O Preto e a Branca
(Este texto é uma resposta ao desafio lançado pela Fábrica de Letras)
Era uma vez uma quinta onde viviam dois gatos: um grande gato preto, chamado, sem grande imaginação, Preto; e uma bela gata branca, chamada, imaginem se conseguirem, Branca. Eram casos raros na quinta, onde imperavam os castanhos, os vermelhos, os azuis e todos os tons de verde. Tal como acontece frequentemente com aqueles que não se conhecem, passavam um pelo outro de largo, com desconfiança, mirando-se como quem não está a olhar.
Um dia, encontraram-se em cima do telhado. Não havia muito por onde andar e tiveram de fazer conversa. “Olá! O meu nome é Preto!” adiantou o gato. “Preto como o carvão. E eu sou Branca como a farinha!” miou a gata. O gato encurvou os bigodes em sinal de interrogação e ela continuou: “Era uma poesia que o meu dono lia aos filhos, quando eles eram pequeninos.” O gato estendeu a enorme pata, enquanto preparava o seu discurso sedutor. “Branca como a farinha, como a luz da Lua, como as nuvens que correm no céu!”
Estava criado o clima para as confidências. Dali a pouco, trocavam desilusões e expectativas. “O meu pêlo é um horror, suja-se imenso!” lamentava-se a gata Branca. “Posso lambê-lo por si!” O gato Preto aproveitava a deixa. “E estou farta de tanta brancura. O que mais gosto em mim são as orelhas, porque são cor-de-rosa!” lamentava a Branca . “Nisso, eu compreendo-a, também estou cansado de ser tão preto. Imagine que há pessoas que fogem de mim, porque dizem que dou azar!” A gata indignou-se: “Que ignorantes!”
Palavra puxa miado, começou a surgir um plano. Se juntassem a brancura da gata Branca com o negrume do gato Preto, o que aconteceria? Na poesia, os gatinhos nasciam todos aos quadradinhos! Valia a pena experimentar!
Dito e feito! A noite estava boa e passaram rapidamente das palavras aos actos. E quando os gatinhos nasceram, não eram todos aos quadradinhos, mas sim dos mais belos e diversos cambiantes de cinzento.
"Se quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas onde não faltem animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim - suave e docemente - que se despertam consciências". (Jean de La Fontaine).
Não diz quem lançou a ideia - presumo que tenha sido o gato -, mas há desculpas piores para se conseguir o bem-bom... e desta vez parece que funcionou.
ResponderEliminarQue sejam felizes, os gatos... espertalhões!
Gostei do texto, e rematado com aquela citação ficou um mimo!
ResponderEliminar;)
Muito legal e criativo,Teresa!Como sempre!beijos,linda semana,chica
ResponderEliminarOlá, mais uma vez,
ResponderEliminarGostei do texto.
Penso não ser a tua intensão, cai hoje dia 16 de Novembro como a "Cereja no topo do Bolo".
E porquê perguntas ????
Vê o próximo comentário...
Até já....
Ok,
ResponderEliminarContinuando a saga comentarista, hoje dia 16 de Novembro, dizia eu é o Dia Internacional da Tolerância.
Descobri quando hoje vinha passeando de carro.
A história é também, além de uma história de amizade, uma história e um exemplo de tolerância.
Mas entre os "animais" não há intolerância.
Há sim a necessiddade instintyiva de defesa , na maior parte das vezes.
Já agora hoje também quem faz anos é outro escritor. JOSÉ SARAMAGO, que nasceu em 1922 na Azinhaga do Ribatejo.
Não sei é se é um exemplo de tolerância.
Um beijo,
Uuuuuuuh... gatos lascivos. Muito bom. =D
ResponderEliminarGostei especialmente do "Palavra puxa miado". ah ah ah
*
Que história ternurenta, Teresa. Linda, linda. Adorei.
ResponderEliminarBeijinhos
Olá Johnny
ResponderEliminarSinceramente, não sei se a ideia foi do gato, acho que houve ali uma vontade mútua, não é?
O que interessa é que se entenderam, apesar das diferenças.
Volte sempre. Bjs
Pepita de chocolate, Chica, Gingerbread Girl
ResponderEliminarObrigada pelos comentários. Sinceramente, achei que o tema se prestava a grandes textos dramalhudos e apeteceu-me aligeirar!
Bjs
Natália
ResponderEliminarComo também tenho uma gata, branca por sinal, só podia sair uma história com muita ternura.
Beijinho.
FAires
ResponderEliminarNão sabia que hoje se comemorava o Dia Internacional da Tolerância. Espero que os seres humanos, em muitas coisas, possam aprender com os animais.
Também acho que o Saramago, que eu até aprecio enquanto escritor (embora não esteja no meu rol de favoritos!), não é um exemplo de tolerância. Mas enfim, muitas vezes quem o critica também não é.
Bjs. Ainda bem que passaste por aqui.
Adorei este texto, lindos e fofos e espertalhões os gatitos!
ResponderEliminarBJ
Uma fábula terna e bem humorada. O narrador encaminha-nos com mestria e inteligência para a temática da intolerâncium universo de tolerância e compreensão mútuas. Fiquei a gostar mais de gatos!
ResponderEliminarLilá(s), Luis
ResponderEliminarAinda bem que, entre outras coisas, contribuí para se apreciarem mais os gatos, que são animais que eu adoro.
Bjs
Uma história de amor ou será de sedução? Bem entre gatos foi.
ResponderEliminarBrown Eyes
ResponderEliminarUma história de sedução entre aqueles que se acham diferentes. Talvez só uma fábula.
Bjs
Pra já pra já, tenho a dizer que adoro gatos, e é fácil até imaginar esse . . . namoro entre os dois, sim, até porque os gatos não olham a cores para namorar! Bem bom!
ResponderEliminarBeijinho
Olá outra vez Teresa, obrigada pela visita, venho até aqui pra lhe dizer que o post de participação na Fábrica, está aqui: http://meldevespas.blogs.sapo.pt/
ResponderEliminaré o meu outro blog, no Sapo.
Beijinho
P.S.-Respondi-lhe à sua visita lá a casa
Eu não acredito :))) Que coincidência mais deliciosa! Está lindo! Fez uma prosa como poema que eu citei hoje no comentário! Que lindo!!! Obrigado por me ter enviado aqui*
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