O poeta cauteleiro
(Estátua do poeta, em Loulé, junto ao café que costumava frequentar)
Se fosse vivo, faria hoje anos, muitos anos, o poeta popular António Aleixo. É um pretexto tão bom como qualquer outro para o lembrar.
Foi uma personagem singular da nossa literatura. Nascido em Vila Real de Santo António em 1899, não era um homem de letras, pelo contrário, era semi-analfabeto. Toda a vida foi uma pessoa simples mas com uma personalidade rica. Foi tecelão, servente de pedreiro, e por fim cauteleiro. Emigrou para França, regressou a Portugal. E é toda essa experiência de vida que ele reflecte nas suas quadras.
Andou de feira em feira a cantar as suas rimas, cheias de ironia, crítica social, mas também uma filosofia "aprendida na impiedosa escola da vida", como ele próprio dizia.
Morreu de tuberculose, em Loulé, em 1949. A sua vasta obra foi sendo compilada por amigos e ficou como um modelo da nossa poesia popular.
O ano de 2010 é o Ano Internacional da Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social. É uma boa ocasião para recordar o que António Aleixo cantava.
Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.
Pois é, Teresa
ResponderEliminarGeralmente não olhamos à nossa volta, queixamo-nos de "barriga cheia", não é?
Bj
Linda amostra do canto do poeta...Um beijo, boa noite,chica
ResponderEliminarAna
ResponderEliminarÉ a nossa tendência normal, de seres humanos. Às vezes é bom pôr as coisas em perspectiva.
Bjs
Olá Teresa.
ResponderEliminarA sua homenagem de hoje, a um poeta popular, muito querido de um familiar meu, o meu avô.
Lia e relia o seus versos, do seu livro,
" Este Livro que vos Deixo".
Também, os pronunciava oralmente, vezes sem conta.
A sabedoria popular , mas de uma grande profundidade.
Como lembrança desses momentos, vou escrever um verso, muitas vezes declamado, pelo meu avô.
Uma mosca sem valor
poisa, c'o a mesma alegria,
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria
António Aleixo
Devo confessar, que ao ler o seu post de hoje, trouxe-me recordações.
Bj
Chica
ResponderEliminarÉ um poeta popular, como vocês também têm aí no Brasil, aqueles poetas do sertão, não é?
Bjs
Maré Alta
ResponderEliminarObrigada pelo comentário, que tão bem completou o meu post de hoje.
Acho que todos temos na memória quadras do António Aleixo.
Bjs
Há muito tempo, logo no começo da parte desaparecida do meu blog, fiz uma entrada sobre este singular poeta português.
ResponderEliminarDesconhecia a existência desta sua estátua em Loulé.
Bela homenagem.
Pinguim
ResponderEliminarÉ mesmo um singular poeta. Vale a pena recordá-lo.
Bjs
É sempre ocasião para recordar António Aleixo.
ResponderEliminarA quadra transcrita está aqui colocada, neste ano 2010, com todo o a propósito!
Foi bom ter olhado hoje pelos seus "óculos".
Bjs
Interessantíssimo essas expressões populares, principalmente com seus regionalismos...
ResponderEliminarMas, o que é cauteleiro?
Rsrsrsrs
Shisuii
Shisuii
ResponderEliminarCauteleiro é o que vende cautelas, isto é, bilhetes para um sorteio, tipo loto, aqui à escala nacional.
Bjs
Carlos
ResponderEliminarTambém me pareceu que vinha a propósito.
Bjs
Olá Teresa,
ResponderEliminarAndando à procura do seu post com os Caretos, deparei-me com este fenómeno da poesia portuguesa: António Aleixo.
Não me lembraria do aniversário, muito embora eu tivesse 'postado' algo sobre ele, ilustrando c/a mesma foto que a Teresa usou!
Teremos mesmo, coisas em comum? Achei isto giríssimo!!
Gostava que fosse ao m/ post «Saudando Loulé... Rimei para Aleixo!» [texto de 29 de Dezembro p.p.], para ler uma 'experiência' que fiz em verso e, humildemente, atrevi-me a publicar.
O início do post não passa de cópia da Wikipédia!
Fiz de propósito porque, as pessoas por curiosidade, carregando nos links iam construindo uma ideia sobre o Poeta, as regiões onde viveu e o 'modus vivendi'!
Foi a 'desculpa', para colar a isto os meus versozinhos!
O título é: "POEMA A ALEIXO"
Em nome da cultura popular, tenho a agradecer-lhe o ter-se lembrado de Aleixo, homenageando-o tão bem com o fez neste seu post.
Nota:
Quem havia de dizer, que para além das ocupações que refere, também foi agente de polícia!?
Só a terá dignificado e, enquanto lá serviu, muito terá apreendido no contacto humano [...]
Obrigado pela atenção
e,
Cumprimentos
César Ramos
César
ResponderEliminarPois lá irei, com certeza, ver o seu post, António Aleixo merece esta atenção que lhe dedicamos.
É verdade, também foi agente da polícia, mas creio que foi como cauteleiro, pelas feiras e mercados, que acabou a sua vida. Todas as profissões são honradas. Ou não. Depende do que nós fazemos delas.
Bjs
É uma homenagem bem merecida,e é na verdade um bom pretexto para recordar os nossos poetas.
ResponderEliminarBjs
Oi Teresa
ResponderEliminarQue bonito exemplo de vida simples e bem vivida. Vendia e escrevia sonhos .Vou procurar ler mais sobre o poeta cauteleiro, seus versos parecem ligados ao cotidiano da vida mais sofrida.
obrigada pela partilha.
abraços
- Temos exemplos de inteligência popular que é algo de incomparável!
ResponderEliminarNão vou lembrar o Bandarra (pois nunca se esquece), mas falar de um lisboeta - sem a profundidade de Aleixo, bem entendido - que tinha uma facilidade enorme de dialogar em verso com as pessoas com quem lidava no dia a dia: era o Carlos dos Jornais.
Eis um improviso ao atender uma cliente:
Seja bem-vinda a Menina
Acabada de entrar
Com essa carinha linda
Ilumina o meu olhar!
E era assim deste jeito a toda a hora!
Lembrei-me de dizer mais isto, pois tive vontade de aqui voltar...
Até breve
Boa noite
César Ramos
É um poeta do qual também gostamos muito! Parabéns ao poeta!
ResponderEliminarBjs
António Aleixo dizia verdades com um toque de poesia.
ResponderEliminarLilá(s)
ResponderEliminarQualquer pretexto é bom para recordar um poeta, não é?
Bjs
Lis
ResponderEliminarÉ isso mesmo, as suas rimas reflectem a vida das pessoas simples, a filosofia popular. Fico contente de te dar a conhecer outras facetas da cultura portuguesa, menos sofisticada, mas nem por isso menos verdadeira.
Bjs
César
ResponderEliminarPois, é verdade, as trovas do Bandarra; influenciaram até o Padre António Vieira. O Carlos dos Jornais não conhecia, mas esses versinhos, assim espontâneos, são deliciosos.
Bjs
Há.dias.assim
ResponderEliminarOu fazia poesia com um toque de verdade.
Bjs
Vagamundos
ResponderEliminarÉ isso, vamos dar os parabéns ao poeta!
Bjs