A loira burra



Mudou o seu nome para Blondie e encontrei-a nas páginas de uma revista. Melhor dizendo, tropecei nela! Tropeçar tem uma conotação diferente, não é um encontro, com o seu encanto inesperado, remete-nos antes para alguma coisa desagradável que nos atrapalha a caminhada... Pois então, tropecei nesta Blondie! 
Trata-se de uma jovem que tem como objetivo máximo na vida assemelhar-se à boneca Barbie. Já fez tudo para alterar a sua imagem: inúmeras operações plásticas, para aumentar o peito, moldar o busto, tornear a anca... Já copiou a cor do cabelo, o penteado, o desenho das sobrancelhas... Faltava-lhe imitar a boneca Barbie na cabecinha...
Como pensará a Barbie? Esta difícil questão deverá ter ocupado muitas horas de pensamento da pobre Blondie! As prateleiras das lojas e supermercados apresentam-nos Barbies multifacetadas, elas são médicas e professoras, exploradoras e desportistas. Ah! Mas a Blondie não se deixou enganar! A Barbie verdadeira era aquela boneca que só se preocupava com vestidos, acessórios e maquilhagens, que tinha armários e cabides cor-de-rosa, que guiava um descapotável, de cabelos ao vento! Uma verdadeira boneca, para deleite do seu Ken! 
Blondie decidiu então começar a ter sessões de hipnose para, nas suas próprias palavras "esvaziar o pensamento". O seu objetivo era mesmo tornar-se uma boneca, uma loira burra! E estava muito contente porque estava a consegui-lo, afirmava já se sentir mais confusa e distraída!
Tenho um grupinho de alunas que vivem para a imagem. Levantam-se muito mais cedo para esticar o cabelo, aplicar a base, os cremes, a maquilhagem. Esquecem-se do manual ou do caderno, mas trazem dentro das malas um arsenal completo de cuidados de beleza. Não saem da sala de aula sem retocar o baton ou pentear o cabelo. Lembrei-me delas quando li o artigo da revista. Nesta época de emancipação da mulher, espero que elas não queiram apenas transformar-se em loiras burras!

Comentários

  1. Preocupante. Não tive ainda o (des)prazer de conhecer a Blondie, mas tenho uma morena cá em casa com 6 anos que já não passa sem o baton. A batalha vai ser dura, mas espero vencer, ensinando-lhe outros valores que não os da estética.

    Bjs

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A Figueira da Foz e Jorge de Sena

Cigarros, chocolates e cigarros de chocolate

Sapos e outras superstições