The happiest time of the year

Na manhã do dia de Natal, fui buscar uns familiares que viriam almoçar a minha casa. A rádio do carro só passava músicas de Natal, claro. Uma delas tinha este refrão: it's the happiest time of the year! Fui o resto do caminho a pensar na música... e na minha vizinha viúva que, ainda na véspera, chorava abraçada a mim, segredando que ninguém se lembrava dela... e na minha amiga que me confidenciava que estava cansada, que o Natal era só uma trabalheira em que ninguém a ajudava, e que isso a punha tão triste... e na minha prima, em que a lembrança de outros natais mais felizes a colocaram  num estado de ansiedade que a levou ao hospital... e na minha outra amiga que, desde que perdeu os pais, só deseja que esta quadra passe depressa para voltar à sua rotina tranquilizadora...
Será mesmo a época mais feliz do ano? Não sei... Quando tudo à nossa volta são brilhos e toques de sinos, quando tudo nos grita que temos de ser muito felizes, é nesses momentos que os nossos problemas e as nossas fraquezas se avolumam e nos parecem insuportáveis.
Às vezes, é a época mais triste do ano... the saddest time of the year...








Comentários

  1. É muito verdade isso... É uma época excessiva, de correria excessiva, de sentimentos excessivos e de sentimentos de "dever ser" e "devemos estar felizes" excessivos. No geral, as pessoas só querem que passe depressa... e quem as pode condenar?

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    Respostas
    1. Sim, sentimentos excessivos. E emoções armadilhadas...
      Bjs

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  2. Suponho que todos nós temos memórias de outros natais e da falta que nos fazem pessoas que se sentavam connosco à mesa. Daí por vezes bater uma tristeza que não parece adequada à época.

    Mas a verdade é que a vida é (também) feita de perdas e de alguma forma temos de seguir em frente. Com a alegria possível...

    Beijocas e bom ano! :)

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  3. Um tempo cheio de emoções contraditórias, é verdade.
    É o tempo de casas cheias de gente, e de casas quase
    desertas. Depois há esse excesso de que fala o comentador
    acima... O ideal seria um bom doseamento tanto do ruído
    como da falta dele. Mas, a vida é mesmo assim.

    Desejo-lhe um bom Ano Novo, cara Teresa.

    Bj
    Olinda

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