A Maria e o Pai Natal

Entrou dezembro e começa a sentir-se a aproximação do Natal. Fazem-se contas para que, pelo menos as crianças, continuem a ter algumas prendas debaixo da árvore de Natal. As iluminações lá vão aparecendo, bolas, luzes, presépios, Pais Natais, que trazem alegria e esperança a este inverno.
A filha de uma amiga minha, a Maria (vamos chamar-lhe assim), era uma fã incondicional do Pai Natal. Não ligava muito aos Pais Natais de pacotilha que pululavam pelos centros comerciais. Ela tinha o dela, o único, o verdadeiro, que ía pessoalmente lá a casa levar as prendas, na véspera de Natal.  Às vezes, parecia-lhe reconhecer os olhos bondosos do tio, por trás de umas longas barbas brancas, mas não se deixava influenciar. Chegou a bater-se na escola primária, em defesa do seu ídolo.
- Tu és parva, são os pais que compram as prendas!
- Não, eu sei que é o Pai Natal que as traz!
- Mas como é que ele entra? Tu nem tens lareira!
- O meu Pai Natal é moderno, sobe as escadas e toca a campainha!
Não havia como demovê-la. A Maria tinha respostas prontas e triunfantes a todos os argumentos dos colegas da escola.
A dada altura, os pais começaram a prepará-la para o desaparecimento do "seu" Pai Natal. 
- Olha, Maria, o Pai Natal não consegue ir a todas as casas. No próximo ano, se calhar, vai a outra casa em vez de vir à tua.
A Maria não disse nada, mas manteve-se atenta. Quando chegou a véspera de Natal, as prendas lá apareceram debaixo da árvore. Quem as tinha trazido? A mãe respondeu-lhe:
- Desta vez, o Pai Natal mandou um ajudante.
A Maria correu para a janela, a varrer o céu com os olhos.
- Vai ali! Vai ali!
- Estás a ver o Pai Natal?
- Não, já não vi o Pai Natal, mas ainda vi o trenó das renas!
A nossa imaginação não tem limites. E vemos o que queremos ver!


Comentários

  1. Quem não tem imaginação, fica a perder...
    :)

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  2. Olá amiga,

    A imaginação tudo pode.
    Que linda estória a antecipar o dinheiro!!!

    Beijos

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    1. E tu és uma especialista em imaginação!
      Beijinhos! Saudades!

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  3. :) Lembro-me perfeitamente do momento em que uma tia me disse que não havia Pai Natal/Menino Jesus. Foi no Alentejo e íamos de carro. Foi uma tristeza enorme para mim... a minha mãe ainda tentou compor mas já não deu. Tinha-se quebrado a magia. O meu filho de 5 anos, por sua vez, estava a cortar o cabelo no cabeleireiro e disse que o Pai Natal não existe:) Não sou nada boa a fantasiar mas gostava que ele acreditasse... já pus algumas ideias em prática, vamos ver...

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    1. Há sempre um momento em que as fantasias infantis se quebram, claro, mas manter essa magia por alguns anos não lhes faz nenhum. Acho eu :)

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    2. Oh, Teresa, sou eu, a Fátima:) Entrei como EPADRV, a minha escola, que horror:) Não dever ter percebido nada, desculpe::)) Bjs

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  4. Eheheh, fez-me lembrar a minha sobrinha mais velha, que um dia chegou a casa muito desiludida, que na aula dela só duas pessoas acreditavam mo Pai Natal: ela e... a professora! :)))

    Beijocas!

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  5. No meu tempo era o Menino Jesus e acreditei que era ele até muito tarde! :-))

    Abraço

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    1. Ainda bem Rosa, não há nada mais triste do que crianças sem magia no olhar!
      Bjs

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  6. Respostas
    1. De preferência, manter um bocadinho de magia para sempre...

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  7. Uma ideia original de transição, menos "traumática" do que dizer "o pai natal não existe" :P Muito bom mesmo eheh

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