filha mora em apto nao sabemos se será viável daqui mais um pouco, saberemos depois.
As suas cadelas são muito fofas e bonitas,parabéns pelo zelo e carinho com que cuidas.
Se bem entendi, voce ia viajar, fostes? um abraço e boa semana.
Bom dia! Primeiro passei para agradecer a visita e comentário no Coisas Banais. E depois fiquei deliciada com este post tão, mas tão leve, como a Alma. Vê-se que a Teresa ama as suas cadelinhas. Eu já estive várias vezes para adoptar ou comprar um cão, mas fico sempre no medo (talvez medo semelhante, tenha eu como mãe!) de não se capaz de lhe dar todas as condições que ele mereça. E fico, então, apenas pela ideia.
ResponderEliminarTeresa,
ResponderEliminarAtravés do retrato que você fez de suas cadelas, é possível imaginar como elas são.
Eu também tenho um cachorro que já me serviu de inspiração para vários posts.
Abraços e boa semana pra você.
Luma
ResponderEliminarNão vale a pena pensar no fim, vamos aproveitar cada momento em que estamos juntos, não é? Isto é válido para as pessoas, tal como para os animais. Para quê amagurarmos a nossa vida a pensar no que pode acontecer um dia? Vamos ser felizes, agora!
Bjs
Lis
ResponderEliminarFui viajar, sim, fui fazer um seminário que já queria fazer há anos! (Vou escrever esta semana sobre isso no outro blogue)
Bjs e festinhas para a Daise!
Ana Filipa
ResponderEliminarObrigada pelas palavras, eu tento sempre escrever com o coração.
E vale a pena arranjar um animal de companhia, sim, vai ver que é o melhor amigo que se pode ter. Se tem receio das tropelias de um cachorro, há centenas de cães um pouco mais velhos, nos canis, esperando ansiosamente por um dono a quem amar!
Bjs
Valdeir
ResponderEliminarNós, donos de cachorros, sabemos como essa relação é especial, não é?
Obrigada e boa semana também.
O que mais me impressiona nos animais, principalmente gatos e cães é o facto de nunca ficarem chateados connosco.
ResponderEliminarÀs vezes a gente zanga-se com as traquinices deles ou até porque estão a "melgar" demasiado... podemos vociferar, escorraçá-los ou até (coisa horrível) dar-lhes um safanão num momento de irracionalidade mas... aquelas "alminhas" nunca levam a mal; não reclamam nem exigem nada. Acho que é por isso que gostamos mais deles do que da maioria dos humanos.
Olá Manuel
ResponderEliminarSabes que eu tive um cão Serra da Estrela, o Jonas, que ficava ostensivamente amuado comigo se considerava que eu me tinha zangado com ele injustamente. Mas, claro, tens razão. Por isso alguém (não me lembro quem) dizia: "Quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais!"
Bjs
Maravilhoso e ternurento retrato!
ResponderEliminarBjs