Receita-me um livro?
Há algum tempo atrás, José Eduardo Agualusa apresentou-nos a Dona Aurora, uma velha conhecedora de mezinhas e magias, que receitava poesias. Digamos que ela conhecia a magia da poesia! E, para os males do corpo, mas principalmente do espírito, a Dona Aurora receitava poemas, de Camões a Drummond de Andrade, com a respetiva posologia: este era para ser murmurado ao ar livre, outro para ser sussurrado ao ouvido, e por aí fora...
Francisco José Viegas relembra-nos Sinouhe, o médico e espião do faraó, (criado por Mika Waltari), cujo pai acreditava nas virtudes terapêuticas das palavras.
Podia continuar a dar exemplos. A verdade é que esta ideia fez o seu caminho e o insuspeito Serviço de Saúde de Inglaterra parece ser o exemplo mais recente. Acaba de criar o programa "Books on Prescription", em parceria com a Reading Agency e a Associação Britânica de Bibliotecários e, a partir do próximo mês de maio, os médicos podem passar uma receita original: a leitura de um livro! A lista inclui títulos de autoajuda, mas também os diários de Bridget Jones, ou o belíssimo "Mataram a Cotovia", de Harper Lee.
Afirma a associação de médicos de família do Reino Unido: "Existe evidência clínica que demonstra que os livros podem ser tão eficazes como outras formas de terapia - com a vantagem de não terem efeitos secundários".
Acho a ideia fantástica. E com enormes potencialidades. Já nos imagino a ter em casa uma pequena farmácia em jeito de biblioteca, à qual recorremos para o alívio de maleitas variadas, que podem ir muito para lá das questões ligadas à saúde mental. Quais poderão ser os livros mais adequados para a cura da dor de cabeça, dos distúrbios do sono, da disfunção erétil, da depressão? Surgem-me várias hipóteses, quem quer dar sugestões?
Já nos imagino a interromper reuniões, porque está na hora de ler algumas páginas. Já nos imagino a entrar no consultório e a pedir: "Doutor, receita-me um livro?" E ocorre-me uma questão: será que é desta vez que os livros podem ser deduzidos nos impostos?
Ler sempre fez bem a tudo, mas com o custo proibitivo dos livros e a crise...
ResponderEliminarBoa semana
São, sempre há as bibliotecas públicas...
EliminarBjs
Não querendo ser mau, i.e., pior do que já sou, imagino muita gente a pedir livros de cheques...
ResponderEliminarque dirá o Infarmed e a A.N. de Farmácias?
:)
Rui, os livros de cheques fazem bem a tudo!
EliminarBjs
Uma ideia fantástica.
ResponderEliminarE original!...
EliminarA ideia é muito gira e pode ser que pegue! Mas fiquei cá a matutar com os meus botões, qual seria o médico que me receitaria a leitura de policiais e com que finalidade... :)))
ResponderEliminarBeijocas!
Bem Teté, livros policiais não sei bem! Talvez para desenvolver o raciocínio!
EliminarBjs
Oi Teresa
ResponderEliminarVir ao seu blog é pra mim uma delícia. Fico a folhear como se um livro fosse.Me encantei com o poema do poeta Alberto Caieiro e do texto sobre os chás de Lisboa , de repente viajei para os locais citados e deu vontade me preparar para ir ver de perto. rs
O texto daquele senhorzinho deputado me assustou!Imagine se os seus colegas resolvem dar-lhe algum crédito?
E gostaria bem mais de ir ao médico sabendo que de lá sairia com o lenitivo desses para minhas dores... rs
Muito boa idéia_ e a humanidade seria bem mais feliz,certamente.
abraços Teresa
* precisamos voltar a ideia de trocar livros na época de Natal, prometo que neste ano vc recebe o meu .rs
fica prometido!
bj
Obrigada pelas sua palavras Lis. E sim, recebi o seu livro, o "Mar sem fim", que já li e gostei imenso. Mas acho muito boa ideia voltarmos a trocar livros pelo Natal!
EliminarBjs
Os livros deduzidos nos impostos? Com este governo? Estou a ver que é muito optimista, Teresa
ResponderEliminarEra só ironia, Carlos!
EliminarMuito bom, muito boa ideia. Sem dúvida que ler é (pode ser) uma terapia. E cada um que melhore com a sua. Se por ela puder optar, claro. :)
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