Sobre a Pedofilia
Foi divulgado um relatório sobre as situações de pedofilia ocorridas e detectadas em Portugal, nos últimos anos. As conclusões não são surpreendentes, mas vêm esclarecer um domínio sensível, e sobre o qual se escreve muito, embora por vezes com base em ideias-feitas.
Primeira conclusão – As principais vítimas são meninas, entre os 2 e os 9 anos. Infelizmente, tendo em conta o machismo que continua a aflorar na nossa sociedade, não surpreende.
Segunda conclusão – A maioria dos abusadores sexuais estão dentro da própria família, o que torna mais simples a ocultação do crime. São pais, tios, padrastos, que abusam da situação de vulnerabilidade da criança que vive junto de si, muitas vezes debaixo do mesmo tecto. Este grupo perfaz 51 %. O segundo grupo mais numeroso é composto por pessoas que, não sendo familiares directos, conhecem a criança e vivem próximos dela. Neste grupo, que perfaz 41 %, incluem-se vizinhos, professores, amigos da família. O terceiro grupo, com apenas 8 %, é composto pelos desconhecidos, que contactam com a criança na rua, ou através da internet.
Terceira conclusão – Foi também estudado o perfil típico do pedófilo. As conclusões apontam para um indivíduo entre os 30 e os 50 anos, de baixo nível de escolaridade, muitas vezes com problemas de alcoolismo.
Considero que as campanhas alertando para os perigos da pedofilia na internet são úteis, evidentemente. No entanto, o que este estudo nos diz claramente é que isso não chega. Há que fazer um esforço para melhorar as condições sócio-económicas da população, para aumentar a escolaridade, para encarar de frente o problema da dependência dessa droga legal que é o álcool. Há que tentar apoiar e reorientar, com ajuda psicológica, as vítimas de abusos sexuais, para que não interiorizem esses comportamentos e não venham a tornar-se futuros abusadores. Acima de tudo, há que actuar sobre a mentalidade que, como sabemos, é o mais difícil de mudar.
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