As Meninas do Calendário
Provavelmente, a única vantagem de estar doente é poder ler ou ver televisão com descanso e tempo.
Ontem, dia internacional da Mulher, aconteceu, seguramente não por acaso, que passaram na televisão dois filmes muito interessantes e simbólicos da evolução da situação da mulher no último meio século.
Durante a tarde, a FoxMovies (passe a publicidade) ofereceu a quem o quis ver "O Relatório Kinsey", um filme muito menos polémico do que o livro que lhe deu origem. O Relatório Kinsey foi provavelmente o primeiro grande estudo científico sobre a sexualidade e os comportamentos sexuais humanos. Só por isso, já merecia destaque. Mas o professor Kinsey atreveu-se a dedicar todo um livro apenas à sexualidade feminina, tratando com objetividade e naturalidade temas tabus como o orgasmo ou a masturbação nas mulheres. Na época, gritou-se "Escândalo!" e foi acusado de faltar ao respeito à mulher americana, lançando sobre ela esse olhar. Mais tarde percebeu-se que quem não respeitava a mulher, eram aqueles que a consideravam simplesmente como uma procriadora ou o recetáculo do prazer masculino; havia que conhecer e dar lugar às necessidades e ao prazer feminino, também.
À noite, o canal Hollywood presenteou-nos com o filme de 2003 "Calendar Girls". Confesso que não conhecia e só fiquei a ver porque a atriz principal era a Helen Mirren, que eu aprecio imenso. Mas foi uma boa surpresa. O filme parte de uma história verídica. Em Yorkshire, Inglaterra, um grupo de senhoras respeitáveis, de meia-idade, pertencentes a um clube feminino ligado à igreja, resolve de repente fazer algo completamente inesperado: um calendário artístico, onde as estrelas que aparecem despidas são... elas próprias! O objetivo é angariar dinheiro para a unidade de tratamento da leucemia do hospital local, onde o marido de uma delas tinha morrido recentemente. Explorando com graça e leveza os problemas de aceitação das famílias, da comunidade, e até das próprias mulheres, o filme leva-nos a pôr muitas interrogações sobre a nossa relação com o corpo e sobre o que é artístico e o que não o é. Acima de tudo, mostra que uma mulher de meia-idade não tem de se contentar com a confeção de bolos ou de toalhas de renda; pode ainda assumir-se como um ícone de beleza e de desejo, tudo dependendo da forma como é olhada e da forma como ela se olha a si própria.
Parabéns a todas as mulheres pelo caminho já percorrido. Os parabéns não vêm atrasados. Se as mulheres quiserem, todos os dias são dias das mulheres.
Isso este ano está mesmo mau, Teresa! São uma atrás das outras!! Eu vou espreitando a programação da TV, enquanto faço testes e programo as aulinhas. Confesso que nc vi o "Relatório Kinsey", mas vou ainda vou ver se o apanho. Quanto ao "Calendar Girls", já o vi, há algum tempo. Um mimo, não é? Beijinho e as melhoras.
ResponderEliminarÉ verdade Ana. Este inverno tem sido terrível.
EliminarTambém achei um mimo, não conhecia o filme.
Obrigada e beijinhos.
Até que enfim...! um post edificante sobre as mulheres neste chamado "dia da Mulher",que eu odeio. =) Nada de paneleirices de "viva as mulheres giras que andam de saltos altos e conseguem controlar os 4 bicos do fogão simultaneamente... Já não há pachorra par este feminismo barato. Gostava muito de ter visto o Calendar Girls... Não me apercebi que estava a dar... =(
ResponderEliminarAh! As melhoras! =) um beijinho
ResponderEliminarObrigada Briseis
EliminarTambém não tenho paciência para esse tipo de visão da mulher, tipo anos 50, "trabalho fora, mas sou uma ótima cozinheira, sei tirar todas as nódoas, dou banho e conto as histórias aos filhos e ainda tenho sempre um sorriso para o marido!" Não temos de ser super-mulheres, nem devemos tentar sê-lo. Ser uma Mulher já é tarefa suficiente.
Beijinho.
Ha tempos também vi o Calendar Girls na TV, numa noite de insónia. Achei um filme interessante.
ResponderEliminarAs suas melhoras e bom fds.
Obrigada Carlos
EliminarTambém achei interessante, nunca tinha visto.
É verdade, Teresa...
ResponderEliminarTodos os dias são nossos, se vividos plenamente na grandeza que nos pertence.
Um beijinho e os meus votos de rápidas melhoras.
Obrigada Maria João
EliminarTodos os dias podem ser dias das mulheres, pois claro.
Bjs
As tuas melhoras.
ResponderEliminarEu sou daqueles que não comemoro o dia da Mulher; acho que é mais uma subalternização a que a Mulher é exposta.
Todos os dias são dias da Mulher. Pela mesma razão que não há um dia do Homem.
Sejamos coerentes e honremos a Mulher.
Obrigada João
EliminarEu percebo a ideia dos dias disto e daquilo, mas são tantos que se banalizou a intenção. Temos de nos respeitar uns aos outros todos os dias.
Bjs
Bonito texto... Feminino e sobretudo humano... Obrigado!
ResponderEliminarSim, humano. Se todos nos entendessemos dessa forma, não havia necessidade de dias disto ou daquilo.
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