Sapos e outras superstições


Eu sei que sou distraída, mas admito que só este ano me comecei a interrogar sobre a quantidade de sapos que se encontram à entrada dos mais variados estabelecimentos comerciais, desde pastelarias a supermercados, passando por lojas de moda. Já alguém reparou nisto? São sapos grandes ou pequenos, realistas ou caricaturados, de loiça, de papel, de metal, a variedade é tão grande como a imaginação humana. Confesso que de início só me interroguei sobre o bom gosto (ou a falta dele!) que presidia a certas escolhas decorativas. Mas achei que, para ser uma solução decorativa, se repetia vezes demais! Também podia ser uma mensagem relacionada com a crise, do estilo: “Agora vamos ter de engolir uns sapos!” Podia ter a ver com príncipes encantados, beijos e casamentos felizes para sempre!... Bem, acabei por perguntar a amigos e, afinal, a resposta era simples: era para afastar os ciganos!
Uma simples pesquisa na internet permitiu-me perceber que os ciganos associam os sapos ao mal, ao infortúnio, trazendo o azar às famílias. Por isso, procuram evitá-los ou passar por eles, mesmo que sejam simplesmente sapos de barro ou de porcelana. E assim, os comerciantes aproveitam a superstição para afugentar os ciganos, colocando os sapos à porta das lojas, bem visíveis. É uma espécie de mensagem subliminar, mas muito clara para o público-alvo: “Aqui não são bem vindos!”
Esta questão dos sapos e dos ciganos intriga-me e incomoda-me, como todas as formas de xenofobia. No entanto, acredito que a única forma de ser vencida é com a evolução do próprio povo cigano, mostrando que é capaz de ultrapassar superstições e preconceitos irracionais. Nós também já não acreditamos que partir um espelho ou passar por um gato preto nos traz sete anos de azar, pois não?


Comentários

  1. Sempre a aprender, mas concordo que é uma forma de xenofobia...

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  2. Que interessante, amiga! Eu não sabia dessa superstição dos ciganos. Já aqui no Brasil, gostamos muito deles. Existem muitas festas ciganas aqui, preparadas até mesmo por quem não é. Sentimos uma certa magia nessa raça. Bem, pelo menos vocês terão bem menos insetos aí, não é? Um abração!

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    1. Sueli, aqui é bem diferente. A comunidade cigana é muito fechada sobre si própria e discriminada pelo resto da sociedade; é olhada com desconfiança.
      Bjs

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  3. Também soube disso a propósito de um café com o mesmo tipo de decoração num café próximo daqui. Mas cá em casa desde criança, mesmo antes de a minha filha saber o que são ciganos, já ela colecionava sapinhos de todos os materiais e feitios. Cá em casa não se cultivam superstições nem xenofobias.

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    1. Acho bem, Vitor, mas com tantos sapinhos não há cigano que entre em tua casa! :)

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  4. Nunca reparei nesses sapos! E, para ser franca, também não gosto da ideia... que apelidaria de racista!

    Beijocas!

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    1. Hás-de reparar. Estão em imensas lojas e restaurantes.
      Bjs

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  5. Já sabia desta estranha forma de afugentar os ciganos!
    Como dizes é uma forma de xenofobia que os ciganos terão que ultrapassar mostrando que se estão nas tintas para os sapos!:-))

    Abraço

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    1. É exatamente o que eu acho, Rosa dos Ventos. São os próprios ciganos que têm de ultrapassar essas superstições.
      Bjs

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  6. Aqui na minha zona nunca vi sapos, mas quandi vi o título calculei o motivo.

    Superstições , não tenho...que acho rdículo.

    Aqui é azar o gato preto, na Irlanad vi efigies de gatos pretos nos jardins para dar sorte.

    Desde que soube a origem da superstição relacionada com sexta-feira 13, ainda menos me preocupo com esse tipo de absurdos.

    Um bom final de semana

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  7. Eu adoro sapos, por completo :D Gostamos tanto de sapos que o ano passado comprámos um enorme para pôr à entrada do quintal lá na terra, com o braço no ar como que a dizer adeus e a dar as boas vindas a quem passasse na estrada (o que pode parecer piroso para algumas pessoas, mas para mim é apenas fofinho). Foi só pôr o bom do sapo no quintal logo os vizinhos nos foram perguntar se pusemos o sapo por causa dos ciganos... Foi a primeira vez que ouvi falar desta superstição, e achei na altura tão estúpido como acho agora... A única superstição que tenho é beber depois do brinde (dizem que se não o fizermos são 7 anos sem sexo, e, bem, 7 anos sempre são 7 anos...). O que irrita nisto é a xenofobia implicita. Mas acredito que a maior parte dos sapos espalhados por aí têm uma função meramente decorativa (como o meu sapo lá na terra) e quero acreditar que a maioria das pessoas já está suficientemente evoluída para não ter atitudes desse género. Eterna optimista!

