Postal de Lisboa XV - Os Jardins da Gulbenkian
Corria o ano de 1942. A Segunda Guerra Mundial cobria toda a Europa de destruição e de morte. Toda? Não, num canto da Europa, esquecido do mundo, orgulhosamente só, um pequeno país mantinha-se fora do conflito – Portugal. Negociando com uns e com outros, acolhendo espiões e refugiados, racionando os bens essenciais, vendendo volfrâmio aos beligerantes, controlando a informação; mas em paz.
Calouste Sarkis Gulbenkian era um arménio rico, industrial, possuidor de poços de petróleo e de uma imensa colecção de arte. Aqui, encontrou refúgio para si próprio e para a sua colecção. Quando a guerra acabou, criou uma fundação para gerir as peças de arte que considerava como suas filhas, com uma parte dos lucros dos seus poços de petróleo. E a Fundação criou, no centro de Lisboa, no antigo Parque de Santa Gertrudes, um oásis de cultura e tranquilidade.
É um dos meus espaços preferidos, em Lisboa. O imenso jardim, de vegetação luxuriante, é fresco e acolhedor, mesmo nos dias mais quentes do ano. As peças de escultura espalham-se entre as veredas e os relvados. No grande lago central, os patos há muito que se habituaram à presença das pessoas. O edifício principal alberga a sede da Fundação e o corpo mais significativo da colecção de arte de Calouste Gulbenkian, que abrange vários períodos, da arte oriental ao Egipto antigo, da pintura europeia à joalharia. Passei muitos dias na biblioteca da Fundação, quando precisava de fazer trabalhos de História de Arte.
Num edifício mais recente, o Centro de Arte Moderna, moram alguns dos quadros dos meus pintores predilectos, como Almada Negreiros e Amadeu Souza-Cardoso. Ali vi e me fascinei, pela primeira vez, com algumas das suas obras.
Há sempre exposições interessantes, concertos, espectáculos variados que vão do jazz ao ballet clássico. A Fundação patrocina as artes e as ciências, concede Bolsas a jovens investigadores, promove a cultura.
No entanto, eu continuo a achar que a alma de todo o espaço está nos jardins. Ali, nada foi feito ao acaso, e todo o conjunto, edifícios e jardins circundantes, foi concebido para se integrarem harmoniosamente.
Há sempre muita gente nos jardins. Uns lêem, outros desenham, outros passeiam carrinhos de bebé. Há avós com netos. Mas, principalmente, há muitos jovens, nos banquinhos de pedra, nos relvados. Quando eu tinha a idade deles, vinha muitas vezes estudar para aqui. No caminho, comprava um saquinho com cerejas, ou um cartuxo de castanhas, conforme a época do ano, e deitava-me na relva, a comer e a estudar. Às vezes, a namorar.
Pelo que vejo, continua a ser bom namorar nos jardins da Gulbenkian.
(Fotografias de Teresa Ferreira)
Conheço muito bem os jardins da Gulbenkian!
ResponderEliminarTive uma relação privilegiada com o Arqto. Sommer Ribeiro, por ocasião da minha exposição na Fundação. Fui o primeiro português a expor lá!
Nos jardins, há umas peças da minha prima CLARA MENÉRES, escultora.
E conheci pessoalmente o Dr Azeredo Perdigão que foi inaugurar essa mesma exposição ao TECascais, já que foi apresentada em itinerância em vários locais (Porto, Vila Real, Funchal).
Nunca namorei nesses belos jardins...
Só com a Arte e coma Natureza!
Um beijo.
João
ResponderEliminarBem vindo de volta à blogosfera. Já tinha saudades suas.
Bem, tem realmente uma relação privilegiada com os jardins da Gulbenkian, que são belíssimos e recheados de obras de arte.
A minha relação é mais emocional :)
Bjs
Devem ser maravilhosos ao vivo e em cores, pois daqui já osão!beijos,chica
ResponderEliminarUm lindo post a revelar parte importante da história, e suas lindas lembranças pessoais. Fotos muito belas e convidativas.
ResponderEliminarComo você, Teresa, tenho um grande fascínio por jardins que circundam espaços que preservam a memória. Estudei em Petrópolis, e até hoje não esqueço meus passeios pelos jardins do Museu Imperial. Quando criança, deliciava-me por lá, imaginando-me em conversas com Pedro e sua família... Assim, com essa intimidade, ora veja!... Adolescente, sentava-me para ler, estudar, ou conversar com os amigos.
Bjs e inté!
Chica
ResponderEliminarSão lindos e tranquilos, sim.
