Podia ser eu...

Quando fui visitar o campo de concentração de Auschewitz, confrontei-me com uma fotografia que me emocionou profundamente. Num corredor de um dos edifícios-prisão, as paredes estavam cobertas com fotografias de pessoas que tinham estado presas no complexo e ali tinham morrido. Fui percorrendo o corredor, vendo aquelas faces, lendo as informações sobre as suas profissões, idades... De repente, houve uma fotografia que me chamou a atenção. Uma mulher de idade indeterminada, cabelo rapado, olhar de quem já desistiu de compreender. O nome Krystyna, a profissão professora. Podia ser eu... Entrou no campo de concentração no final de 1942, morreu cerca de cinco meses depois. Podia ser eu... Alguém prendeu uma flor no canto da fotografia. Um parente? Um antigo aluno?
Aquela fotografia ficou comigo. Penso naquela mulher muitas vezes, com empatia e emoção. E voltei a lembrar-me dela neste fim de semana, após os atentados de Paris. Devemos sempre lutar contra a barbárie, por todas as razões, até pela mais egoísta de todas: as vítimas não são os outros, pode ser qualquer um de nós...


Comentários

  1. Sim. Pode ser qualquer um de nós. A vida é tão frágil, é quase um sopro. Agora estamos aqui, com todas as nossas qualidades e defeitos e... no momento seguinte, mais nada. Esmagador. E quando se é arrancado da vida normal e lançado num inferno como essa professora, então o sofrimento terá sido indizível.

    Bj
    Olinda

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  2. O que aconteceu em Paris foi desumano e concordo em que os EUA,a França e todas as grandes potências mundiais tentem acabar com isto de uma vez por todas!

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