O caos em Lisboa




Este início do ano letivo, que corresponde também ao final das férias para muitos portugueses, tem sido especialmente penoso para os lisboetas. As obras em várias zonas da cidade, assim como a degradação do serviço público de transportes, tem trazido o desespero e uma fúria resignada a todos os que têm de se deslocar para trabalhar ou fazer qualquer outra coisa na capital.
Já se tem ouvido falar dos problemas do metropolitano de Lisboa. Não os entendo bem. Nos últimos anos, havia greves dos trabalhadores do metro semana sim, semana não, alegadamente em defesa de um melhor serviço para os passageiros; e, no entanto, tudo parecia funcionar bastante bem. Agora, a situação é caótica mas não se ouvem protestos. Será que o serviço está melhor? Parece-me bem que não! Não me lembro de chegar à linha azul e ver que o próximo comboio só parte dali a vinte minutos. Esperas de quinze, dezassete minutos tornaram-se vulgares. O resultado é evidente: estações cheias e comboios apinhados.
Fugir do metro para andar de autocarro pode não ser uma boa ideia. Cá por cima, o trânsito arrasta-se penosamente, por entre buracos e pó. Há ruas cortadas e passagens limitadas a um automóvel. Da Graça ao Cais do Sodré, de Entrecampos ao Arco do Cego ou ao Campo das Cebolas, o panorama é o mesmo. As obras esventraram Lisboa e a paciência dos lisboetas. Um trajeto que se fazia em vinte minutos demora agora uma hora ou mais. Os autocarros andam constantemente atrasados e invariavelmente cheios.
O outono está aí. Talvez a Câmara Municipal de Lisboa tenha sorte e não seja muito chuvoso! Juntar as habituais inundações a estes estaleiros a céu aberto, por onde se tentam esgueirar automóveis e transeuntes, parece elevar a um grau apocalíptico um cenário já caótico.
Seria necessário fazer todas estas obras ao mesmo tempo? Estaríamos todos assim tão desesperados por mais uma ciclovia ou mais um metro de passeio? No próximo ano, depois de se fazerem todas as devidas inaugurações, quando forem depositar o voto nas urnas das eleições autárquicas, talvez os lisboetas já se tenham esquecido deste ano de pesadelo! Ou talvez não! 

Comentários

  1. Assim, de longe, dá-me ideia que o actual Presidente da Câmara de Lisboa se afadiga a tentar realizar obra a tempo de cativar votos para a próxima batalha eleitoral. Só não sei bem é onde irá buscar o dinheiro. Porém, a julgar pelas pessoas que se queixam, pode muito bem acontecer que lhe saia o tiro pela culatra. Talvez fosse bem feito!

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    1. Pois é, José Batista, de onde virá tanto dinheiro? Só ouço falar em milhões de euros. Até parece que Lisboa é a capital de um país rico e não de um país endividado até às orelhas! Ou será que a CML também se (nos) está a endividar?

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  2. Como é muito amigo do PM...o lisboeta, como os portugueses, esquecem...

    Um beijo amigo.

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  3. Por mim, não vou esquecer. Muito menos tenciono votar em pessoas que não têm a mínima noção do que é programar obras numa grande cidade, de modo a não transtornar tanto o seu habitual funcionamento... :P

    Beijocas

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    1. Tem havido uma grande falta de respeito pelos lisboetas. Hoje, com a Web Summit, atingiu-se o auge!
      Beijinhos

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