Bjs
Ju
ResponderEliminarOs jardins são espaços importantes dentro das cidades, espaços de pausa, de natureza, por isso nos sentimos tão bem por lá.
Bjs
Quantas saudades senti ao ler o seu post. Há tanto tempo que não passeio por esses belos jardins. Que saudades tenho eu da minha antiga Lisboa...
ResponderEliminarBeijinhos doces, Ava.
É mesmo, Teresa.
ResponderEliminarA alma das cidades está nos seus espaços verdes, nos seus jardins, com este da Gulbenkian que bem conheço.
São os jardins que fazem das cidades criaturas de mente arejada, onde sentimos o prazer das coisas e das pessoas.
Tenho sorte. Contíguo à minha casa há um circuito de manutenção. Tão bem dele trata a autarquia, que hoje está feito num jardim por onde passeiam as famílias e brincam as crianças.
BJS
Como conheço bem os museus, a biblioteca, os jardins da Gulbenkian. Como poderia ser diferente? Estudei na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (UNL) que fica logo ali.
ResponderEliminarEstudei na biblioteca e nos jardins; vi as exposições de todos os museus; deitei-me na relva dos jardins ou sentei-me nos bancos de pedra; gostava de ler no anfiteatro exterior; fui ver exposições ao Centro de Arte Moderna; fui assistir a um bailado de Olga Roriz...
Quantos momentos bons a par de outros mais tristes e solitários. Era o meu refúgio quando queria estar a sós comigo.
Obrigada por esta viagem.
Beijos
Ava
ResponderEliminarTem uma boa solução, vir passear a Lisboa num qualquer fim de semana. Vale sempre a pena.
Bjs
Carlos
ResponderEliminarAcredito mesmo que os jardins têm um papel muito importante nas cidades, e não é apenas no aspecto ambiental.
Que sorte, ter um parque à porta!
Bjs
Natália
ResponderEliminarVejo que compreendes bem o meu fascínio por este espaço, também o viveste, nas suas múltiplas valências.
Bjs
VOLTEI PRA TE DESEJAR UM LINDO FIM DE SEMANA,BEIJOS,CHICA
ResponderEliminarÉ um pequeno mundo ali dentro. E que bem está no meio da cidade... para quem quiser se poder refugiar :)
ResponderEliminarGostei deste espaço. muito :)
Daniel
ResponderEliminarAinda bem que gostou dos espaços, dos jardins e deste meu espacinho de conversa :) Aqui, pode voltar sempre que quiser, é sempre bem vindo.
Bjs
Lembro-me de quando era mais nova, a minha mãe trabalhava no IPR em frente ao Curry Cabral e eu ia muito vezes para os jardins da Gulbenkian passear e fazer tempo. É realmente um mundo à parte. Fresco, inspirador e como dizes, perfeito para namorar. Obrigada por este regresso aos paraísos (lisboetas) da minha juventude.
ResponderEliminarUm beijinho :)
Helga
ResponderEliminarAfinal, és uma alentejana com muitas raízes lisboetas!
Bjs
Teresa, sou uma alentejana que deixou o Alentejo aos 6 anos e que a partir daí, só lá passava as férias de Verão. Mas deixei lá mais nesses curtos períodos de tempo, do que todo o tempo que vivi neste lado de cá do Tejo. Tenho muitas (e boas) recordações de Lisboa, mas o Alentejo é o meu berço, são as minhas raízes. De cada vez que lá volto, fica lá sempre um pouco de mim.
ResponderEliminarMas repito, foi muito bom recordar esta fase da minha vida em Lisboa, especialmente os maravilhosos jardins da Gulbenkian, onde aliás não vou faz algum tempo.
Um beijinho :)
Olá, Teresa
ResponderEliminarA minha faculdade era bem longe da FCG, mas não foi por isso q deixei de desfrutar daquele maravilhoso jardim. Agora q entraste para o famoso Fb, aconselho-te vivamente a "amigares-te" à Fundação. Assim vais recebendo notícias da Fundação e do seu CAM.
Bj
Toda a Gulbenkian, com relevo para os lindos jardins é ponto de referência, para mim e para toda agente que gosta da Cultura e da Beleza.
ResponderEliminarNão é que seja importante, mas também é interessante: No CAM, há um muito agradável restaurante, com pratos diferentes e a preços muito acessíveis...
Ana
ResponderEliminarAinda estou em processo de estudo do Fb. Talvez com o tempo :)
Bjs
Pinguim
ResponderEliminarTens razão, não falei do restaurante, nem do agradável bar com esplanada do edifício principal. Fica o acrescento.
Bjs