O Recado
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N.º 1, n.º 2…
A
professora começou a fazer a chamada e os alunos iam levantando o braço para
assinalar a sua presença.
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… n.º 3, n.º 4…
Na
última fila da sala, António deu uma cotovelada ao colega do lado: “Passa este
recado para a Carolina!” O colega acenou brevemente com a cabeça e pôs o recado
a avançar em direção à primeira fila. António ficou a ver o pequeno papel
dobrado a passar de mão em mão.
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…n.º 7, n.º 8…
Tinha
passado um bom bocado do serão, no dia anterior, a compor as frases que agora
avançavam naquele papel dobrado. Misturava a lua com o brilho das estrelas e a
cor do mar com a frase fundamental: “Gosto de ti!” O resultado final tão
depressa lhe parecia inspirado, romântico e poético, como lhe soava a idiota e fora
de moda. Agora, já não havia nada a fazer. O papel avançava inexoravelmente
para a sua destinatária.
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…n.º 11, n.º 12…
Lá
à frente, Carolina folheava distraidamente o livro. E então António viu o papel
com o seu recado amoroso ser entregue à colega que se sentava ao lado,
Catarina. Sentiu tonturas, o chão pareceu engoli-lo. Poucas vezes tinha falado
com ela, o que é que a rapariga ía pensar dele?
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…n.º 17, n.º 18…
Viu-a
desdobrar o papel e ler o recado. Teve tempo para ler pelo menos três vezes,
até levantar os olhos e voltar a cabeça para trás. Sorria!
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…n.º 21, n.º22…
Sem
saber o que fazer, António sorriu também. A professora tinha terminado a
chamada, e a aula começou, mas António não conseguia concentrar-se. Perto do
final da aula, sentiu uma cotovelada do colega e caiu-lhe um papelito dobrado
no colo. Leu: “Eu também gosto de ti! No intervalo grande, na pastelaria da D.
Fernanda.”
Três
anos depois, continuavam juntos. Nunca tinha confessado à Catarina o engano e,
no entanto… Enquanto passeavam de mãos dados, António pensava naquele papelito
dobrado, que não tinha sido entregue à destinatária, mas que, sem sombra de
dúvida, tinha chegado ao destino certo.
(Este texto integra-se no desafio de maio da Fábrica de Letras,
que tem o tema Destino)
Simples, bem escrito e com final feliz.
ResponderEliminarGostei.
Bom final de semana.
Que lindo teu texto. Bom de ler até o fim!!bela participação! beijos,chica
ResponderEliminarNão há um ditado que diz que "Deus escreve direito por linhas tortas"? Aqui seria mais "colega surdo providencia namoro muito pouco provável"... :)))
ResponderEliminarBeijocas!
É o que se pode chamar uma surdez providencial!:)
EliminarBjs e bom fim de semana.
São, Chica
ResponderEliminarObrigada e bom fim de semana.
Bjs
Bela história de amor!
ResponderEliminarO destino tem destas coisas! :-))
Abraço
Amiga,
ResponderEliminarque delícia de texto e que intensidade narrativa.
Adorei e fiquei enfeitiçada.
Belo contributo.
:)
Teresa
ResponderEliminarAdorei o conto. Na verdade, o recado chegou ao seu destino. :)
Bj
Olinda
Ai o Amor! Ai o Amor no Liceu! Que saudades....
ResponderEliminarBeijinhos. Está lindo!
ADOREI! O que prova que o destino nem sempre tem rumo traçado :)
ResponderEliminarAcho que também recebi um papelinho assim nos meus tempos de menina :))
beijinhos e bom fim de semana
Está tudo explicado. A minha filha tem 22 anos, chama-se Ana Carolina e não namora...
ResponderEliminar:)
Gostei muito deste conto.
O António manda pedir desculpas à sua filha! :)
EliminarGostei muito!
ResponderEliminarCoisas do Destino...:))
Sensacional, Teresa! Parabéns! Adorei esse conto! Merece um prêmio, viu? É assim mesmo que a Vida realiza os seus desejos. Um beijão!
ResponderEliminarLindo, Teresa! Como as linhas cruzadas podem levar à Felicidade, ou como o amor se escreve direito por linhas tortas.
ResponderEliminarSó tu!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarQue maravilha!
Obrigada amigos! Enchem-me de mimos!
ResponderEliminarBjs
OI teresa
ResponderEliminarFoste tão feliz nesse conto! também tive uns papelinhos encontrados embaixo da carteira pelo turno da manhã rsr só que o destino nos jogou pra longe ... rs mas até hoje nos pegamos a rir disso.!
É lindo esses amores adolescentes!
Obrigada , foi gostoso ler,
um abraço
Quem não teve, não é Lis? Tão bom recordar esses tempos!
EliminarBeijinhos.
A inocência dos primeiros namoros. Agora era enviar um SMS e não havia possibilidade de engano... Beijoca!
ResponderEliminarAinda bem que não havia SMS, não é? E, sabes que hoje os miúdos continuam a mandar papelinhos? Apanho cada um!
EliminarBjs
Que gira história. As voltas do destino ...:)No meu caso, eu era sempre intermediária desses papelinhos, mas nunca me lembrei de interromper a corrente. Quem sabe? :)) beijinhos
ResponderEliminarA vida também de faz de enganos.O destino de muitas pessoas repleto deles!
ResponderEliminarAbrç
Que maravilha, Teresa! Que linda história! Estamos necessitados de histórias que parecem anunciar uma desgraça mas que terminam com uma feliz surpresa, para variar! Quase que dá para acreditar que, se fecharmos os olhos e largarmos o volante, haveremos de ir ter ao sítio certo... Quase! =)
ResponderEliminarAs Lembranças, histórias fazem partes dos nossos destinos.
ResponderEliminarParabéns!!!
Uma participação bem legal...Gostei..
Nossos destinos foram traçados..Por isso, a Interação de Amigos esta´por aqui. Partticipando da coletiva fábrica das letras.
http://sandrarandrade7.blogspot.com.br/
Um grande abraço para ti...
Sandra