Bucólica
O meu post anterior, sobre as brincadeiras da infância, fez-me recordar muitas coisas. Por exemplo, lembrei-me de um livrinho de poemas que recebi como prémio escolar na minha 3.ª classe, portanto com 9 anos. Consegui descobrir esse livrinho e voltei a sentir a mesma emoção. É um livrinho pequeno, de 1965, com poemas de grandes autores portugueses, explicados em palavras simples, para serem entendidos por crianças de 9, 10 anos. Li-o e reli-o muitas vezes. Com ele, aprendi a amar o som, o ritmo das palavras, naquilo a que chamamos poesia. Com ele, conheci Luis de Camões e Fernando Pessoa, Sebastião da Gama e Teixeira de Pascoaes. Das poesias que então lia e amava, escolhi uma de Miguel Torga para partilhar aqui.
Bucólica
De grandes serras paradas
à espera de movimento;
de searas onduladas
pelo vento;
de casas de moradia
caiadas e com sinais
de ninhos que outrora havia
nos beirais.
De poeira;
de sombra duma figueira.
De ver esta maravilha:
meu pai a erguer uma videira
como uma mãe que faz a trança à filha.
(Miguel Torga)
A vida é feita de miudezas, coisas vulgares e, no entanto, cheias de significado. Não pode um homem estar erguendo uma videira com o amor, o cuidado, o jeito, com que uma mãe faz a trança a uma filha? Quantas coisas vulgares à nossa volta que, vistas com os olhos do amor ou da poesia, se tornam maravilhosas!
Tens coração de POETA, minha querida!
ResponderEliminarA beleza está na simplicidade das coisas, são estes pequenos nadas que são a nossa totalidade!
Obrigada pela partilha! É bom conhecer esse teu lado poético. Todos nós somos um pouco poetas...basta saber sentir estes pequenos nadas, captar pormenores que nem todos sabem ver.
Sente agora o meu abraço*
;-)
Fanny
Essas coisinhas tão simples, podem ser lindas e grandiosas poesias em nossas vidas...beijos,chica
ResponderEliminarSempre que nos reportamos a nossa infancia paira esse ar bucólico.E é agradável a sensação de paz, de boas lembranças.
ResponderEliminarAchei lindo o post de hoje, a poesia de Miguel Torga é perfeita , da casa de moradias a searas onduladas . E a imagem da videira com cores verdes fortes deu o tom . Merecemos um dia assim , de coisas bonitas e significativas.
Obrigada.
Abraços
Fanny, Chica, Lis
ResponderEliminarÀs vezes, é preciso parar e olhar para as coisas simples e pequenas. Obrigada.
Bjs
Como gosto de te visitar e de te ler. As tuas palavras tocam-me sempre.
ResponderEliminarPara mim, falar da infância é falar da fase mais feliz da minha vida. Porque estava com os meus pais e o meu irmão e depois, um dia, tudo mudou.
Tal como tu, também gosto de Miguel Torga, da beleza e da força da sua poesia.
Obrigada por seres como és.
Beijinhos e xi-corações.
Querida Natália
ResponderEliminarUma infância feliz é uma força que nos fica para a vida inteira. E Miguel Torga sabe falar dessas coisas simples, que suportam e dão sentido à nossa vida.
Um beijinho grande.
Gostei muito deste teu post. Gostei muito do poema de Miguel Torga. Por acaso tive a sorte de o conhecer pessoalmente, talvez por engano um dia em Coimbra.
ResponderEliminarUm beijo,
Olá, Teresa!
ResponderEliminarObrigada pela visita ao Coisas Banais. A propósito, muitas pessoas chamam-me Ana Sofia por engano, sendo que o meu real nome é Ana Filipa. Talvez eu transpareça sabedoria (Sofia), menos que apreciadora de cavalos (Filipa)!?
Realmente a melhor e maior realização que tenho é o Guilherme. O meu post não pretendia ser um "lamento" de falta de realizações.
Deixo o convite, então, para nova visita ao Coisas Banais, em especial amanhã, para que se possa ler mais sobre o assunto (quase em jeito de resposta ao comentário).
Até lá!
nao gostei :( presiso de ajuda pa um trab de pt AJUDA-ME PAH
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