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  8. Bem, também acho que és optimista! A maioria dos sapos que estão à entrada dos estabelecimentos comerciais estão lá mesmo para afugentar os ciganos! E claro que é xenofobia, mas terão de ser eles a ultrapassá-la e mostrar o ridículo da coisa, não é?
    Quanto aos brindes fazes bem, o castigo é terrível! :)
    Bjs

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  9. Pois olha, sempre achei piada aos sapinhos de louça (a minha mãe tem um no jardim). Desconhecia por completo que teria esse significado. Vou ficar a pensar nisso agora. Será que todos os comerciantes têm essa noção? Custa-me a crer... mas... Aqui na zona onde moro, onde os ciganos circulam livremente às segundas-feiras, dado que é dia de feira semanal (e eu moro mesmo ao lado do recinto da feira, rsrsr), não há sapos nenhuns nos estabelecimentos comerciais, rsrrsrs Será que essa moda é só por aí? Sinceramente, penso que deve ser... ou ando muito distraída! Em todo o caso, vou estar mais atenta no Porto. beijo

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    1. Eva, não sei como é aí no norte, mas dizem-me que isto dos sapos começou no Alentejo, já há tempos, e alastrou ao resto do país. Bjs

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    2. sendo assim, podemos admitir que, o povo alentejano, foi mais inteligente que todos os outros.

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  10. Sendo assim eles não devem passar na Fontes Pereira de Melo.
    :)

    http://tintacompinta.blogspot.pt/2012/04/realidade-e-ficcao.html

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  11. Miguel Ângelo Fernandes1 de maio de 2012 às 22:36

    Eu vi um sapo
    Um feio sapo
    Ali na horta
    Com a boca torta
    Tu viste um sapo
    Um feio sapo
    Tiveste medo
    Ou é segredo

    Eu vi um sapo
    Com guardanapo
    Estava a papar
    Um bom jantar

    Tu viste um sapo
    Com guardanapo
    E o que comia
    E o que fazia

    Eu vi um sapo
    A encher o papo
    Tudo comeu
    Nem ofereceu

    Tu viste um sapo
    A encher o papo
    E o bicharoco
    Não te deu troco

    Eu vi um sapo
    Um grande sapo
    Foi malcriado
    Fiquei zangado

    Tu viste um sapo
    Um grande sapo
    Deixa-o lá estar
    Vamos brincar.

    Com 4 anos a Maria Armanda venceu o Sequim de ouro... Imaginem, logo sob a égide das Nações Unidas, pois o "Zequinho" d'ouro (como muita gente lhe chamava) era uma organização a favor da UNICEF... uma miúda xenófoba... que razões psico-sociológicas terão animado a autora Lúcia Carvalho?

    Não vou analisar cada passo da letra, mas vejo-a eivada de horror xenófobo à comunidade romani... e sempre direi que a polémica dos sapos não é pior que a do dicionário Houaiss.

    Pois... o Ministério Público do Brasil acha que "Ao ler-se num dicionário que a nomenclatura 'cigano' significa 'aquele que trapaceia, velhaco', entre outras coisas do gênero - ainda que deixe expresso que é uma linguagem pejorativa - fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação"... e vai daí sugere que o dicionário, que será apenas o melhor dicionário da Língua Portuguesa, deve ser retirado do mercado e de futuro alterar a saída para cigano (ainda que atribuída a significado pejorativo) de "aquele que trapaceia, velhaco"... mas se todos os dicionários da Língua Portuguesa fazem a mesma referência?!...

    Aqui é que o "sapo torce o rabo"... é que quem decora as suas lojas com sapos de boas vindas não põe nenhum letreiro a referir "ciganos são mal-vindos"... o que o raio do sapo só falta falar é "trapaceiros são mal-vindos"... nem é preciso ler a sina do comerciante que acabou de decorar a sua loja com os famigerados batráquios... os roubos vão diminuir e a frequência melhorar... qualquer boa leitora de mãos o sabe.

    Mas pronto... vou ficar mais atento a quem disser... "um olho no burro, outro no cigano", ou mesmo de ouvir "A conta dos ciganos, todos roubamos"... ou ainda "Baiano, cigano e garrucha de um cano, salva um por engano"...

    Akana mukav tut le Devlesa

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  12. Não tem a ver com xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação. Eu sou comerciante, dou-me bem com ciganos e no entanto tenho um sapo à entrada da loja, resulta, os ciganos não vão lá. E porque é que tenho eu um sapo se me dou bem com pessoas dessa etnia?
    É simples, de há uns tempos para cá, comecei a ser visitada por ciganos, pediam, mendigavam,queriam ler a sina, cheiravam mal (ficava aqui um pivete!!!) incomodavam os outros clientes, não só pela insistência a mendigar mas também pela sua falta de higiene e educação. Tornou-se um hábito e eu começei a perder clientes. O Sr.Sapo resolveu o problema, na loja já não há ciganos e fora da loja continua na mesma.

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    1. Obrigada pela sua explicação. É exatamente essa a interpretação que eu faço.

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    2. Pois também não acho que seja xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação. Também sou comerciante (muito recente) achava patético os sapos à porta. Tenho clientes ciganos, não mendigam, não lêem a sina e até são bastante perfumados. São chatos para caraças, querem vender-me e aos meus clientes de tudo desde smartphones topo de gama até meias de marca, com tudo o que possam imaginar pelo meio.Ja me vi tão aflita pelas confusões instauradas que equaciono colocar à entrada um desses pindéricos sapinhos.
      E acho que quem é tão célere a baptizar os sapinhos de xenofobia e descriminação é porque nunca teve uma família cigana à porta.

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  13. se a Teresa tivesse um café e visse o estado que fica chão e mesas depois deles saírem, a má educação quando falam, o desrespeito por os outros clientes.... se calhar também lá colocava um SAPO!!!! mas ok, tem de haver sempre alguém a querer se evidenciar por proteger alguém... fica bem!

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  14. Quer dizer que a SAPO não tem clientes ciganos.

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